A ferrugem-asiática representa uma ameaça considerável para a cultura da soja. Considerada a doença mais severa que incide sobre a cultura, pode ocasionar danos que variam de 10% a 90%, dependendo da incidência e severidade com que se manifesta (Godoy et al., 2023). Diante do cenário atual, no qual as condições propícias ao desenvolvimento da doença são evidentes e os casos de ocorrência da ferrugem continuam a aumentar, torna-se imprescindível adotar estratégias de manejo e controle eficazes, a fim de mitigar os impactos negativos e preservar a sanidade e produtividade da soja.

Para o manejo e controle eficiente da ferrugem-asiática da soja, o pesquisador Carlos Pizolotto (2024) destaca uma série de pontos importantes a serem considerados. O primeiro aspecto refere-se à aplicação zero, que deve ser programada para ocorrer aos 20 a 25 dias após a emergência da cultura. Essa aplicação tem como objetivo principal a redução da pressão de inóculo inicial, principalmente em semeaduras realizadas no tarde, onde a cultura da soja enfrenta maior pressão de inóculo de ferrugem.

Outro aspecto importante no manejo da doença, refere-se a começar bem o controle, envolvendo a utilização de ferramentas mais eficazes disponíveis para o manejo inicial, como carboxamidas, protioconazol e tebuconazol. No caso das carboxamidas, destaca-se a importância de sua aplicação nos estádios vegetativos V6 e V8, representando a última oportunidade de alcançar o “baixeiro” das plantas, antes do pré-fechamento da entrelinha. Nesse sentido, o emprego de carboxamidas com um bom efeito residual mostra-se essencial para retardar ao máximo o surgimento de doenças na lavoura.



A incorporação de fungicidas multissítios em todas as aplicações, em doses crescentes, é outro ponto abordado, tornando-se relevante especialmente devido à frequência de chuvas, a ação residual desses produtos e à pressão da doença, que pode persistir até o final do ciclo de desenvolvimento da cultura. Sendo uma estratégia importante para o manejo de resistência, ao contribuir para a eficácia dos produtos a longo prazo no controle da ferrugem-asiática da soja.

Outro ponto relevante, refere-se ao intervalo de aplicação, salientando a importância de sempre respeitar os intervalos, doses e recomendações fornecidas pelos fabricantes dos produtos. Conforme destacado por Uebel, de modo geral, o intervalo entre as aplicações de fungicidas varia entre 12 e 21 dias. No entanto, em situações de incidência da doença, principalmente quando se utiliza cultivares suscetíveis e, sob condições favoráveis ao desenvolvimento do patógeno, é fundamental reduzir os intervalos de aplicação, podendo ser necessário intervalos de apenas 12 dias. Além disso, é importante de realizar a rotação de grupos químicos, incluindo as carboxamidas, estrubirulinas e triazol.

Deve-se dar atenção também, à rotação de ingredientes ativos dentro do mesmo grupo químico, visando maximizar a eficiência no controle da doença. Vale destacar que, entre os principais grupos químicos recomendados para o manejo da ferrugem, destacam-se os triazóis/trizazolintiona, carboxamidas, estrobilurinas e multissítios (FRAC, 2023).

Por fim, Pizolotto refere-se ao uso de morfolina no manejo da doença, evidenciando sua excelente ação curativa, principalmente quando a doença está presente desde o início do ciclo de desenvolvimento da cultura. O pesquisador Madalosso (2019) ressalta que o posicionamento correto da morfolina é essencial para obtenção resultados eficientes de controle, no entanto, destacando a importância de conhecer o produto. A morfolina é classificada como um fungicida sítio-específico, inibindo dois sítios específicos de ação, apresentando um risco médio-baixo de resistência e, deve ser aplicada em misturas. Além disso, por se tratar de um produto curativo, é crucial que a ferrugem já esteja presente na cultura de soja para que a morfolina seja eficaz no combate à doença. A compreensão desses aspectos e o correto posicionamento dos fungicida na lavoura, são fundamentais para o controle da ferrugem-asiática.

A seguir, assista o vídeo completo do pesquisador Carlos Pizolotto.


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Veja mais: Casos de Ferrugem-asiática continuam aumentando no Sul



Referências:

FRAC. RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE TRIAZOIS E TRIAZOLINTIONE NO MANEJO DE DOENÇAS EM SOJA. Comitê de Ação a Resistência à Fungicidas, 2023. Disponível em: < https://www.frac-br.org/_files/ugd/6c1e70_d271fc6fa373483aa6986840e82e42fe.pdf >, acesso em: 09/01/2024.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2022/2023: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, circular técnica, 195. Londrina – PR, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1154837/1/Circ-Tec-195.pdf >, acesso em: 09/01/2024.

MADALOSSO, M. G. SOJA HOJE: MORFOLINA (FENPROPIMORFE) PARA MANEJO DE FERRUGEM. Madalosso Pesquisas, 2019. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=6Ro9_Y2ZunI >, acesso em: 09/01/2024.

UEBEL, R. A. INTERVALLO ENTRE AS APLICAÇÕES DE FUNGICIDAS. Informativo Coagril. Disponível em: < https://www.coagril-rs.com.br/informativos/ver/519/ver/intervalo-entre-as-aplicacoes-de-fungicidas#:~:text=De%20uma%20maneira%20geral%20o,entre%2012%20a%2021%20dias. >, acesso em: 09/01/2024.

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