A soja (Glycine max (L.) Merr.) é amplamente considerada uma cultura fundamental para a segurança alimentar global, sendo uma das principais fontes de proteína para alimentação.

Atualmente, a demanda por soja de alta qualidade vem crescendo de forma progressiva, com alguns importadores oferecendo incentivos para grãos que apresentem um maior teor de proteína, ao mesmo tempo, alguns países impõem restrições ou penalizações à soja que não cumpra esses critérios de qualidade. Essa tendência deve se manter nos próximos anos. Um exemplo é a China, que estabelece um teor mínimo de proteína de 33,5% (Hertsgaard et al., 2018).

Entretanto, a baixa concentração de proteína nas sementes é frequentemente observada em várias regiões, o que torna desafiador obter a qualidade exigida pelos mercados internacionais. De acordo com Grassini (2015), a variação no teor de proteína é afetada pela genética, pelas condições ambientais e pelas práticas de manejo. Assim, é crucial entender como esses fatores interagem para obter grãos de qualidade.

Em um estudo realizado por Arce et al. (2025), foram coletados dados das safras 2018/2019 e 2022/2023 em 11 estados brasileiros, totalizando 194 lavouras de produtores do projeto Soybean Money Maker (liderado pela Equipe FieldCrops), desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão (Fig. 1).

Figura 1. Localização dos campos estudados (círculos vermelhos) com área e distribuição de colheita de soja
Fonte: Equipe FieldCrops

Os resultados mostraram uma correlação negativa entre a concentração de proteína nas sementes e a produtividade, com uma diminuição de 1,5% no teor de proteína para cada tonelada de grão produzida (Fig. 2a). A análise de importância indicou que o teor de proteína nas sementes é explicado em um 39% pela cultivar, 21% pela empresa de melhoramento, 13% pelo ano de lançamento da cultivar, 12% pela latitude, 7% pela data de semeadura e 8% por outros fatores (Fig. 2b). Em resumo, a genética (cultivar, empresa de melhoramento e ano de lançamento) e os fatores biofísicos e de manejo (latitude, data de semeadura e outros) são responsáveis por 73% e 27%, respectivamente, do teor de proteína nas sementes.

Figura 2. Relação entre proteína no grão e a produtividade (a), Importância relativa de cada fator que gera variação de proteína no grão (b).
Fonte: Equipe FieldCrops
Referências Bibliográficas.

Arce, M. S. Z., et al. “ASSESSING GENETICS, BIOPHYSICAL, AND MANAGEMENT FACTORS RELATED TO SOYBEAN SEED PROTEIN VARIATION IN BRAZIL.” European Journal of Agronomy 165, (2025). Disponível em: < https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1161030125000371?via%3Dihub >, acesso: 11/03/2025

Grassini, P., et al. “SOYBEAN YIELD GAPS AND WATER PRODUCTIVITY IN THE WESTERN US CORN BELT.” Field Crops Research 179 (2015): 150-163. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/agr.21576 >, acesso: 11/03/2015

Hertsgaard, D. J.; Wilson, W. W.; Dahl, B. COSTS AND RISKS OF TESTING AND BLENDING FOR ESSENTIAL AMINO ACIDS IN SOYBEANS. Agribusiness, v. 35, n. 2, p. 265-280, (2018). Disponível em: < https://doi.org/10.1002/agr.21576 >, acesso: 11/03/2015



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