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O que é deterioração por umidade e como interfere na qualidade das sementes de soja?

A produção de sementes de soja difere da produção de grãos, principalmente pela maior exigência no manejo fitossanitário e nutricional. Em lavouras destinadas a produção de sementes, é essencial que os tratos culturais permitam a manutenção da qualidade genética, fisiológica, física e sanitária das sementes, evitando a mistura varietal e a interferência de estresses bióticos causados pela incidência de pragas, doenças e plantas daninhas.

O criterioso manejo das lavouras de sementes é essencial para garantir os padrões mínimos que classificam a soja como semente, diferindo de grão. A Instrução Normativa n° 45 de 17 de setembro de 2013 estabelece os padrões de identidade e qualidade para a produção de comercialização de sementes de soja. Nela, fica estabelecido que, para sementes classificadas como C1, C2, S1 e S2, deve-se haver níveis mínimos de 99% de pureza e 80% de germinação.

Logo, deve-se adotar um rigoroso manejo fitossanitário e nutricional para que os níveis mínimos estabelecidos pela Instrução Normativa n° 45 de 2013 sejam obtidos na produção de sementes. Sobretudo, além das práticas e tratos culturais envolvidos durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, é essencial atentar para o momento da colheita visando reduzir os danos em sementes de soja.

Um dos principais fatores responsáveis por reduzir a qualidade das sementes de soja na pré-colheita é a deterioração por umidade. A deterioração por umidade é resultante principalmente de três processos: alterações físicas, alterações fisiológicas e alterações causadas por fungos. Na pré-colheita da soja, a deterioração por umidade decorrente de alterações físicas é uma das principais causas da redução da qualidade das sementes.

As alterações físicas que causam deterioração por umidade são consequência do processo de hidratação e desidratação da soja, através da exposição das sementes a ciclos alternados de elevada e baixa umidade, seja pela ocorrência de chuvas ou pela flutuação da umidade relativa do ar. Como principais consequências, tem-se o “enrugamento” das sementes na região oposta ao hilo, que pode resultar na ruptura do tegumento e abertura e microfissuras nas sementes, o que acelera a deterioração das sementes, além de servir como porta de entrada para patógenos.

Figura 1. Processo de alterações físicas, devido à oscilação do teor de água da semente de soja em função das condições de umidade ambiental, que resultam no aparecimento de rugas na semente de soja, características da deterioração por umidade.
Esquema: José de Barros França-Neto; arte: Danilo Estevão.

Atrelado às condições de hidratação e desidratação das sementes, elevadas temperaturas podem acelerar a deterioração das sementes no campo. Concomitantemente com o processo de alterações físicas, as alterações fisiológicas resultam em severa degradação dos principais componentes da soja que são lipídios e proteínas, na degradação de membranas celulares e de organelas subcelulares, interagindo com processos oxidativos, resultando em reduções de germinação e do vigor (França-Neto et al., 2016).



Além das consequências diretas na qualidade da semente, a deterioração por umidade pode resultar em maior índice de danos mecânicos na colheita, uma vez que semente deteriorada é extremamente vulnerável aos impactos mecânicos.  Vale destacar que a deterioração por umidade é o dano que mais evolui durante o armazenamento das sementes. A semente que sofreu chuvas em pré-colheita e apresenta esse tipo de dano, perderá a sua germinação e o seu vigor em índices acentuados durante a armazenagem, devido principalmente à evolução dos índices desse tipo de dano (França-Neto et al., 2016).

Figura 2. Evolução do dano de deterioração por umidade na classe 3, conforme determinado pelo teste de tetrazólio, em lotes de alto e baixo vigor de sementes de soja da cultivar Embrapa 48, armazenadas em armazém não refrigerado na região de Mandaguari, PR, pelo período de 225 dias.
Fonte: Moreano et al. (2011), apud. França-Neto et al. (2016)

Sendo assim, a colheita da soja no momento adequado é imprescindível para assegurar a manutenção da qualidade das sementes produzidas. O atraso da colheita implica na redução da qualidade fisiológica e física das sementes, afetando principalmente germinação e vigor. Normalmente, as sementes são colhidas quando atingida umidade ao redor ou abaixo de 15%, durante o processo de secagem natural no campo (França-Neto et al., 2016). Assim como no manejo da cultura, a colheita requer alguns cuidados para garantir a qualidade das sementes de soja, sendo a umidade das sementes, um dos critérios mais importantes para definir o ponto de colheita.


Veja mais: Quais critérios observar para definir a necessidade de dessecar a soja para colheita?



Referências:

FRANÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIAS DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151223/1/Documentos-380-OL1.pdf >, acesso em: 21/02/2024.

MAPA. INSTRUÇÃO NORMATIVA MAPA 45/2013. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2013. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/sementes-e-mudas/publicacoes-sementes-e-mudas/copy_of_INN45de17desetembrode2013.pdf >, acesso em: 21/02/2024.

Equipe Mais Soja
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