Os percevejos barriga-verde,  anteriormente conhecidos como Dichelops furcatus e Dichelops melacanthus, são as espécies mais comuns nas lavouras de trigo. Esses percevejos causam danos significativos à cultura, o que torna necessário adotar estratégias de manejo que permitam o controle eficiente da praga.

Infestações de D. furcatus, no período de emborrachamento do trigo, podem ocasionar redução de altura da planta, desenvolvimento atrofiado e aparecimento de espigas deformadas e brancas (espigas sem grãos ou com formação parcial de grãos) (Cunha & Caierão, 2023).

Embora os maiores danos em decorrência da praga sejam observados durante o período do emborrachamento do trigo, a praga pode estar presente desde a implantação da cultura. Por ser uma praga comum também em culturas de verão como soja e milho, falhas de manejo do final do ciclo dessas culturas podem resultar em elevadas populações do percevejo na cultura sucessora.

Como em muito sistemas de produção o trigo sucede a soja e/ou o milho safra ou safrinha, a presença do percevejo barriga-verde na implantação da cultura do trigo infelizmente é uma realidade vivenciada por inúmeros produtores. Os resíduos culturas provenientes das culturas de verão, servem como abrigo para os percevejos, que se adaptam nessas condições.

Nessas condições, a palhada residual serve como abrigo para populações hibernantes (Figura 1 A). Além de abrigo, sementes caídas no solo servem de alimento (Figura 1 B). Adicionalmente, a introdução de cultivo intensivo, cultura após cultura de forma continuada tem favorecido esses insetos (Panizzi et al., 2015), contribuindo para a manutenção das populações dos percevejos.



Figura 1. D. furcatus no solo abrigando-se em restos culturais (A); D. melacanthus alimentando-se em semente de soja caída no solo (B).

Visando reduzir as populações do percevejo no sistema soja/trigo ou milho/trigo, o monitoramento da praga é essencial na pré e pós-semeadura do trigo. A identificação dos pontos de infestação permite adotar medidas pontuais, com maior eficiência de controle. O uso generalizado de inseticida em restos culturais tem baixíssima eficiência no controle dos percevejos, pois o inseticida atinge menos que 1% da população (Panizzi et al., 2015), sendo, portanto, uma prática pouco eficaz.

O tratamento de sementes de trigo com inseticidas registrados para a cultura e praga é uma prática essencial para o controle inicial dos percevejos em trigo. Além disso, o monitoramento periódico da lavoura é fundamental para definir os níveis de controle da praga.

Conforme orientações de manejo, os percevejos barriga-verde devem ser controlados no trigo quando atingidos os níveis de ação apresentados na tabela 1. Em suma, pode-se dizer que em muitas ocasiões o percevejo barriga-verde já esta presente no estabelecimento do trigo, sendo necessário atentar para a presença de praga, intensificando o monitoramento no estabelecimento da lavoura.

Tabela 1. Monitoramento e critérios para tomada de decisão no controle de percevejos barriga-verde em trigo.
Fonte: Cunha & Caierão (2023)

Veja mais: Percevejo barriga-verde em trigo – ocorrência, danos e controle



Referências:

CUNHA, G. R.; CAIERÃO, E. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2023. Embrapa, Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2023. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoestecnicastrigotriticalesafra2023-1683736866.pdf >, acesso em: 17/04/2024.

PANIZZI, A. R. et al. MANEJO INTEGRADO DOS PERCEVEJOS BARRIGA-VERDE, Dichelops spp. EM TRIGO. Embrapa Trigo, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126856/1/FL-08528.pdf >, acesso em: 17/04/2024.

Foto de capa: Jonas Dahmer

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