A colheita da soja é um dos momentos mais aguardados do ciclo produtivo da cultura. Embora seja a última etapa do cultivo, é uma prática determinante para a manutenção da produtividade alcançada e da qualidade dos grãos.
Ainda que todos os cuidados sejam tomados para a prática da colheita da soja, é comum que perdas de colheita sejam observadas. De acordo com os padrões internacionais, considera-se aceitável uma perda de colheita na soja de até 1 sc ha⁻¹ (60 kg ha⁻¹) (Embrapa). Perdas acima desse limite exigem ajustes na colhedora e/ou no processo de colheita.
Para evitar perdas superiores a tolerável, é importante atentar para o ponto de colheita da soja. O ponto de colheita influencia diretamente na redução de perdas produtivas e danos mecânicos. A recomendação é realizar a colheita quando a umidade das sementes/grãos estiver entre 13% e 15%, faixa considerada segura para minimizar danos mecânicos causados pela colhedora. Quando o teor de umidade ultrapassar 18% ou fica abaixo de 13%, os danos aos grãos tendem a aumentar (Aguila; Aguila; Theisen, 2011).
Além do ponto de colheita, é fundamental considerar aspectos operacionais, como a regulagem da colhedora e a condução do processo. Máquinas mal ajustadas podem ocasionar perdas significativas na produtividade da soja. Apesar dos avanços na engenharia e do desenvolvimento de equipamentos modernos, ainda ocorrem perdas durante a colheita.
De acordo com Bandeira (2017), o aumento da velocidade de colheita é um dos principais fatores que contribuem para o crescimento das perdas. Além da velocidade de deslocamento da colhedora, é importante ressaltar que as maiores perdas de produtividade na colheita da soja ocorrem no sistema de corte e alimentação, e não no sistema de trilha. O sistema de corte é composto pela barra de corte, molinete, condutor helicoidal (também conhecido como sem-fim ou caracol) e esteira alimentadora (Silveira & Conte, 2013).
No sistema de corte e alimentação da colhedora, os principais ajustes são a rotação, a posição do molinete e a velocidade de trabalho da colhedora. A velocidade periférica do molinete deve ser um pouco superior à da colhedora e que o mesmo opere com seu eixo central um pouco a frente da barra de corte (de 15 a 30 cm, Figura 1), de modo que os pentes do molinete toquem o terço superior das plantas (Silveira & Conte, 2013).
Figura 1. Sistema de corte e alimentação de colhedoras de grãos.

Vale destacar que reduzir as perdas na colheita da soja é essencial não apenas para manter a produtividade da cultura, mas também para o manejo eficiente de pragas e doenças. As sementes perdidas durante a colheita, quando expostas a condições favoráveis de temperatura e umidade, germinam e originam plantas voluntárias (guaxas). Essas plantas permanecem na área, atuando como uma ponte verde para a sobrevivência de pragas e patógenos, especialmente os biotróficos, aumentando os riscos fitossanitários na lavoura.
Confira abaixo possíveis problemas durante o processo de colheita da soja e prováveis causas e soluções.
Tabela 1. Principais problemas observados na colheita mecanizada de soja, suas possíveis causas e as soluções recomendadas para a diminuição das perdas/desperdícios de grãos e a conservação do equipamento de colheita.

Veja mais: Como avaliar as perdas de colheita em soja?
Referências:
AGUILA, L. S. H.; AGUILA, J. S.; THEISEN, G. PERDAS NA COLHEITA NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 271, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/79567/1/comunicado-271.pdf >, acesso em: 26/02/2024.
BANDEIRA, G. J. PERDAS NA COLHEITA DA SOJA EM DIFERENTES VELOCIDADES DE DESLOCAMENTO DA COLHEDORA. Universidade Federal da Fronteira Sul, Trabalho de Conclusão de Curso, 2017. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/bitstream/prefix/1895/1/BANDEIRA.pdf >, acesso em: 03/03/2023.
EMBRAPA. COPO MEDIDOR PARA A DETERMINAÇÃO DA PERDA E DO DESPERDÍCIO DE GRÃOS NA COLHEITA MECANIZADA DE SOJA. Embrapa, Soluções Tecnológicas. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/93/copo-medidor-para-a-determinacao-da-perda-e-do-desperdicio-de-graos-na-colheita-mecanizada-de-soja >, acesso em: 26/02/2024.
SILVEIRA, J. M.; CONTE, O. DETERMINAÇÃO DE PERDAS NA COLHEITA DE SOJA: COPO MEDIDOR DA EMBRAPA. Embrapa, 2013. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/97495/1/Manual-Copo-Medidor-baixa-completo.pdf >, acesso em: 26/02/2024.