A calagem do solo é uma prática fundamental para adequar os níveis de pH do solo, alterando a dinâmica da disponibilidade de nutrientes no solo, possibilitando o bom crescimento e desenvolvimento vegetal. Em outras palavras, possibilita ajustar o pH do solo para faixas consideradas ideais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, refletindo em boas produtividades das culturas agrícolas.

Uma das principais e mais utilizadas formas de se realizar a correção do pH do solo, é por meio da calagem, empregando corretivos da acidez, sendo um dos mais conhecidos, o calcário agrícola. Conforme destacado por Oliveira Junior et al. (2020), para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a quantidade de corretivo indicada para a elevação do pH em água do solo a 5,5 ou 6,0 é determinada com base no valor do índice SMP do solo, sendo as doses, estabelecidas para a camada de 0 cm – 20 cm e para calcários com valor de PRNT de 100%, logo, o ajuste da dose é necessário se tratando de corretivos com PRNT menor que 100%.

O que é PRNT?

O PRNT de um corretivo agrícola está intimamente ligado à sua qualidade, sendo definido como o “Poder Relativo de Neutralização Total”. O PRNT é uma medida da qualidade dos corretivos, o qual é avaliado pelo valor de neutralização e pelo tamanho das partículas. Assim, quanto maior o PRNT, melhor a qualidade do calcário e, consequentemente, mais rápida é a reação no solo (Embrapa).

Tendo em vista que as recomendações de calagem são embasadas em corretivos com PRNT de 100%, a dose aplicada para correção do solo deve ser ajustada, com base no PRNT do corretivo utilizado, seguindo a metodologia a seguir, em que:

Quantidade a ser aplicada (t ha-1) = recom. de calcário (t ha-1) x 100/PRNT do calcário.

(Embrapa)

Com base na legislação vigente, o PRNT de um corretivo agrícola deve ser calculado da seguinte forma:

PRNT (%) = PN x RE/(100), onde:

I – Poder de neutralização (PN), determinado de acordo com o método analítico oficial; e

II – Reatividade das partículas (RE), calculada de acordo com os seguintes critérios:

  1. a) reatividade zero para a fração retida na peneira ABNT nº 10;
  2. b) reatividade 20% (vinte por cento) para a fração que passa na peneira ABNT nº 10 e fica retida na peneira ABNT nº 20;
  3. c) reatividade 60% (sessenta por cento) para a fração que passa na peneira ABNT nº 20 e fica retida na peneira ABNT nº 50; e
  4. d) reatividade 100% (cem por cento) para a fração que passa na peneira ABNT nº 50 (Diário Oficial da União, n. 132, 2006).


O poder de neutralização (PN) pode ser compreendido como a capacidade potencial total de bases neutralizantes contidas em corretivo de acidez, expressa em equivalente de Carbonato de Cálcio puro (% E CaCO3); já a reatividade das partículas (RE) refere-se ao valor que expressa o percentual (%) do corretivo que reage no solo no prazo de 3 (três) meses (Diário Oficial da União, n. 132, 2006).

Quanto aos valores de (PN), soma dos óxidos (%CaO + %MgO) e PRNT, a legislação vigente estabelece valores mínimos de garantia para a maior parte dos corretivos agrícolas, sendo esses, apresentados na tabela 1.

Tabela 1. Valores mínimos de (PN), soma dos óxidos (%CaO + %MgO) e PRNT estabelecidos para corretivos de acidez.

Fonte: (Diário Oficial da União, n. 132, 2006)

 Deve-se atentar para a aquisição de corretivos agrícolas com o mínimo de valor de (PN), soma dos óxidos (%CaO + %MgO) e PRNT estabelecidos pela legislação, dando preferencia para corretivos de maior valor de PRNT. Logo, além das recomendações técnicas para a cultura, a correção da acidez do solo deve levar em consideração do PRNT do corretivo agrícola, ajustando a dose sempre que necessário, e, lembrando que as recomendações são baseadas em 100% de PRNT.


Veja mais: Qual o intervalo entre calagem e semeadura?



Referências:

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. INSTRUÇÃO NORMATIVA SDA Nº 35, DE 4 DE JULHO DE 2006, n. 132, 2006. Disponível em: < https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/fertilizantes/legislacao/in-35-de-4-7-2006-corretivos.pdf >, acesso em: 27/04/2022.

EMBRAPA. CALAGEM. Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Disponível em: < https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/ameixa/arvore/CONT000gix2jq9402wx5ok05vadr14mgndf9.html >, acesso em: 27/04/2022.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Tecnologias de Produção de Soja, Cap. 7, Embrapa, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 27/04/2022.

Foto de Capa: Adriano Fernandes

Acompanhe nosso site, siga nossas mídias sociais (SiteFacebookInstagramLinkedinCanal no YouTube)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.