Uma das principais doenças da soja é a Ferrugem Asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi seus danos à cultura podem chegar a comprometer 100% da cultura, conforme FIALLOS (2011). Uma das principais formas de entrada da doença no sistema é através de pontes verdes, ou seja, por plantas hospedeiras. O fato da Phakopsora pachyrhizi ser um organismo biotrófico, torna imprescindível que o organismos se ligue a outro organismo vivo para sobreviver e as plantas daninhas hospedeiras são a principal via de sobrevivência da doença.
Figura 1. Sintomas de infecção por Phakopsora pachyrhizi em trifólios de soja.
A soja “guaxa” é uma das principais plantas hospedeiras do fungo. Conforme relatado por FIALLOS (2011), a Ferrugem Asiática pode se desenvolver em várias partes da planta, desde cotilédones até folhas e haste (figura 1).
Figura 2. Folíolo de soja com sintoma de ferrugem asiática da soja.
Segundo ANDRADE & ALENCAR (2002), a doença apresenta elevado potencial de dano à cultura da soja, e seus sintomas podem ser confundidos com doenças de final de ciclo da cultura, principalmente com lesões iniciais da mancha parda causada por Septoria glycines, assim como pústulas bacterianas causadas Xanthomonas campestris pv. glycines. O principal sintoma é a presença de urédias na parte abaxial dos trifólios (figura 2), podendo aparecer na parte adaxial dependendo da severidade.
Figura 2. Urédias de ferrugem na parte abaxial de um trifólio de soja.
Realizado o correto manejo da entressafra, garantindo que não hajam plantas hospedeiras para o fungo, é fundamental monitorar a presença da doença na lavoura de soja. Conforme destacado por YORINORI et al (2003), o controle da ferrugem requer uma série de medidas e estratégias de manejo. Uma das principais e com caráter preventivo é o uso da rotação de culturas. Além disso, o controle químico desempenha importante papel no controle da ferrugem, contudo o uso de fungicidas deve ser estrategicamente planejado, a fim de não proporcionar condições para o desenvolvimento da resistência do organismos aos fungicidas utilizados.
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No vídeo abaixo é explicada como ocorre a resistência da ferrugem a fungicidas.
Outro fator importante é quanto à escolha do fungicida, uma vez que como citado no vídeo acima, fungicidas sitio-específicos podem ocasionar resistência do fungo ao fungicida. Atualmente, 71 produtos estão registrados para o controle de Phakopsora pachyrhizi na cultura da soja, os quais estão disponíveis para consulta clicando aqui!
Segundo informações da Embrapa, desde 2008 o uso de produtos isolados tais como Triazóis, Carboxamidas e Estrubilurinas não é recomendado devido à menor eficiência de controle da doenças, sendo recomendadas somente misturas comerciais de fungicidas com diferentes mecanismos de ação. Contudo, o uso de fungicidas multissítios para o controle da ferrugem da soja é a melhor alternativa para diminuir as chances de desenvolver resistencia.
Veja também: Eficiência de fungicidas multissítios aplicados isoladamente e em misturas para o controle da ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) na região oeste do Paraná, safra 2018/19
Referências:
AGROFIT. CONSULTA ABERTA. Disponível em:< http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons> acesso em: 24/04/2020.
ANDRADE, P. J. M; DE ALENCAR, D. F. FERRUGEM ASIÁTICA: UMA AMEAÇA À SOJICULTURA BRASILEIRA. Embrapa, Circular Técnica 11, Dourados, nov. 2002.
FIALLOS, F. R. G. A FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA CAUSADA POR Phakopsora pachurhizi Sydow e Sydow. Ciencia y Tecnología. P. 45-60, 2011.
SANTOS, A. J. et al. CARACTERES EPIDEMIOLÓGICOS E USO DA ANÁLISE DE AGRUPAMENTO PARA RESISTÊNCIA PARCIAL À FERRUGEM DA SOJA. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.42, n.3, p.443-447, mar. 2007.
YORINORI, J. T. et al. FERRUGEM DA SOJA (Phakopsora pachurhizi): IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Informações Agronômicas, n.104, dez, 2003.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.