O azevém, Lolium multiflorum é considerada uma das mais preocupantes e complexas plantas de se manejar em cereais de inverno como o trigo. Essa planta daninha apresenta características que a conferem elevada habilidade competitiva e grande persistência em áreas de cultivo.
A ressemeadura natural do azevém contribui significativamente para manutenção dessa planta daninha nas áreas agrícolas, tornando complicado o controle dos fluxos de emergência. Embora herbicidas pré-emergentes possam ser empregados visando o controle inicial do azevém, mesmo com pré-emergentes eficientes, é comum observar a presença do azevém na pós-emergência do trigo, em áreas mais infestadas.
Nesse sentido, muitas vezes o controle químico pós-emergente do azevém é necessário para manutenção da produtividade do trigo, evitando a matocompetição. No entanto, vale destacar que atrelado a baixa disponibilidade de produtos registrados para o controle químico do azevém na pós-emergência do trigo, há registros de casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas, incluindo herbicidas seletivos utilizados na pós-emergência como Iodosulfurom-metílico e Piroxsulam (Inibidores da ALS).
Figura 1. Evolução dos casos de relato da resistência do azevém a herbicidas no Brasil.
Casos de resistência
Os casso relatados de resistência do trigo a herbicidas incluem resistência simples aos herbicidas Glifosato (EPSPs, 2003) e Iodosulfurom-metílico (ALS, 2010), e casos de resistência múltipla aos herbicidas Cletodim e Glifosato (ACCase, EPSPs, 2010); Cletodim e Iodosulfurom-metílico (ACCase, ALS, 2016) e ao Glifosato, Iodosulfurom-metílico e Piroxsulam (EPSPs, ALS, ALS, 2017) (Heap, 2024).
Herbicidas pós-emergentes
Com uma limitada lista, poucos herbicidas são registrados para o controle do azevém na pós-emergência do trigo. São eles: Clodinafope (inibidor da ACCase), Iodosulfurom-metílico (Inibidora da ALS), Piroxsulam (Inibidor da ALS), Imazamoxi (Inibidor da ALS) e mais recentemente o Pinoxaden (inibidor da ACCase).
O Imazamoxi é indicado somente para uso em cultivares de trigo tolerantes CL (ClearField® ). Esses herbicidas, usados em pós-emergência, tem a sua eficácia dependente do estádio de desenvolvimento da planta daninha, sendo os melhores resultados obtidos quando aplicado em plantas jovens, com 2 a 4 folhas (Rizzardi).
Doses e estádios de desenvolvimento do trigo para a aplicação desses herbicidas podem variar de acordo com a molécula, logo, deve-se e atentar para recomendações presentes na bula. Consulta um(a) engenheiro(a) agrônomo(a).
Veja mais: Características, casos de resistência e estratégias de manejo do Azevém (Lolium multiflorum)
Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < www.weedscience.org >, acesso em: 02/07/2024.
RIZZARDI, M. A. COMO CONTROLAR O AZEVÉM NO TRIGO? Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/como-controlar-o-azevem-no-trigo >, acesso em: 02/07/2024.
SYNGENTA BRASIL. SYNGENTA LANÇA HERBICIDA AXIAL PARA CONTROLE DE GRAMÍNEAS NAS CULTURAS DO TRIGO E DA CEVADA. Syngenta: Produtos & Tecnologias, 2023. Disponível em: < https://www.syngenta.com.br/syngenta-lanca-herbicida-axial-para-controle-de-gramineas-nas-culturas-do-trigo-e-da-cevada >, acesso em: 02/07/2024.