É consenso que a compactação do solo é um dos principais limitantes da produtividade de culturas agrícolas. O solo pode ser considerado um meio frágil, composto por um sistema trifásico, constituído por fases sólidas, liquidas e gasosas. Formado por partículas minerais, orgânicas, água e ar, o solo é o principal substrato para a produção vegetal em larga escala. A alteração da estrutura física do solo pode resultar na redução da sua macroporosidade, alterando a porosidade total, e consequentemente a infiltração de água e aeração do solo.
Dentre os principais fatores responsáveis por essa alteração física, destaca-se a compactação do solo, que, pelo aumento da densidade, além de reduzir a porosidade total do solo, dificulta o crescimento radicular atuando como barreira física para as raízes. A restrição no crescimento radicular das plantas, implica no menor volume de solo explorado, e consequentemente na menor absorção de água e nutrientes do solo, limitando o potencial produtivo da cultura.
Com isso em vista, manejar o solo visando a melhoria dos seus atributos físicos, químicos e biológicos é essencial para assegurar a boa produtividade e garantir a sustentabilidade das culturas agrícolas. Pensando no sistema plantio direto (SPD), cujo premissas básicas são a cobertura permanente e o não revolvimento do solo, o emprego de plantas de cobertura na entressafra das culturas comerciais é uma das principais formas de otimizar o uso da terra, manejando o solo e reduzindo sua compactação.
Cobertura do solo x compactação
Conforme observador por Schott et al. (2018), algumas plantas de cobertura possuem a capacidade de alterar atributos físicos do solo, além de contribuir para a melhoria de atributos químicos e biológicos. O acúmulo de resíduos na superfície do solo em função da utilização de plantas de cobertura oferece ainda proteção contra forças externas capazes de degradar a qualidade estrutural do solo, como as pressões aplicadas pelos rodados das máquinas agrícolas e pelas patas dos animais em sistema de integração lavoura-pecuária. A palhada em cobertura no solo contribui para dissipar a energia compactante, reduzindo consequentemente os níveis de compactação do solo (Moraes et al., 2016).
Figura 1. Dissipação da energia compactante durante o ensaio de Proctor, em função da quantidade de palha na superfície do solo. Linha vermelha pontilhada indica o intervalo de confiança a 95%.
Além de contribuir para a melhoria da densidade do solo, os diferentes sistemas radiculares das plantas de cobertura (principalmente quando posicionadas na rotação de culturas), permitem a ciclagem de nutrientes, maior infiltração de água no solo e também o aumento do teor de matéria orgânica, aumentando a fauna microbiana no solo e estimulando ações microbianas.
Figura 2. Raízes de culturas produtoras de grãos e de cobertura, da esquerda para a direita são raízes de milheto, sorgo, milho, braquiária, soja, centeio e trigo.
Logo, é necessário pensar no sistema de produção como um todo, trabalhando aspectos químicos, físicos e biológicos do solo, para que possamos alcançar boas produtividades, de forma rentável e sustentável, tendo as plantas de cobertura como aliadas no sistema produtivo, utilizando os benefícios dessas culturas em prol da produtividade agrícola e manejo do solo.
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Referências:
MORAES, M. T. et al. BENEFÍCIOS DAS PLANTAS DE COBERTURA SOBRE AS PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO. Manejo e Conservação do Solo e da Água em Pequenas Propriedades Rurais no Sul do Brasil: Práticas alternativas de manejo visando a conservação do solo e da água. Cap. III, 2016. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/149123/001005239.pdf?sequence=1&isAllowed=y >, acesso em: 05/03/2024.
SCHOTT, A. et al. ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO EM FUNÇÃO DO USO DE PLANTAS DE COBERTURA E ESCARIFICAÇÃO MECÂNICA. Anais do 10º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – SIEPE, 2018. Disponível em: < https://guri.unipampa.edu.br/uploads/evt/arq_trabalhos/17607/seer_17607.pdf >, acesso em: 05/03/2024.