A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda, é considerada a mais importante praga da cultura do milho no Brasil (Figura 1). Entretanto, a espécie vem causando também grandes danos à cultura da soja. Por muito tempo considerada praga secundária na cultura, S. frugiperda vem ganhando importância devido à sua agressividade, potencial de dano e difícil manejo.
Figura 1. Spodoptera frugiperda em milho.
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As espécies do gênero Spodoptera estão distribuídas em diversas partes do mundo, com destaque para as regiões mais quentes da América, Ásia e África. Dentre as 30 espécies descritas, pelo menos 15 são consideradas pragas de culturas de importância econômica (POGUE, 2002 apud BARROS et.al., 2010). Entre elas está S. frugiperda, uma espécie polífaga e em crescente ocorrência devido às condições climáticas favoráveis, uso excessivo e inadequado de inseticidas, e, principalmente, a sucessão de culturas que aumentam a disponibilidade anual de alimento, o que favorece o desenvolvimento do inseto (SOARES & VIEIRA, 1998; SANTOS et al., 2004).
No Brasil, S. frugiperda é encontrada em todas as regiões, apresentado ocorrências e prejuízos em diferentes fases de desenvolvimento das culturas agrícolas. As condições climáticas ideais para o seu desenvolvimento são períodos secos, temperaturas diurnas elevadas e temperaturas noturnas amenas. Os primeiros sintomas de ataque são raspagens nas folhas, que podem evoluir para lesões maiores, chegando ao perfuramento total do tecido vegetal.
A incidência de S. frugiperda na soja pode ocorrer durante todo o ciclo de desenvolvimento da cultura. A praga pode ser encontrada logo após a germinação da soja se alimentando das plantas recém emergidas, resultando em tombamento ou corte de plantas. O ataque em plantas de soja no estágio V2 pode ocasionar desfolha e prejudica o desenvolvimento posterior. Já em plantas mais desenvolvidas, o ataque da lagarta resulta em desfolha intensa, destruição de botões florais e ataque de vagens, reduzindo drasticamente a produtividade de grãos.
O ciclo de vida de S. frugiperda apresenta quatro fases distintas de desenvolvimento, sendo estas: ovos, lagartas, pupas e adultos. Os danos econômicos na cultura da soja são ocasionados pelas lagartas, enquanto os adultos realizam as posturas e, consequentemente, disseminam a praga pelas lavouras (Figura 2).
Figura 2. Ciclo de vida Spodoptera frugiperda.
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Entre as estratégias disponíveis para o controle de S. frugiperda em soja, destacam-se os métodos de controle químico e biológico, este com a adoção de diferentes inimigos naturais, como o parasitoide de ovos Trichogramma e o Baculovírus indicado para controle de lagartas. A associação destes dois inimigos naturais no controle da praga pode elevar a eficiência e sustentabilidade do manejo integrado de S. frugiperda nas culturas da soja e do milho.
Elaboração: Solange Andressa Figur, estudante do Curso de Agronomia na UFSM e membro do grupo Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
Referências Bibliográficas
TAVARES, M. Manejo integrado de spodoptera frugiperda no milho. 20 de set. de 2019. Disponível em: https://www.promip.agr.br/o-manejo-integrado-da-spodoptera-frugiperda-no-milho/
SOUZA, M. A.; et al. Aspectos biológicos de Anticarsia gemmatalis e Spodoptera frugiperda sob diferentes temperaturas na cultura da soja. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/88289/1/aspectos-biologicos-de-anticarsia-gemmatalis-e-spodoptera-frugiperda-sob-diferentes-temperaturas-na-cultura-da-soja.pdf
FIGUEIREDO, M. L. C, CRUAZ, I., DELLA LUCIA, T. M. C. Controle integrado de Spodoptera frugiperda (smith & abbott) utilizando-se o parasitóide Telenomus remus Nixon. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100204X1999001100001&script=sci_arttext&tlng=pt
Foto de capa: Promip