O manejo e controle das plantas daninhas em culturas agrícolas é essencial para reduzir as perdas por matocompetição, além de reduzir a incidência das pragas e doenças que se hospedam em determinadas plantas, tanto no período de safra quanto entressafra. Embora atualmente o controle químico com o emprego de herbicidas seja o método mais empregado para o controle de plantas daninhas em culturas anuais, visando a sustentabilidade da lavoura e o manejo da resistência de plantas daninhas a herbicidas, outras ferramentas como o controle físico e cultural podem atuar beneficamente no manejo de plantas daninhas.
Algumas espécies potencialmente competitivas apresentam algumas particularidades que possibilitam o uso de ferramentas complementares a herbicidas no controle de plantas daninhas. Uma dessas particularidades é a sensibilidade de algumas sementes a luz para germinar, ou fotoblastismo como é tecnicamente conhecida.
Essa característica possibilita o emprego da palhada em superfície do solo, como ferramenta de manejo, reduzindo os fluxos de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas, contribuindo também para a sustentabilidade e manutenção do sistema plantio direto. Conforme observado por Yamashita & Guimarães (2011), as sementes de C. canadensis e C. bonariensis (plantas daninhas preocupantes) germinam apenas na presença de luz, logo, a manutenção da boa cobertura do solo é uma importantes estratégia de manejo.
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Além de atuar como uma barreira física, restringindo a chegada de luz às sementes presentes no banco de sementes do solo, se tratando de algumas espécies, a palhada residual pode conter substancias alelopáticas que afetam a germinação de sementes de plantas daninhas, reduzindo os fluxos de emergência de algumas espécies. O efeito alelopático exercido pela palhada residual depende entre outros fatores, da espécie vegetal, quantidade da palhada e condições ambientais. Algumas espécies apresentam maior aptidão para suprimir a germinação de plantas daninhas, contribuindo significativamente para o manejo e controle dessas plantas.
Uma das espécies mais conhecidas que apresenta esse efeito alelopático sobre plantas daninhas é o azevém (Lilium multiflorum), espécie amplamente difundida na região Sul do Brasil, utilizada como planta de cobertura e/ou cultura forrageira em muitas ocasiões. Sobretudo, embora apresente elevada aptidão para atuar na supressão de espécies de plantas daninhas, o azevém é conhecido por sua habilidade de ressemeadura natural, o que contribuir para que essa planta também exerça papel de planta daninha, especialmente em culturas de inverno.
Além disso, o azevém é conhecido por apresentar resistência a determinados herbicidas, fato que dificulta o manejo eficiente dessa planta. Contudo, quando cultivado corretamente, tanto azevém como as demais culturas que apresenta certo efeito alelopático podem contribuir significativamente para o manejo sustentável de plantas daninhas. Entretanto, cabe destacar que embora a alelopatia apresente potencial no manejo de plantas daninhas, são necessários estudos adicionais para comprovar sua importância em condições de campo (Martin, 2022).
Confira abaixo algumas culturas, cuja palhada apresenta aptidão para atuar na supressão de plantas daninhas.
Tabela 1. Supressão relativa de plantas daninhas na cultura da soja por resíduos de culturas mantidos na superfície do solo.
Referências:
MARTIN, T. N. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SNATA CATARINA, SAFRAS 2022/2023 E 2023/2024. Editora GR, Santa Maria, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1lKQ3TVyZpKwIuWd9VbFHAyhDRKn0itT0/view >, acesso em: 12/01/2023.
YAMASHITA, O.M.; GUIMARÃES, S.C. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Conyza canadensis E Conyza bonariensis EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURA E LUMINOSIDADE. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 29, n. 2, p. 333-342, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/4tfpXDcshgRdVWj5d4DpxVt/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 12/01/2023.
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