Com crescente expansão populacional em lavouras agrícolas, as plantas do gênero Amaranthus se destacam por apresentarem algumas características que as tonam tão preocupantes quanto buva (Conyza spp.) e capim-amargoso (Digitaria insularis). De modo geral, as plantas de caruru apresentem rápido crescimento e desenvolvimento, atrelados e elevada habilidade competitiva. Dependendo da espécie de caruru, o crescimento médio da planta pode variar entre 2,5cm a 4cm por dia, como é o caso do Amaranthus palmeri (Gazziero & Silva, 2017).

Os danos com relação a perda de produtividade em culturas agrícolas podem variar em função da espécie infestante de caruru, densidade populacional (figura 1) e estádio de desenvolvimento em que infestam a cultura. Gazziero & Silva (2017) destacam que espécies como o A. palmeri, podem causar perdas de produtividade até mesmo superiores a 91% em milho, 79% na soja e 77% em algodão.

Figura 1. Perda de rendimento planta-1 de soja (%) em função de Populações de Amaranthus hybridus com resistência múltipla a EPSPs e herbicidas inibidores de ALS nos experimentos realizado em 2018/19 (A) e 2019/20 (B).

Fonte: Zandoná et al. (2022)

Resultados de pesquisas desenvolvidas por Zandoná et al. (2022) demonstram que no caso na Amaranthus hybridus em soja, 1 (uma) planta m² pode causar redução da produtividade da soja variando entre 4,47% a 8,32%, redução essa, acentuada pelo aumento populacional da planta daninha.



Além da elevada habilidade competitiva, rápido crescimento e desenvolvimento, as plantas de caruru compartilham de uma característica em comum que é a elevada produção de sementes. A produção de sementes pode variar em função da espécie de caruru e porte da planta, entretanto, Penckowski et al. (2020) destacam que o A. hybridus por exemplo, pode produzir de 200.000 a 600.000 sementes por planta. Já em plantas com porte maior como o Amaranthus palmeri, a produção de sementes pode chegar a 1.000.000 por planta (Gazziero & Silva, 2017).

Figura 2. Sementes de caruru (Amaranthus sp.).

Embora não sejam facilmente dispersas pelo vento como sementes de buva, principalmente pelo peso e formato, as sementes de caruru são facilmente dispersas pela água, pássaros, bovinos em pastejo e principalmente máquinas e equipamentos agrícolas, sendo essa última, uma das principais fontes de dispersão da planta daninha em áreas de produção agrícola.

Com isso, em vista, medidas como a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas, assim como a quarentena de animais oriundos de outras áreas, constituem algumas das principais estratégias de manejo do caruru. Com relação ao controle químico com o uso de herbicidas, é necessário maior cautela para maior eficiência no manejo do caruru.

Diferentemente de algumas espécies de plantas daninhas, o caruru apresenta diversos fluxos de emergência ao longo do desenvolvimento da soja, sendo assim, o monitoramento das áreas de produção é de fundamental importância para a maior assertividade do momento de aplicação, que em pós-emergência é de plantas com até 4 folhas desenvolvidas.

Figura 3. Estádio limite para controle eficiente do caruru em pós-emergência.

Cabe destacar que a maioria das espécies infestantes de caruru de interesse econômico apresentam algum relato de resistência a herbicidas e mecanismos de ação de herbicidas (figura 4). Sendo assim, a rotação e mecanismos de ação e o uso de herbicidas pré-emergentes são importantes estratégias de manejo da resistência. Não menos importante, vale destacar que as sementes de caruru são consideradas fotoblásticas positivas, sendo assim, a boa cobertura do solo, pode contribuir para a redução dos fluxos de emergência dessa planta daninha.

Figura 4. Casos de resistência das principais espécies de caruru relatados no Brasil.

Fonte: Heap (2022)


Veja mais: MISSÃO CARURU – Episódio 28 – Uso de pré-emergentes


Referências:

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1069527/caracterizacao-e-manejo-de-amaranthus-palmeri >, acesso em: 06/09/2022.

PENCKOWSKI, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFI CAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC, 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 06/09/2022.

ZANDONÁ, R. R. et al. ECONOMIC THRESHOLD OF SMOOTH PIGWEED ESCAPED FROM A HERBICIDE PROGRAM IN ROUNDUP READY® SOYBEAN. Adv Weed Sci. 2022. Disponível em: < https://awsjournal.org/wp-content/uploads/articles_xml/2675-9462-aws-40-spe2-e20210011/2675-9462-aws-40-spe2-e20210011.pdf >, acesso em: 06/09/2022.

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