A rotação de culturas não, necessariamente, é prática fundamental para o cultivo de trigo em áreas manejadas sob o sistema plantio direto. O que, na realidade, é fundamental para o sucesso de qualquer espécie cultivada em sistema plantio direto é a diversificação de culturas.
A diversificação de culturas poderá ser feita via rotação de culturas, consorciação de culturas e/ou sucessão de culturas. O que é importante na diversificação de culturas é evitar o cultivo sucessivo de espécies que apresentam problemas fitossanitários comuns e/ou que produzam restos de culturas de rápida decomposição.
O cultivo sucessivo de espécies com problemas fitossanitários comuns resulta na proliferação dos agentes causais dos problemas fitossanitários, e o cultivo de espécies produtoras de restos de cultura de rápida degradação resulta na redução ou ausência de cobertura permanente do solo. Exemplificando: em relação a problemas fitossanitários, não é indicado o cultivo de trigo em lavoura que foi cultivada com triticale (X Triticosecale Wittmack) no ano anterior e não é indicado o cultivo de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) ou de canola (Glycine max L.) antecedendo a cultura de soja.
Em relação à redução ou à ausência de cobertura permanente, não é indicado o cultivo sucessivo de canola/soja, nabo forrageiro/ soja, ervilhaca/soja, etc. Especificamente, na cultura de trigo, o importante é evitar seu cultivo em dois anos agrícolas subsequentes.
Por que o monocultivo de trigo não é indicado?
O monocultivo de trigo (ou de qualquer outra espécie) não é indicado, porque gera problemas como:
Pragas.
• Doenças.
• Plantas daninhas sem controle.
• Desequilíbrio biológico do solo.
• Degradação física do solo.
• Desbalanceamento das propriedades químicas do solo, com
consequente queda de produtividade do sistema agrícola
produtivo praticado.
Existem culturas que prejudicam ou ajudam o trigo, quando cultivado em sucessão a elas?
Sim. Toda espécie que é hospedeira de praga e/ou de doença, comum à cultura de trigo – e que antecede a cultura de trigo – poderá prejudicar o pleno desenvolvimento dessa cultura. Toda cultura que tenha baixa relação entre C (carbono) e N (nitrogênio), ou seja, toda cultura cujos restos culturais se decomponham, rapidamente, pode contribuir com a disponibilização de nutrientes para a cultura de trigo. Por isso é que a cultura de soja é ótima opção para anteceder a cultura de trigo. Na região de clima subtropical do Brasil, quando o nabo forrageiro (Raphanus sativus) é cultivado após a colheita de milho, também é excelente opção para anteceder a cultura de trigo.
Quais são as espécies indicadas na rotação de culturas com o trigo, no sistema plantio direto?
A adoção do sistema plantio direto em regiões de clima subtropical e tropical exige, obrigatoriamente, diversificação de culturas (rotação de culturas, consorciação de culturas e/ou sucessão de culturas) ao longo do tempo. O importante é evitar o monocultivo, ou seja, evitar o cultivo de uma única espécie ao longo do tempo, como, por exemplo, soja/pousio/soja.
Na diversificação de culturas, ao longo das safras, é conveniente revezar, espécies pertencentes a diferentes famílias. Não é indicado, por exemplo, cultivar milho/trigo, pois essas duas culturas pertencem à mesma família, isto é, à família das poáceas. Quando se cultiva milho na safra de verão, imediatamente após a colheita desse milho, sugere-se que seja cultivado nabo forrageiro, por exemplo, como cultura de cobertura de solo, para, a seguir, se cultivar trigo.
Nesse caso, o modelo de produção é composto por milho/ nabo forrageiro/trigo, em que o nabo forrageiro, pertencente à família das brássicas, é intercalado entre as poáceas milho e trigo. Contudo, a melhor cultura para anteceder a cultura de trigo ainda é a soja.
Fonte: Coleção 500 perguntas e 500 repostas Embrapa.
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