Em lavouras comerciais de milho, assegurar condições fitossanitárias adequadas ao desenvolvimento das plantas é indispensável para a obtenção de altas produtividades. Além de doenças e plantas daninhas, pragas podem reduzir o potencial produtivo e qualidade do milho produzido, acometendo a cultura nas diferentes fases do desenvolvimento da lavoura.

Dentre as principais pragas que infestam o milho, destacam-se o complexo de lagartas do gênero Spodoptera (lagarta-do-cartucho), o percevejo-barriga-verde (Diceraeus melacanthus e Diceraeus furcatus), a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), determinados corós e pulgões, além da temida cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera), atualmente considerada uma das pragas mais devastadoras da cultura.

Essas pragas podem ocorrer em diferentes estádios de desenvolvimento do milho, podendo inclusive estar presentes antes da semeadura, remanescentes de culturas antecessoras. No entanto, ao compreender o comportamento desses insetos, torna-se possível antecipar seus períodos de maior ocorrência, permitindo o ajuste das práticas de manejo e do monitoramento. Dessa forma, a tomada de decisão pode ser realizada de forma mais precisa, garantindo intervenções no momento oportuno, conforme os níveis de ação.

Figura 1. Calendário de ocorrência de pragas em milho.

Os danos diretos em decorrência da incidência de pragas no milho variam de acordo com a espécie da praga, densidade populacional e estádio do desenvolvimento da cultura atacada. A exemplo da lagarta-do-cartucho, estima-se que os danos em decorrência da incidência dessa praga em milho, possam representar perdas de produtividade de até 60%, caso as devidas medidas de controle não sejam adotadas (Rossato et al., 2020). Assim como a lagarta-do-cartucho, outras pragas podem causar perdas substanciais em milho, a exemplo do percevejo-barriga-verde, que dependendo do período em que infesta o milho e da densidade populacional da praga, pode reduzir em até 50% a produtividade da cultura (Chiaradia; Nesi; Ribeiro, 2016).

Figura 2. Lagarta-do-cartucho do milho.

Assim como essas pragas, diversos insetos de importância agrícola podem reduzir substancialmente a produtividade e qualidade do milho produzido, exercendo influência direta ou indireta sobre componentes de rendimento da cultura. No cenário atual, uma das pragas mais devastadoras que acometem o milho é a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera).

Embora seu potencia em causar danos diretos seja considerada relativamente baixo, a cigarrinha-do-milho assume papel principal de praga por atuar como principal vetor da transmissão dos enfezamentos à cultura. Tanto o enfezamento-pálido (figura 3), quanto o enfezamento-vermelho (figura 4) são doenças causadas pela infecção da planta de milho por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt) (Embrapa), transmitidos pela cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera).

Figura 3. Sintomas do enfezamento-pálido do milho.
Fonte: Sabato et al. (2014).
Figura 4. Sintomas de enfezamento-vermelho do milho.
Fonte: Sabato et al. (2014).

Os danos ocasionados pelos enfezamentos no milho variam de acordo com a  suscetibilidade do híbrido, período de ocorrência e severidade da doença, podendo em alguns casos representar pernas da produção superiores a 70%, ou até mesmo inviabilizar a lavoura (Sabato; Barros; Oliveira, 2016).

Figura 5. Espiga de milho de uma planta com enfezamento (acima), e planta sem sintomas (abaixo).
Foto: E. O. Sabato

Considerando que a cigarrinha-do-milho é o principal vetor dos enfezamentos, o controle dessa praga constitui uma das principais estratégias de manejo utilizadas em escala comercial para reduzir o impacto dos enfezamentos na produção de milho. Ainda que não haja nível de ação pré-estabelecido para a praga, a presença da cigarrinha durante a fase crítica do milho justifica seu controle.

Figura 6. Cigarrinha do milho espécies Leptodelphax maculigera e Dalbulus maidis.
Fonte: Ferreira et al. (2023)

O período crítico para o controle da cigarrinha-do-milho visando reduzir o desenvolvimento dos enfezamentos varia de VE a V5, podendo se estender até V8 em alguns casos. Mesmo optando por inseticidas de maior performance e residualidade, normalmente o intervalo entre aplicações de inseticidas durante a fase crítica de controle da cigarrinha é de 5 a 7 dias.

Nesse contexto, a rotação de inseticidas com moléculas de diferentes mecanismos de ação é de extrema relevância para o manejo da resistência da cigarrinha a inseticidas, principalmente em ocasiões de elevada pressão de seleção como ocorre em intervalos curtos de pulverização.

Sendo assim, inseticidas alternativos aos inseticidas de contato, devem integrar o programa de controle da cigarrinha-do-milho, possibilitando não só a rotação de ingredientes ativos, como o aumento da performance no controle.  Um inseticida com essas características e registrado para o controle da cigarrinha-do-milho é o Fiera®, inseticida fisiológico, seletivo e regulador de crescimento de insetos, que atua principalmente no controle de ninfas da cigarrinha-do-milho.

Além de agir no controle direta da praga, o Fiera® influencia na fertilidade da cigarrinha, reduzindo a quantidade e a viabilidade dos ovos depositados (Sipcam Nichino, s. d.). Embora a cigarrinha-do-milho seja o foco do manejo fitossanitário de muitas lavouras, a rotação de inseticidas entre as janelas de aplicação é importante independentemente da praga a ser controlada. Atrelado a isso, o monitoramento periódico das áreas de cultivo é determinante para embasar estratégias de controle.

Aliadas ao controle químico, a rotação de culturas, o uso de híbridos mais tolerantes e o ajuste da época de semeadura podem reduzir de forma significativa a pressão de pragas sobre a cultura do milho. Além disso, as biotecnologias inseridas nos híbridos devem ser consideradas no planejamento do manejo, garantindo, quando aplicável, a adoção adequada de áreas de refúgio para híbridos Bt, a fim de retardar a evolução da resistência e preservar a eficiência das tecnologias.

Referências:

CHIARADIA, L. A.; NESI, C. N.; RIBEIRO, L. P. NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE, Dichelops furcatus (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae), EM MILHO. Agropecu. Catarin., 2016. Disponível em: < https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/rac/article/view/93/29 >, acesso em: 28/11/2025.

EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 28/11/2025.

FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 28/11/2025.

ROSSATO, A. C. et al. MANEJO INTEGRADO DA LAGARTA-DO-CARTUCHO EM MILHO. Revista Cultivar, Grandes Culturas, ed. 205, 2020. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/artigos/manejo-integrado-da-lagarta-do-cartucho-em-milho >, acesso em: 28/11/2025.

SABATO, E. O. et al. RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DE DOENÇAS DO MILHO DISSEMINADAS POR INSETOS-VETORES. Embrapa, circular técnica, 205. Sete Lagoas – MG, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/121416/1/circ-205.pdf >, acesso em: 28/11/2025.

SABATO, E. O.; BARROS, A. C. S.; OLIVEIRA, I. R. CENÁRIO E MANEJO DE DOENÇAS DISSEMINADAS PELA CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Cartilha, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1059085/1/Cenariomanejo1.pdf >, acesso em: 28/11/2025.

SIPCAM NICHINO. INOVAÇÃO NO CONTROLE DA CIGARRINHA-DO-MILHO: NOVO INSETICIDA DEMONSTRA ALTA EFICÁCIA. Sipcam Nichino Brasil, s.d. Disponível em: < https://www.sipcamnichino.com.br/post/inova%C3%A7%C3%A3o-no-controle-da-cigarrinha-do-milho-novo-inseticida-demonstra-alta-efic%C3%A1cia >, acesso em: 28/11/2025.

Foto de capa: Fabiano Bastos

 

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