As cotações do trigo, em Chicago, continuaram recuando em boa parte desta semana. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, chegou a US$ 7,57 no dia 29/11, valor mais baixo desde o dia 19 de agosto passado. O fechamento da quinta-feira (01/12) acabou ficando em US$ 7,58/bushel, contra US$ 7,93 uma semana antes.
Há trigo barato na Rússia e outras regiões do Mar Negro, aumentando a pressão sobre o produto dos EUA. Além disso, houve chuvas nas regiões produtoras do trigo de inverno estadunidense, fato que teria melhorado as condições de plantio do produto, o qual se aproxima do final.
Já na União Europeia, o trigo macio tem sua produção estimada em 127 milhões de toneladas para 2022/23, enquanto as exportações foram reduzidas para 34 milhões de toneladas.
Ainda nos EUA, os embarques de trigo, na semana encerrada em 24/11, atingiram a 198.519 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No total do ano comercial atual o volume chega a 10,5 milhões de toneladas, ou seja, um pouco menor do que o realizado em igual período do ano anterior.
Por sua vez, diante das atribulações existentes no mercado mundial de trigo, especialmente devido ao conflito armado entre Rússia e Ucrânia, o mercado vem dando mais atenção à produção da Índia. Neste sentido, os indianos teriam semeado 15,3 milhões de hectares com o cereal, desde outubro, aumentando a área em 11% em relação ao ano anterior, segundo o governo local. Por enquanto, com o clima ajudando, a projeção é de uma safra cheia naquele país (103 milhões de toneladas para 2022/23). Os preços do cereal subiram 33% neste ano de 2022, atingindo a US$ 355,19/tonelada. Para efeitos de comparação, a partir da média atual gaúcha e o câmbio brasileiro, a tonelada paga ao produtor do Rio Grande do Sul está em US$ 288,78, ou seja, 18,7% abaixo do valor pago na Índia. A colheita neste país se inicia em março próximo.
Já no Brasil, a colheita do trigo está ao redor de 80% da área total, enquanto os preços se estabilizaram. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 90,10/saco. Todavia, as principais praças gaúchas, pela primeira vez depois de muito tempo, estão praticando preços abaixo de R$ 90,00/saco, mais especificamente R$ 88,00 nesta semana. Esse movimento era previsto diante da grande safra que o Estado vem colhendo. Enquanto isso, no Paraná os preços se estabeleceram entre 97,00 e 98,00/saco.
Em termos de colheita, no Paraná a mesma atingia a 98% da área no dia 28/11. Por sua vez, no Rio Grande do Sul a colheita chegava a 78% da área, contra 97% na média histórica nesta data. (cf. Deral e Emater)
Enfim, em seu levantamento de novembro, a Conab indica que a área com trigo no Brasil cresceu 11,4%, chegando a 3,05 milhões de hectares. A produtividade média esperada é de 3.114 quilos/hectare (51,9 sacos/hectare), o que representa um aumento de 11,1% sobre a safra anterior. Com isso, a produção final brasileira continua estimada em 9,5 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 23,7% sobre a safra anterior. Assim mesmo o Brasil deverá importar 6,1 milhões de toneladas do cereal, no atual ano comercial, enquanto as exportações poderão chegar a 2,7 milhões. O consumo interno brasileiro de trigo está calculado em 12,3 milhões de toneladas.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).