O PIB do agronegócio brasileiro registrou alta de 1,2% em fevereiro, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Com isso, a elevação no acumulado do ano é de 2,42%.
Segundo pesquisadores do Cepea, pela ótica dos segmentos, o PIB do setor tem sido impulsionado principalmente pelo primário (ou “dentro da porteira”), que cresceu 3,86% no acumulado do bimestre. A agroindústria e os agrosserviços também tiveram alta, com redução do PIB apenas para o segmento de insumos. Pela perspectiva dos ramos, tanto o agrícola quanto o pecuário acumularam crescimentos no período, com destaque para o pecuário, com 4,61%.
No caso do ramo pecuário, os resultados ainda não contemplam dados relativos a volume de produção da maior parte das atividades, e, desse modo, o bom desempenho retratado reflete o comportamento dos preços, que foi favorável às cadeias pecuárias na comparação entre os primeiros bimestres de 2019 e de 2020.
Em partes, o elevado patamar de preços nos primeiros meses de 2020 refletiu um efeito inercial da forte elevação verificada ao longo de 2019, resultado da demanda internacional aquecida pelas carnes bovina e suína e do consequente aumento no preço doméstico de proteínas substitutas, como a carne de frango e os ovos.
Para o ramo agrícola, o crescimento de 1,33% no bimestre refletiu sobretudo a alta do PIB do segmento primário, de 3,92%. Para esse segmento, considerando a média ponderada das diversas culturas acompanhadas, espera-se aumento de 3,57% na produção. Além da bienalidade positiva para o café, a Conab aponta que a safra de grãos deverá ser recorde, mesmo com os problemas climáticos no Rio Grande do Sul e com a pandemia da covid-19.
Somado ao incremento de produção, o PIB também tem sido impulsionado por preços favoráveis: o preço médio das culturas acompanhadas subiu 6,59% na comparação entre os primeiros bimestres de 2019 e de 2020. No caso dos preços, a elevação foi influenciada pelos comportamentos das cotações de café, soja, milho e arroz.
Coronavírus
Esse relatório considera nos cálculos do PIB as previsões mais recentes para as safras agrícolas e as informações de preços e produção industrial observadas até fevereiro de 2020. Por isso, os efeitos da chegada do coronavírus no Brasil ainda não estão contemplados nos cálculos. No próximo relatório, os primeiros efeitos da covid-19 sobre o PIB do agronegócio passarão a ser incorporados.
Fonte: Cepea