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Plantas de cobertura: Benefícios que vão além da ciclagem de nutrientes

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25 de março de 2022

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O sistema plantio direto (SPD), baseia-se em premissas como o não revolvimento do solo, sua cobertura permanente e a rotação de culturas. Sendo assim para um sistema produtivo e sustentável, além das culturas de interesse econômico, é necessário inserir culturas que contribuam para manutenção do sistema produtivo e sustentabilidade da atividade agrícola.

Normalmente, culturas de verão como soja e milho são carro chefe de muitas propriedades agrícolas produtoras de grãos, entretanto, além da exploração dessas culturas, é necessário analisar o sistema como um todo, visando inserir culturas durante o período entressafra para garantir a manutenção do SPD e também a rentabilidade dessas culturas.

Além das culturas de interesse econômico, culturas de cobertura exercem importante papel no SPD. O cultivo de plantas de cobertura possibilita o maior uso da terra e cobertura do solo, reduzindo a erosão superficial do solo causada por chuvas torrenciais, além de limitar o crescimento e desenvolvimento de plantas daninhas, quando comparado ao pousio, suprimindo os fluxos de emergência de plantas fotoblásticas positivas pelo sombreamento imposto pela cobertura do solo.

Figura 1. Cobertura do solo pelo dossel vegetativo (%) em função dos dias após a emergência, em diferentes tratamentos.

As barras verticais representam a diferença mínima significativa das médias dos tratamentos em cada época de avaliação, pelo teste de Tukey (p<0,05). Fonte: Wolschick et al. (2016)

Além disso, plantas de cobertura exercem importante papel na melhoria de atributos físicos, químicos e biológicos do solo, contribuindo inclusive para o aumento da produtividade de culturas em sucessão. É comum observar a formação de galerias no solo ou até mesmo uma redução da sua resistência a penetração após o cultivo de plantas de cobertura como o nabo-forrageiro, possibilitando melhor ambiente para o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular das plantas em sucessão, e também maior infiltração de água no solo.

Além disso, em virtude da diversidade de exsudatos liberados por diferentes plantas de cobertura, a rotação de culturas utilizando essas plantas contribui inclusive para o aumento da fauna edáfica e microbiana do solo. Não menos importante, assim como culturas de interesse econômico, as plantas de cobertura acumulam nutrientes em sua biomassa, os quais serão liberados ao solo para a cultura sucessora, em uma taxa de decomposição e mineralização dependente da relação C/N da planta de cobertura.

Tabela 1. Acúmulo (kg ha^-1) de nutrientes na parte aérea e nas raízes de diferentes plantas de cobertura.

Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). *Consórcio formado por aveia preta, nabo forrageiro e ervilhaca comum Adaptado: Wolschick et al. (2016)

Plantas pertencentes a família Fabaceae tendem a liberar nutrientes mais rapidamente ao solo em virtude da baixa relação C/N quando comparadas a plantas da família Poaceae. Essa ciclagem de nutrientes contribui para a melhoria da fertilidade do solo e disponibilidade de nutrientes para as plantas sucessora, possibilitando inclusive o aumento da produtividade.

Algumas espécies a exemplo da crotalária, ainda possuem a habilidade de reduzir a taxa de reprodução de nematoides fitopatogênicos do solo, contribuindo para o manejo e controle dessas pragas e aumento produtivo da cultura. Cabe destacar que a rotação de culturas de cada propriedade deve seguir as aptidões e necessidades do sistema de produção, entretanto, pode-se dizer que na grande maioria dos casos, o cultivo de plantas de cobertura traz maiores benefícios que o pousio.