Durante o cultivo da soja, várias doenças podem atacar a cultura implicando em perdas de produtividade, qualidade de grãos e até mesmo comprometendo o desenvolvimento das plantas. Com o surgimento de novas tecnologias e melhoramento de cultivares de soja, viabilizou-se em grande parte do Rio Grande do Sul o cultivo de soja em áreas de “Várzea”, áreas até então cultivadas com arroz irrigado. A soja entra no sistema de produção do arroz com uma alternativa para a diversificação de culturas, e controle de plantas daninhas infestantes da cultura do arroz, permitindo o uso do herbicida glifosato quando cultivadas sojas com tecnologia RR.
Contudo, uma das preocupações do cultivo dessas áreas é quando ao desenvolvimento da soja e proliferação de doenças, em especial das doenças de solo como a Phytophthora sojae. Segundo HENNING et al (2014) a Podridão radicular de Phytophthora (Phytophthora sojae) apresenta como principais sintomas na cultura da soja o apodrecimento ou lenta germinação das sementes, resultando em morte das plântulas. Em plantas adultas são observados são a colore das folhas, murchamento da planta, podridão na haste e tombamento da planta.
Os autores ainda destacam que a Podridão radicular de Phytophthora é causada por um patógeno de solo e temperaturas em torno de 25°C e elevada umidade do solo proporcionam melhores condições para a proliferação do fungo que se desenvolve a partir de oósporos. Os oósporos são estruturas reprodutivas dos fungos muito resistentes e podem permanecer nos resíduos vegetais de culturas antecessoras.
Figura 1. Oósporos de Phytophthora sojae e tecidos de raiz de soja.

Figura 2. Sintomas de Phytophthora sojae em plântulas de soja.

Dentre as consequências da Podridão radicular de Phytophthora estão a baixa uniformidade e stand de plantas, resultando em desuniformidade da lavoura (figura 3).
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Figura 3. Redução do stand de plantas causada pela Podridão radicular de Phytophthora.

Segundo GRIGOLLI (2015), o desenvolvimento de uma doença é explicado pela interação entre três agentes: Patógeno, Hospedeiro e Ambientes (figura 4). Sendo assim a intervenção para o controle da Podridão radicular de Phytophthora em soja deve partir do princípio que é preciso interferir em um desses agentes.
Figura 4. Diagrama esquemático das interação entre os fatores responsáveis pelo desenvolvimento de uma doença.

Para tal Professor em Fitopatologia da UFSM Ivan Dressler da Costa caracteriza a doenças e traz alternativas de manejo para o controle da doença. Segundo ele, o tratamento de sementes com fungicidas; proporcionar condições favoráveis de solo para o desenvolvimento das plantas, bem como formação de raízes é fundamental para o controle da Phytophthora sojae, além disso, a rotação de culturas é chave para a diminuição da pressão de patógenos nas áreas.
Confira o vídeo com as dicas do Professor Ivan.
Segundo ROASE et al. (2018), outro atributo indispensável no combate à doença é a resistência genética de cultivares. Já se tem cultivares com considerável resistência ao patógeno no mercado, contudo somente o fator genético não é suficiente para manejar adequadamente a doença, é preciso conduzir o sistema com um conjunto de práticas que viabilizem a produção agrícola, especialmente em áreas mais propensas a ocorrência da doença como áreas de várzea.
Para estas áreas, é fundamental trabalhar com a drenagem do solo, pois o acumulo de água pode prejudicar o desenvolvimento da cultura e também trazer condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno.
Figura 5. Sistema de drenos para o cultivo de soja em áreas de várzea.

Além disso, a sistematização das áreas e o uso de drenos possibilita a irrigação por inundação em períodos necessários para combater déficits hídricos.
Referências:
COSTAMILAN, L. M; BERTAGNOLLI, P. F; DE MORAES, R. M. A. PODRIDÃO RADICULAR DE FITÓFTORA EM SOJA. Embrapa, Documentos, n.79, dez. 2007.
GRICOLLI, J. F. J. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção, p. 134-156, 2015.
HENNING, A. A. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DA SOJA. Embrapa, Londrina, ed. 5, 2014.
ROASE, A. D. PODRIDÃO-DE-FITÓFTORA EM SOJA AVANÇA NO CENTRO-OESTE. Embrapa, Dourados, Comunicado Técnico n. 235, ago. 2018.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.
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