Com projeções climáticas que indicam uma tendência de fortalecimento do fenômeno La Niña a partir do trimestre Julho, Agosto, Setembro, com probabilidade superior a 60% (figura 1), algumas doenças favorecidas pelas condições de La Niña necessitam de maior cuidado.

Figura 1. Previsão oficial probabilística ENSO do CPC (emitidas em junho de 2024).
Fonte: IRI (2024)

Uma dessas doenças é o oídio, causado pelo fungo Blumeria graminis f. sp. tritici. A doença tem seu desenvolvimento favorecido por temperaturas amenas (entre 15°C a 20°C) e clima seco (ausência de água livre na folha). Em condições favoráveis, um ciclo completo da doença pode ocorrer em 5 dias, o inóculo se mantem viável na entressafra em plantas voluntárias de trigo e resíduos culturais, o que contribui para o estabelecimento da doença ainda no período inicial da lavoura de trigo (Santana et al., 2012).

Figura 2.  Ciclo de vida de Blumeria graminis f. sp. tritici (agente causal de oídio em trigo).
Adaptado de Salgado; Paul (2016), apud. Costamilan (2020)
Danos

Os danos variam em função da suscetibilidade da cultivar  e período em que infecta a planta, no entanto, perdas de 10% a 62% podem ser observadas. Na média dos anos, as perdas ficam em torno de 5% a 8%, além disso, a doença reduz em 7,5% o conteúdo de amido e de proteína dos grãos, afetando principalmente componentes de produtividade como número de espigas por área e o número e tamanho de grãos por espiga (Costamilan, 2020).


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Manejo

Considerando que o patógeno sobrevive em plantas voluntárias e resíduos culturais, o manejo do oídio (figura 3) deve ser intensificado, principalmente em áreas de trigo sobre trigo, em que a pressão de inóculo é grande. Nesse sentido, sob condições de La Niña, cujos reflexos resultam na redução das precipitações no Sul do Brasil, o tratamento de sementes e o controle químico do oídio são indispensáveis para a manutenção da sanidade das plantas.

Figura 3. Oídio em trigo.
Foto: Dirceu Gassen

Além do oídio, é comum observar a ocorrência de manchas foliares no início do desenvolvimento do trigo, especialmente em áreas de trigo sobre trigo, uma vez que, a maioria dos patógenos causadores das manchas foliares são fungos necrotróficos (sobrevivem nos resíduos culturais). Isso torna indispensável o tratamento de sementes com fungicidas específicos.


Veja mais: Eficiência de fungicidas para controle de oídio em trigo


A atenção deve ser redobrada com o uso de sementes salvas. Em função da elevada pressão de doenças na safra passada, é possível que as sementes salvas estejam infectadas com patógenos, prejudicando o estabelecimento inicial do trigo. Nesse contexto, o tratamento de sementes com fungicidas é obrigatório.

Confira abaixo as dicas do pesquisador Carlos Pizolotto.


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Referências:

COSTAMILAN, L. M. OÍDIO: Blumeria graminis f. sp. Tritici. Principais doenças do trigo no sul do Brasil: diagnóstico e manejo. Embrapa, Circular Técnica, n. 375, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1129989/principais-doencas-do-trigo-no-sul-do-brasil-diagnostico-e-manejo >, acesso em: 01/07/2024.

IRI. PREVISÃO ENSO. Columbia Climate School: International Research institute For Climate and Society, 2024. Disponível em: < https://iri.columbia.edu/our-expertise/climate/forecasts/enso/current/?enso_tab=enso-cpc_plume >, acesso em: 01/07/2024.

SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 01/07/2024.

 

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