Conhecido popularmente como percevejo-marrom, o percevejo Euschistus herosé considerado uma das principais pragas da soja, especialmente no Sul do Brasil onde as condições edafoclimáticas favorecem o seu desenvolvimento. Os danos em decorrência da incidência do percevejo-marrom, podem ser tanto quantitativos quanto qualitativos. Além de reduzir a produtividade da soja, os percevejos podem reduzir significativamente a qualidade fisiológica das sementes, afetando principalmente, germinação e vigor.
Embora não seja o percevejo com maior capacidade em causar danos, principalmente por não possuir a maior capacidade em causar danos em profundidades nas sementes de soja (figura 1), sob elevadas densidades populacionais, o percevejo-marrom ainda pode causar significativas perdas produtivas.
Figura 1. Profundidade de danos dos principais percevejos em soja.
Figura 2. Potencial de danos diários das principais espécies de percevejo em soja.
Embora o percevejo-marrom possa ser observado nas diferentes fases do desenvolvimento da soja, é durante o período do enchimento de grãos que a praga causa os maiores danos à cultura. Por ser um período de rápido acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos (Tagliapietra et al., 2022), o período do enchimento de grãos é considerada a fase mais sensível da soja ao ataque de percevejos (fase crítica).
Figura 3. Período crítico da ocorrência de percevejos em soja.
A praga apresenta ciclo de vida relativamente curto, contudo, vale destacar que a duração desse ciclo varia em função das condições de temperatura do ambiente. Em média o adulto apresenta longevidade de 80 dias, podendo variar para mais ou para menos. Além disso, a praga apresenta curto período de duração dos estádios ninfais, o que demonstra um rápido desenvolvimento. Sendo assim, o manejo ineficiente do percevejo-marrom pode resultar em aumentos significativos das populações dessa praga na lavoura.
Figura 4. Duração em dias das fases de desenvolvimento do percevejo-marrom (Euschistus heros).
Visando controlar adequadamente o percevejo-marrom em soja, além de definir o inseticida adequado (tabela 2), é essencial atentar para o monitoramento das áreas de cultivo. O nível de ação para o controle dos percevejos em soja varia principalmente em função da finalidade da lavoura. Lavoura destinadas à produção de sementes requerem um maior cuidado com relação ao manejo de percevejos para que a qualidade fisiológica das sementes não seja afetada. Sendo assim, define-se um nível de ação menor para o controle dos percevejos (tabela 1).
Tabela 1. Nível de ação para percevejos em soja.
Além de monitorar atentamente a lavoura, principalmente durante o período crítico da interferência dos percevejos em soja, é fundamental utilizar inseticidas que apresentam controle eficiente dessas pragas. O IRAC-BR destaca que atualmente, há quatro modos de ação de inseticidas registrados para o controle do percevejo-marrom em soja, contemplando os subgrupos Carbosulfano, Organofosforados, Fenilpirazois, Piretroides e Piretrinas, Neonicotinoides e Sulfoxaminas (tabela 2).
Tabela 2. Inseticidas agrupados pelo modo de ação, com registro no Ministério da Agricultura e Pecuária, para o controle de percevejos (Euschistus heros).
Visando o manejo da resistência do percevejo-marrom em soja, bem como o controle eficiente dessa praga, é essencial rotacionar mecanismos de ação de inseticidas, evitando repetir aplicações do mesmo produto em sequência. Além disso, é importante atentar para a tecnologia de aplicação e período de aplicação. Ao que indica a pesquisa, Independentemente do produto utilizado, melhores índices de controle do percevejo-marrom são observados quando as pulverizações de inseticidas são realizadas durante o início da manhã, sendo, portanto, recomendado que a aplicação dos inseticidas visando o controle desse percevejo seja realizado durante esse período (IRAC-BR).
Veja mais: Percevejos no sistema soja-milho – Cuidados com a praga no estabelecimento do milho
Referências:
IRAC. MANEJO DA RESISTÊNICA DO PERCEVEJO-MARROM A INSETICIDAS. Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas Brasil. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/6c1e70_23289b96aa09446f8e8a4091352aecaf.pdf >, acesso em: 09/02/2024.
ROGGIA, S. et al. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 9. Embrapa, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 09/02/2024.
TAGLIAPIETRA, E. L.et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.