A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é, seguramente, uma das pragas mais temidas pelos produtores no momento. O inseto se esconde no cartucho da planta , inoculando agentes que causam doenças, causando sérios prejuízos para o agricultor. Em alguns casos pode haver perda de até 100% da lavoura. Para controlar a cigarrinha, ou conviver com a praga, o produtor deve adotar uma série de recomendações técnicas que vão da escolha das sementes híbridas, ao monitoramento da lavoura e uso de produtos mais eficientes nos cultivos.
Há dois anos a ocorrência da cigarrinha vem aumentado no Paraná e os técnicos acreditam que neste ano o estado não repita os resultados da safra 2019/2020, quando colheu 15,5 milhões de toneladas do cereal, devido aos prejuízos causados pela praga. De acordo com Anderson Heling, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater) de São José das Palmeiras, os danos causados apenas pela cigarrinha não chegam a ter grande importância econômica. Porém, a alta capacidade da praga transmitir enfezamentos e a risca do milho está preocupando produtores e técnicos. “Essas doenças podem causar perdas de toda a produção, dependendo do estágio em que a planta foi infectada”, assegura o extensionista.
Uma dificuldade extra para controlar a cigarrinha no Oeste paranaense é a presença do milho o ano todo na região, seja o cultivo de lavouras destinadas à fabricação de ração, seja aquelas destinadas à produção de silagem. Heling explicou que nem todas as cigarrinhas do milho são prejudiciais e infectantes. Mas, segundo o ele, não há um instrumento que permita identificar, no campo, se o inseto em questão está infectado ou não. Heling observa que uma das soluções para controlar a praga é a adoção de medidas conjuntas de manejo. Ele lembra que há uma dificuldade de se estabelecer um vazio de milho na região, por exemplo.
Enfezamentos e risca do milho
De acordo com o extensionista, as cigarrinhas transmitem dois tipos de enfezamentos e ainda a doença conhecida como risca do milho. O enfezamento vermelho tem como sintoma o avermelhamento e/ou amarelecimento das folhas, geralmente começando pelas bordas. Além disso, também acontece o perfilhamento (presença de vários brotos na planta) e a proliferação de espigas. Já as plantas atacadas pelo enfezamento pálido apresentam o encurtamento dos entrenós e, consequentemente, redução do porte. Heling destaca ainda o aparecimento de estrias que se iniciam na base das folhas, o surgimento de brotos axilares, enfraquecimento do colmo, a proliferação de espigas e o avermelhamento das folhas. A risca do milho se caracteriza pela formação de pequenos pontos amarelados na planta que podem se juntar, formando linhas ao longo das nervuras das folhas.
O agravamento do ataque da cigarrinha nas lavouras de milho trouze mais uma preocupação para o produtor que está usando mais produtos químicos na lavoura. Segundo Heling, até pouco tempo atrás, os produtores usavam produtos químicos apenas para controlar lagartas e percevejos. Atualmente é preciso fazer o controle químico das doenças causadas pela cigarrinha. No entanto, o extensionista alerta para o uso desses produtos. “O agricultor deve se atentar que o aumento de aplicações por si só não indica que o controle está ocorrendo. É preciso buscar orientação técnica, fazer uso de produtos registrados e recomendados em receituário agronômico, optando por produtos com eficiência comprovada para o controle da praga”, ressalta.
O uso de produtos químicos isoladamente não é a única medida a ser adotada pelo produtor. Heling destaca que o mais importante é empregar vários métodos de controle, de forma conjunta, para que assim possa haver um controle efetivo das cigarrinhas na lavoura. ´”É preciso pensar no controle das cigarrinhas de forma integrada. Começando pela colheita de milho anterior, que deve ser feita de maneira eficiente, evitando perdas de grãos que podem vir a germinar e abrigar as cigarrinhas na entressafra. Aquelas plantas voluntárias que venham a germinar devem ser eliminadas”, reforça o extensionista. Ele disse ainda que o planejamento de semeadura das lavouras, se possível, deve ser realizado de forma sincronizada, a fim de evitar que as plantas mais velhas, onde existe a praga, contaminem as mais novas. “O produtor deve usar, preferencialmente, híbridos com maior tolerância aos enfezamentos, além de diversificar e rotacionar os próprios híbridos. As sementes utilizadas podem ser tratadas com inseticidas que controlam as cigarrinhas nos primeiros dias após a emergência. É preferível evitar a semeadura próxima a áreas com a ocorrência das doenças transmitidas pela praga. O uso de inseticidas deve ser feito somente quando necessário e, quando possível, o produtor deve optar por inseticidas à base de Beauveria bassiana ou Isaria fumosorosea porque possuem residual de maior controle”, aconselha Heling.
Monitoramento
Com a semeadura do milho concluída na região Oeste, o extensionista chama a atenção dos produtores para que façam o manejo de forma integrada e realizem o monitoramento das lavouras. “Com as lavouras já implantadas o agricultor deve ficar atento ao período em que o tratamento de sementes vai efetivamente fazer o controle. Em caso de chuvas de maior intensidade este tratamento perde a eficiência e é preciso monitorar os sintomas apresentados na lavoura e arredores. Quando necessário deve se realizar o controle químico das cigarrinhas com inseticidas. É importante ressaltar que o controle da praga não deve passar de 40 dias após a emergência das plantas, pois depois desse período não são observadas vantagens para o controle dos patógenos (os organismos que causam as doenças) a campo”, explica. Heling conclui afirmando que no momento de fazer a aplicação de produtos químicos na lavoura, o produtor deve observar a adoção de tecnologia de aplicação para que o produto usado atinja os efeitos desejados.]
Fonte: IAPAR PR
Foto de capa: Embrapa