Formada por material de origem lipídica, a cutícula é uma das estruturas formadoras da folha vegetal. Conhecida popularmente como cutícula cerosa, a cutícula (figura 1), e uma camada hidrofóbica complexa integrada as paredes celulares mais externas da epiderme, nos órgãos aéreos, serve como uma barreira importante a perda de água e a invasão de patógenos, bem como restringe a entrada da água no interior da folha (Taiz et al., 2017).
Figura 1. Representação esquemática da o interior de uma folha vegetal, demonstrando a trajetória da água pela folha.
Presente em toda folha vegetal, em algumas espécies a cutícula é mais espeça que em outras, o que confere maior resistência dessas espécies a perda de água por transpiração, mas também a entrada de água e soluções líquidas no interior da folha. Por ter origem lipídica, a cutícula atua como substancia relente a soluções lipofóbicas.
Embora possa parecer uma característica desejável por restringir a perda de água do interior da folha, relacionando essa característica ao manejo de plantas daninhas, é um fator indesejável no que diz respeito ao controle químico. Levando em consideração que herbicidas sistêmicos como o glifosato necessitam ingressar no interior da folha para atuar de forma efetiva no controle à planta daninha, algumas espécies com cutícula espessa, podem apresentar difícil controle em virtude da dificuldade de absorção do produto.
Como alternativa para contornar esse problema, é possível fazer uso de ferramentas como adjuvantes a base de óleo. Considerados adjuvantes aditivos, os adjuvantes a base de óleos podem ser de origem mineral ou vegetal. Esses adjuvantes atuam como substancias lipofílicas, e agem dissolvendo as gorduras componentes da cutícula e membranas celulares, eliminando as barreiras que diminuem a absorção dos herbicidas e provocam o extravasamento do conteúdo da célula (Vargas & Roman, 2006).
Os óleos podem aumentar a absorção dos herbicidas e atuarem como herbicidas de contato, dependendo da dose empregada. Quando empregados na calda de pulverização, aumentam a absorção do herbicida, reduzem a deriva, retardam a evaporação da gota, atuam como espalhante e adesivo (Vargas & Roman, 2006).
Logo, a adição de adjuvantes a base de óleo na calda de pulverização de herbicidas é de suma importância para o aumento da eficiência de controle, em especial se tratando de herbicidas sistêmicos e/ou espécies que apresentam espessa camada cerosa de cutícula, aumentando a lipofilicidade da calda de pulverização.
Vale destacar que algumas formulações de herbicidas ja contem adjuvantes e mesmo óleo em suas formulações, devendo sempre o agrônomo ou agricultor estar atendo as recomendações do fabricante e as orientações presentes na bula para garantir a eficácia de suas aplicações.
Veja mais: Compatibilidade e incompatibilidade de defensivos na calda de pulverização
Referências:
TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, 2017. Porto Alegre.
VARGAS, L.; ROMAN, E. S. CONCEITOS E APLICAÇÕES DOS ADJUVANTES. Embrapa, Documentos, n. 56, 2006. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do56.pdf >, acesso em: 28/12/2022.
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