O controle de plantas daninhas é uma pratica essencial no cultivo da soja assim como demais cultivos agrícolas. A competição entre plantas daninhas e cultivadas pode resultar em perdas significativas de produtividade e também na alteração de características morfológicas das plantas.
Além da buva (Conyza spp.) e do capim-amargos (Digitaria insularis), outras plantas daninhas podem exercer influência negativa sobre a produtividade da soja, sendo duas delas o picão-preto (Bidens pilosa) e a guanxuma (Sida rhombifolia). Essa plantas daninhas podem ser encontradas com facilidade em lavouras comerciais.
Segundo Lourenzi (2014), o picão-preto é uma planta anual, herbácea, de altura média variando entre 40 e 120. A planta apresenta alta capacidade de dispersão sementes, quando maduras as sementes podem ficar aderidas a pelagem de animais, humanos ou demais agentes dispersores, podendo ser carregadas por quilômetros de distância.
Figura 1. Pacão-preto (Bidens pilosa).

Já a guanxuma, Lourenzi (2014) descreve como sendo uma planta anual ou perene de caule ereto, cuja altura varia de 30 a 80cm. A planta apresenta alta adaptabilidade a ambientes de cultivo, se desenvolvendo bem até mesmo em solos compactados, além disso possui uma dispersão de sementes facilitada, liberando sementes do fruto quando maduras.
Figura 2. Guanxuma (Sida rhombifolia).

Conforme observado por Rizzardi et al. (2003), avaliando as perdas de rendimento de grãos de soja causadas por interferência de picão-preto e guanxuma, as perdas de produtividade da soja não seguem uma tendência linear quando relacionadas a densidade populacional das plantas daninhas, entretanto, as perdas de produtividade tendem a ser consideráveis em maiores populações das plantas daninhas.
Figura. 3. Perdas de rendimento de grãos de soja em função de densidade de plantas de picão – preto, em Eldorado do Sul–RS.

Figura 4. Perdas de rendimento de grãos de soja em função de densidade de plantas de guanxuma, em 2000/01, EEA/UFRGS, Eldorado do Sul–RS.

O aumento na densidade de plantas de picão-preto causou maior percentual de perdas no rendimento de grãos da soja do que o decorrente do incremento na densidade de guanxuma. As perdas máximas de rendimento foram de aproximadamente, 58% e 14% para picão-preto e guanxuma, respectivamente (Rizzardi et al., 2003).
Além da interferência na produtividade da soja observada por Rizzard et al. (2003), Fleck et al. (2004) avaliando a influência da densidade populacional de picão-preto e guanxuma e das épocas de suas emergências em relação a emergência da soja com as interferências na cultura, observaram que o picão-preto desempenha maior interferência na cultura da soja que a guanxuma. Além disso, os autores concluem que a época de emergência das plantas daninhas com relação a soja modifica as relações de competição entre ambas as plantas e que por mais que a soja apresente capacidade competitiva, a o atraso da emergência da cultura em comparação a emergência das plantas daninhas implica em maiores interferências negativas na cultura da soja, sendo uma das principais características afetadas o acumulo de massa seca da soja.
Com base nos aspectos observados, é possível concluir que assim como a buva e o capim-amargoso, se manejado inadequadamente o picão-preto pode acarretar em perdas de produtividade significativas para a cultura da soja. Sendo assim, o controle do picão-preto e da guanxuma são fundamentais para evitar o aumento populacional dessas plantas daninhas e consequentemente o impacto negativo na produtividade da soja.
Veja também: Perdas por matocompetição em soja: o caso da buva e do amargoso
Referências:
FLECK, N. G. et al. INTERFERÊNCIA DE PICÃO-PRETO E GUANXUMA COM A SOJA: EFEITOS DA DENSIDADE DE PLANTAS E ÉPOCA RELATIVA DE EMERGÊNCIA. Ciência Rural, v.34, n.1, jan-fev, 2004.
LORENZI, H. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS: PLANTIO DIRETO E CONVENSIONAL. Instituto Plantarum, 2014.
RIZZARDI, M. A. PERDAS DE RENDIMENTO DE GRÃOS DE SOJA CAUSADAS POR INTERFERÊNCIA DE PICÃO-PRETO E GUANXUMA. Ciência Rural, v. 33, n. 4, jul-ago, 2003.