No sistema plantio direto, em especial nas regiões onde as condições climáticas permitem o cultivo do milho segunda safra (safrinha) após a soja, uma praga é fonte de preocupação para os agricultores. O percevejo barriga-verde, espécies (Diceraeus furcatus e Diceraeus melacanthus), é comumente observado nas lavouras de soja durante o final do ciclo da cultura, sobrevivendo durante o período entressafra nos resíduos culturais, atacando o milho em sucessão.

Figura 1. Monitoramento e período crítico de interferência de Diceraeus furcatus e Diceraeus melacanthus no milho safrinha.
Fonte: Madaloz & Policena (2020)

Os maiores danos em decorrência da praga são observados no início do desenvolvimento do milho, período esse compreendido como período crítico para o controle do percevejo barriga-verde.

Período crítico

Por coincidência, o período crítico da presença do barriga-verde em milho é similar ao período crítico para a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), que vai da emergência do milho até aproximadamente V5 (VE a V5). Normalmente, esse período varia da emergência até aproximadamente 28 dias, ou seja, as primeiras quatro semanas do desenvolvimento do milho são cruciais para o monitoramento e controle do percevejo barriga verde.

Danos

Os danos variam em função da densidade populacional dos percevejos e período em que acomete o milho. Segundo Chiaradia; Nesi; Ribeiro (2016), o aumento do nível populacional do percevejo barriga-verde ocasiona crescimento linear no número de plantas sintomáticas e redução significativa na produtividade (figura 2). Conforme observado pelos autores, sob densidades populacionais de 7,25 percevejos m-2 a redução da produtividade do milho pode chegar a 50%.


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Figura 2. Produtividade do milho (kg ha-1) em função de diferentes níveis populacionais de Diceraeus furcatus.
Fonte: Chiaradia; Nesi; Ribeiro (2016)
Sintomas

Dependendo da idade da plântula e da intensidade de infestação o dano desse percevejo pode causar desde sintomas leves como perfurações nas folhas, como promover alterações fisiológicas, prejudicando o vigor e até causar a morte das plântulas, reduzindo o stand das lavouras (Corrêa-Ferreira; Sosa-Gómez., 2017).

Normalmente, a maioria das injurias em decorrência do ataque dos percevejos é observada após a ocorrência da praga, nos estádios mais avançados do desenvolvimento do milho, no entanto, dependendo da intensidade da injúria, a capacidade de recuperação da planta pode ficar limitada.

Figura 3. Escala de notas de injúrias do percevejo barriga-verde. * Maior certeza de recuperação dos danos ocorre quando se tem chuvas regulares e adubação nitrogenada complementa.
Fonte: Bianco (2016).

Nesse sentido, o monitoramento das áreas agrícolas é indispensável para reduzir os danos à produtividade. Embora o tratamento de sementes seja uma alternativa eficaz para o controle inicial do percevejo barriga-verde em milho (Fernandes; Ávila; Silva., 2019), sobe elevadas densidades populacionais o controle químico via pulverização pode ser necessário. Para tanto, deve-se considerar os níveis de ação para o controle de praga de 0,8 percevejo m-2 durante o período crítico (Duarte et al., 2015).

Para o controle químico via pulverização, em condições de alta infestação da praga, recomenda-se utilizar inseticidas que associem efeito de choque e ação sistêmica. As misturas formuladas de piretroides + neonicotinoides disponíveis no mercado, como beta-ciflutrina + imidacloprido, lambda-cialotrina + tiametoxam e cipermetrina + tiametoxam, cumprem essa finalidade ao combinar diferentes modos de ação em um mesmo produto (Pozebon, 2023).


Veja mais: Controle do percevejo barriga-verde em milho


Referências:

BIANCO, R. MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa – IAPAR, 2016. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355291/19411096/Rodolfo+Bianco+-+MIP+Milho_24nov2016+Passo+Fundo.pdf/86102b0b-67b7-491f-9048-e6525303840d?version=1.0 >, acesso em: 20/08/2024.

CHIARADIA, L. A.; NESI, C. N.; RIBEIRO, L. P. NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE, Dichelops furcatus (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae), EM MILHO. Agropecu. Catarin., 2016. Disponível em: < https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/rac/article/view/93/29 >, acesso em: 20/08/2024.

CORRÊA-FERREIRA, B. S.; SOSA-GÓMEZ, D. R. PERCEVEJOS E O SISTEMA DE PRODUÇÃO SOJA-MILHO. Embrapa Soja, Documentos, n. 267, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/171684/1/Doc-397-OL.pdf >, acesso em: 20/08/2024.

DUARTE, M. M. et al. DANOS E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DO PERCEVEJO BARRIGA VERDE NA CULTURA DO MILHO. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, v.14, n.3, p. 291-299, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/146048/1/Trabalho-na-RBMS-Nevel-de-Dano-de-Dichelops-em-Milho-1.pdf >, acesso em: 20/08/2024.

FERNANDES, P. H. R.; ÁVILA, C. J.; SILVA, I. F. CONTROLE DO PERCEVEJO Dichelops melacanthus POR MEIO DE INSETICIDAS APLICADOS NAS SEMENTES DE MILHO. Embrapa Agropecuária Oeste, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, 82. Dourados – MS, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202048/1/BP-82-2019-CREBIO.pdf >, acesso em: 20/08/2024.

MADALOZ, J. C; POLICERA, A. 3 ESTRATÉGIAS DE MANEJO PARA CONTROLE DE PERCEVEJOS NAS CULTURAS DO MILHO E DA SOJA. Blog Agronegócio em Foco. Disponível em: < http://www.pioneersementes.com.br/blog/176/3-estrategias-de-manejo-para-o-controle-de-percevejos-nas-culturas-do-milho-e-da-soja > acesso em: 20/08/2024.

POZEBON, H. PERCEVEJO BARRIGA-VERDE EM TRIGO: OCORRÊNCIA, DANOS E CONTROLE. Mais Soja, 2023. Disponível em: < https://maissoja.com.br/percevejo-barriga-verde-em-trigo-ocorrencia-danos-e-controle/ >, acesso em: 20/08/2024.

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