Em setembro, os valores internos do trigo seguiram influenciados por expectativas indicando produção recorde no Brasil e pelo início da entrada da safra 2022/23, sobretudo no Paraná e em São Paulo. No Rio Grande do Sul, triticultores também aguardam por safra volumosa.

Novamente, a Conab reajustou positivamente as estimativas de área e produção da safra deste ano do Brasil (temporada 2022/23, que se iniciou em agosto). Agora, a Companhia indica que 9,36 milhões de toneladas sejam colhidas, alta de 22% em comparação à safra anterior (2021/22). Isso é resultado do aumento de 10,6% da área com a cultura, somando 3,03 milhões de hectares. A produtividade caiu 0,2% em comparação à estimativa de agosto, porém, ainda é 10,3% maior que a de 2021/22, indo para 3,091 toneladas/hectare.

Para as importações, a Conab reduziu as estimativas em 200 mil toneladas na comparação com o relatório de agosto, para 6,3 milhões de toneladas, volume 3,6% superior ao da temporada passada. A disponibilidade interna deve ser de 16,38 milhões de toneladas, e o consumo doméstico se manteve projetado em 12,27 milhões de toneladas, um recorde.

MERCADO INTERNO – Os preços médios do trigo em setembro foram os mais baixos desde fevereiro deste ano. Vale ressaltar que, de acordo com dados do Cepea, o preço médio no Rio Grande do Sul ficou aproximadamente 7 Reais por tonelada acima do registrado no Paraná em setembro. As negociações no estado gaúcho ainda ocorrem com o cereal remanescente da safra 2021/22, enquanto no Paraná, as comercializações da nova safra se intensificam.

No Paraná, a média foi de R$ 1. 739,93/tonelada, baixa de 12,5% no mês, porém, elevação de 7,5% em um ano. Em São Paulo, a média mensal foi de R$ 1.816,84/t, queda de 11,3% em setembro, mas aumento de 8,8% em um ano. O preço médio do trigo no mercado disponível do Rio Grande do Sul foi de R$ 1.746,40/t, desvalorização de 10,1% frente a agosto/22, mas alta de 17,1% em relação a setembro/21.

Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.846,37/t, redução de 9,3% frente à de agosto/22, mas 15,3% superior à de setembro/21. Além disso, a demanda de moinhos brasileiros segue enfraquecida, devido às baixas vendas dos derivados. Segundo agentes consultados pelo Cepea, grande parte dos moinhos reduziu a moagem em setembro.

BALANÇA COMERCIAL – De acordo com dados preliminares da Secex, nos 21 dias úteis de setembro, as importações somaram 373,39 mil toneladas, contra 447,7 mil toneladas em setembro/21. Em relação ao preço de importação, a média de setembro/22 foi de US$ 436,1/t FOB origem, 58,2% acima da registrada no mesmo mês de 2021 (de US$ 275,6/t).

MERCADO EXTERNO – Estimativas indicando transações internacionais recordes e déficit hídrico em parte das lavouras de trigo da Argentina e do sul das Planícies dos Estados Unidos impulsionaram os valores externos do cereal. O acirramento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que pode dificultar o escoamento de grãos por meio do Mar Negro, também reforçou o movimento de alta.

Diante disso, as cotações internacionais operam nos maiores patamares desde junho deste ano. As altas do primeiro vencimento nas Bolsas de Chicago e de Kansas foram de 9,1% e 7,4%, respectivamente, em comparação a agosto/22, com médias de US$ 8,5576/bushel (US$ 314,44/t) para o Soft Red Winter na CBOT e de US$ 9,3423/bushel (US$ 343,27/t) para o Hard Winter em Kansas.

ESTIMATIVAS – Segundo o USDA, a produção mundial de trigo na temporada 2022/23 está estimada em 783,9 milhões de toneladas, o que seria um recorde, 0,6% superior aos dados indicados em agosto/22 e 0,5% acima da temporada passada. A elevação mensal está relacionada sobretudo à maior produção prevista para a Rússia (com aumentos de 3,4% em relação a agosto e de 21,1% sobre a temporada passada) e a Ucrânia (avanço de 5,1% frente ao relatório anterior, mas forte queda de 37,9% sobre 2021/22).

As estimativas de consumo subiram para 791 milhões de toneladas, 0,3% acima do apontado em agosto, porém, 0,5% menor que o da safra 2021/22. Os estoques de passagem foram previstos em 268,6 milhões de toneladas, o que representa uma relação estoque final/consumo de 34,2%, a menor desde a temporada 2014/15. As transações internacionais foram previstas em 208,4 milhões de toneladas, o equivalente a 26,6% da produção do ano-safra.

Fonte: Cepea



 

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