A buva, cujas principais espécies de interesse econômico são a Conyza canadensis e a Conyza bonariensis é uma das principais e mais preocupantes plantas daninhas que infestam lavouras anuais. A planta possui características biológicas que conferem a ela, rápido crescimento e desenvolvimento, resultando em elevada habilidade competitiva com culturas como soja e milho.

Na soja, os danos causados pela buva em função da matocompetição podem chegar a 48% dependendo do nível populacional da planta daninha (Gazziero et al., 2010). Além disso, a buva apresenta uma grande capacidade em produzir sementes, as quais são facilmente dispersas por agentes dispersantes como o vento, água, animais, máquinas agrícolas entre outros. Embora possa variar em função da espécie e porte da planta, a produção de sementes por planta de buva varia de 100 e 200 mil por planta, podendo chegar a 300 mil sementes/planta em alguns casos (Dauer; Mortense; Vandessel, 2007).

Em casos onde o controle da buva é ineficiente, tanto no período de safra quando entressafra, é comum observar grandes fluxos de emergência dessa planta daninha em meio a culturas agrícolas (figura 1). A elevada produção de sementes pela buva além de resultar em fluxos de emergência dessa planta daninha, contribui para a manutenção do banco de sementes do solo.

Figura 1. Fluxo de emergência de Buva (Conyza spp.).

Fonte: Professores Alfredo & Leandro Albrecht.

Caso não sejam adequadamente controladas, as plantas emergidas de buva podem matocompetir diretamente com a cultura agrícola, causando significativas perdas produtivas. Embora o controle químico seja o mais utilizado em escala comercial, nem sempre resultados satisfatórios são observados, especialmente se tratando do controle de populações de buva com resistência a herbicidas.

Com isso em vista, uma das principais estratégias para um manejo eficiente da buva em lavouras agrícolas consiste na restrição da entrada das sementes da planta daninha em áreas de cultivo e/ou na redução dos fluxos de emergência. Com relação a restrição da entrada de sementes, embora diversos agentes dispersantes sejam responsáveis por disseminar as sementes da buva, o uso de sementes certificada para semeadura da cultura agrícola (livre da presença de outros sementes e materiais insertes) é essencial para reduzir as infestações de buva em áreas cultivadas.



Já com relação a redução dos fluxos de emergência dessa planta daninha, é possível trabalhar o fotoblastismo como ferramenta de manejo. Por ser considerada fotoblástica positiva, a semente de buva necessita em sua maioria de luz para germinar. Conforme observado por Yamashita & Guimarães (2011) e corroborado por Yamashita et al. (2016) assim como a temperatura, a luz apresenta relação direta com a germinação das sementes de buva, sendo que as sementes de C. canadensis e C. bonariensis germinam apenas na presença de luz.

Tabela 1. Germinabilidade (%) de sementes de Conyza canadensis e C. bonariensis em duas condições de luminosidade, após cinco dias da montagem do experimento. Alta Floresta-MT, 2008.

Nota: Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: Yamashita, O. M. et al. (2012), apud. Yamashita et al. (2016).

Considerando o comportamento da buva e sua necessidade de luz par germinar, a boa cobertura do solo com abundante palhada residual é uma das principais estratégias de manejo que contribuem para o controle dessa planta daninha, reduzindo seus fluxos de emergência. Conforma analisado por Teixeira e colaboradores, a quantidade de palhada e o tipo de espécie vegetal da qual é originária, influenciam na germinação das sementes de buva, sendo observados menores níveis de germinação com a presença de maiores quantidade de palhada.

A palhada em cobertura do solo atua como uma barreira física, restringindo a passagem de luz, afetando a germinação das sementes de buva. De maneira geral, pode-se afirmar que a manutenção da palhada em cobertura do solo contribui efetivamente para o manejo e controle da buva em lavouras agrícolas. Para tanto, deve-se investir na rotação de culturas, e ajuste de culturas, dando preferência para o cultivo de espécies que produzam grande quantidade de palhada residual, principalmente nos períodos entressafra das culturas de verão.


Veja mais: Manejo de Buva (Conyza spp.)



Referências:

DAUER, J. T.; MORTENSEN, D. A.; VANGESSEL, M. J. (2007). Temporal and spatial dynamics of long-distance Conyza canadensis seed dispersal. Journal of Applied Ecology, 2007. Disponível em: < https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1365-2664.2006.01256.x >, acesso em: 06/01/2023.

GAZZIERO, D. L. P. et al. INTERFERÊNCAI DA BUVA EM ÁREAS CULTIVADAS COM SOJA. XXVII Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, 2010. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/859013/1/Interferenciabuva.pdf >, acesso em: 06/01/2023.

TEIXEIRA, M. F. F. et al. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Conyza Spp EM FUNÇÃO DA ESPÉCIE E DA QUANTIDADE DE PALHADA NO SOLO. Embrapa. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/1044261/1/Germinacaosementes.pdf >, acesso em: 06/01/2023.

YAMASHITA, O. M. et al. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE DUAS ESPÉCIES DE CONYZA EM FUNÇÃO DA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE LUZ E INTERAÇÃO COM A ADIÇÃO DE NITRATO E ÁCIDO GIBERÉLICO NO SUBSTRATO. Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V.12 N.2 Maio/Ago. 2016. Disponível em: < https://revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/1714 >, acesso em: 06/01/2023.

YAMASHITA, O.M.; GUIMARÃES, S.C. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Conyza canadensis E Conyza bonariensis EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE TEMPERATURA E LUMINOSIDADE. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 29, n. 2, p. 333-342, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/4tfpXDcshgRdVWj5d4DpxVt/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 06/01/2023.

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