Das pragas mais comuns encontradas nas lavouras de soja, os percevejos ganham destaque por provocarem danos qualitativos e quantitativos nos grãos e sementes produzidas. Dentre a vasta variedade de espécies, o percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii) se destaca por sua elevada capacidade em causar danos na cultura da soja.
Figura 1. Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).
Com relação aos danos quantitativos ocasionados pela praga, Corrêa-Ferreira & Azevedo (2002) destacam que um percevejo pode causar uma perda de 0,21 g.dia-1, perda superior a causada pelos percevejos marrom (Euschistus heros) e percevejo-verde (Nezara viridula) que é de 0,08 e 0,16 g.dia-1 respectivamente.
Passando para a dimensão de um hectare, sob densidades populacionais de 1 percevejo.m-1, para uma soja cultivada sob espaçamento entre linhas de 0,45m, tem-se uma perda de produtividade por dia de aproximadamente 4,67 kg.ha-1 , ou uma saca de perda a cada 12,8 dias.
Tendo em vista o elevado potencial do percevejo-verde-pequeno em causar danos, é essencial conhecer a praga a fim da melhor determinação de medidas de controle visando reduzir a interferência desse percevejo na qualidade e produtividade da soja produzida.
Segundo Panizzi; Bueno; Silva (2012), o adulto do percevejo-verde-pequeno mede aproximadamente 9 mm de comprimento, sendo predominantemente verde claro, com uma lista transversal de coloração marrom-avermelhada na parte dorsal do tórax, próximo a cabeça. Seus ovos apresentam coloração preta, sendo observados em média de 11 a 15 ovos por postura. As ninfas recém-eclodidas medem aproximadamente 1 mm de comprimento, apresentando coloração preta e avermelhada. Ninfas de 2° a 5° instar medem aproximadamente 2,3; 2,6; 4,6 e 7,8 mm. A medida que o percevejo evolui em seu ciclo, sua atividade alimentar aumenta.
Figura 2. Percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii, adulto (a), ovos (b), ninfa de primeiro (c) e quinto ínstar (d).
O ciclo de desenvolvimento do percevejo-verde-pequeno pode ser observado na figura 3.
Figura 3. Ciclo de desenvolvimento do Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii).
Os danos qualitativos ocasionados pela praga são mais preocupantes quando o objetivo é a produção de sementes, sendo que a principal consequência é a depreciação das sementes, reduzindo atributos fisiológicos tais como germinação e vigor. Visualmente, o teste de tretazólio pode auxiliar na observação dos danos ocasionados por percevejos na soja.
Figura 4. Lesões típicas resultante dos danos ocasionados por percevejos em soja. Sementes submetidas ao teste de tetrazólio.
Embora em tese os percevejos não provoquem danos econômicos para a cultura da soja em seu período vegetativo, o manejo dessas pragas tem início ainda nos períodos entressafra e implantação da cultura. Segundo Panizzi; Bueno; Silva (2012) uma variedade de plantas daninhas e comerciais podem servir como hospedeiras do percevejo-verde-pequeno, dentre elas, feijão, alfafa, o nabo-forrageiro (Raphanus sativus L) e espécies de planas daninhas que crescem próximas as áreas de soja e pastagens. Dessa forma, fica evidente a importância do controle de plantas daninhas para a redução da densidade populacional do percevejo-verde-pequeno.
Ainda que não sejam observados danos significativos durante o período vegetativo da soja, o percevejo pode servir como vetor de doenças virais para a cultura, além disso, o monitoramento da praga durante esse período pode auxiliar na determinação de práticas de manejo e controle posteriormente no período reprodutivo da soja, onde maiores danos são observados decorrentes do ataque da praga.
Tendo em vista a importância da praga frente a seus danos, deve-se atentar para o monitoramento e controle do percevejo-verde-pequeno quando atingidos os níveis de ação para a praga. Com relação ao controle, para maior eficiência deve-se priorizar os estádios iniciais da praga, atuando de forma efetiva, utilizando produtos registrados para a cultura e seguindo recomendações técnicas.
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Referências:
CORRÊA‐FERREIRA, B. S.; DE AZEVEDO, J. SOYBEAN SEED DAMAGE BY DIFFERENT SPECIES OF STINK BUGS. Agricultural and Forest Entomology, v. 4, n. 2, p. 145-150, 2002.
FRANÇA-NETO, J. B.; Krzyzanowski, F. C. METODOLOGIA DO TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 406, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/193315/1/Doc-406-OL.pdf >, acesso em: 08/01/2021.
PANIZZI, A. R.; BUENO, A.; SILVA, F. A. C. SOJA: MANEJO INTEGRADO DE INSETOS E OUTROS ARTRÓPODES-PRAGA. Cap. 5, 2012. Disponível em: < http://www.cnpso.embrapa.br/artropodes/Capitulo5.pdf >, acesso em: 08/01/2021.