O picão-preto é uma preocupante planta daninha que vem ganhando espaço nas lavouras brasileiras. As principais espécies são a Bidens pilosa  e a Bidens subalternans. Através de algumas características, é possível diferenciar as espécies no campo, entretanto, vale destacar que independente da espécie, ambas as plantas de picão-preto possuem elevada habilidade competitiva, o que torna necessário o controle dessa daninha.

Danos do Picão-preto em soja

Os danos variam em função da densidade populacional da planta daninha e do estádio em que infestam a soja. Avaliando a interferência do picão-preto e da guanxuma na produtividade da soja, Rizzardi et al. (2003), observaram que, dependendo da densidade populacional de picão-preto, as perdas de produtividade em soja podem chagar a 58% (figura 1).


Veja Mais: Picão-preto – identificação das espécies e resistência a herbicidas


Figura 1. Perdas de rendimento de grãos de soja em função de densidade de plantas de picão–preto.
Fonte: Rizzardi et al. (2003)
Casos de resistência e falhas de controle  

Com rápido crescimento e desenvolvimento, o picão-preto se estabelece com facilidade em meio as culturas agrícolas. O controle durante o desenvolvimento inicial dessa planta daninha é essencial para assegurar um manejo eficiente.

Infelizmente tem sido comum observar plantas remanescentes em meio a cultura da soja, em parte, resultante do controle em período inadequado, e em parte, resultante de biótipos resistentes a herbicidas, o que dificulta ainda mais o controle pós-emergente do picão-preto. Para a espécies B. subalternans, três dos quatro casos relatados de resistência a herbicidas no mundo foram registrados no Brasil.

Essa espécie apresenta resistência múltipla aos herbicidas inibidores da ALS e FSII, e resistência simples ao glifosato (Inibidor da EPSPs) e a inibidores da ALS. Já a espécie Bidens pilosa, apresenta relato de casos de resistência a inibidores da ALS, resistência múltipla a inibidores da ALS e herbicidas inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema II (FSII), e mais recentemente resistência a inibidores da PROTOX (Heap, 2024).


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Tabela 1. Evolução dos casos de resistência de picão-preto no Brasil.
Fonte: HRAC-BR
Estratégias de manejo

Em muitos casos, as falhas de controle estão associadas a resistência das populações aos herbicidas. Uma alternativa para reduzir a densidade populacional do picão-preto é trabalhar com a redução dos fluxos de emergência dessa planta daninha, através do controle pré-emergente, atuando no banco de sementes do solo. De acordo com a Fundação ABC (2023), para o controle do banco de sementes do picão-preto, uma alternativa é o uso do herbicida Clomazone em áreas onde herbicidas inibidores da ALS, como Imazetaphyr, não apresentam eficácia (Costa, 2024).

Considerando dificuldades para o controle em pós-emergência da soja, utilizando o  Glifosato, uma alternativa de manejo é utilizar herbicidas inibidores da PROTOX, como Fomesafem. No entanto, nesses casos é indispensável atentar para o estádio de desenvolvimento das plantas daninhas,   sendo essencial que a planta seja controlada nos estádios iniciais do seu desenvolvimento, entre 2 e 4 folhas de tamanho para um controle eficiente.

Vale destacar que ao trabalhar com herbicidas na pós-emergência da soja, é essencial seguir as orientações técnicas pré-estabelecidas pelo fabricante para evitar efeitos fitotóxicos à cultura, atuando dentro das recomendações técnicas para a soja. Consulte um(a) engenheiro(a) Agrônomo(a).

Referências:

COSTA, V. O.  PICÃO-PRETO: CARACTERÍSTICAS, CASOS DE RESISTÊNCIA, OCORRÊNCIA DE ESCAPES E ESTRATÉGIAS DE MANEJO DA ESPÉCIE. Mais Soja, 2024. Disponível em: < https://maissoja.com.br/picao-preto-caracteristicas-casos-de-resistencia-ocorrencia-de-escapes-e-estrategias-de-manejo-da-especie/ >, acesso em: 04/06/2024.

FUNDAÇÃO ABC. PICÃO-PRETO, DIFERENÇA ENTRE ESPÉCIES E RESISTÊNCIA A GLYPHOSATE. Fundação ABC, 2023. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/2023/11/30/picao-preto-diferenca-entre-especies-e-resistencia-a-glyphosate/ >, acesso em: 04/06/2024.

HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 04/06/2024.

HRAC. Bidens subalternans E Bidens pilosa. Comitê de Ação a Resistencia aos Herbicidas – HRAC, 2022. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/bidens-subalternans-e-bidens-pilosa >, acesso em: 04/06/2024.

RIZZARDI, M. A. et al. PERDAS DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA CAUSADAS POR INTERFERÊNCIA DE PICÃO-PRETO E GUANXUMA. Ciência Rural, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/LFwJKQSSzmkZZRxZwfNgHJx/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 04/06/2024.

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