A inoculação via tratamento de sementes é o método mais comum e usual para inocular as sementes de soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium, responsáveis pelo processo de fixação biológica de Nitrogênio (FBN), capturando esse nutriente do ar e disponibilizando-o para a planta em formas assimiláveis por ela.
Entretanto, embora seja a forma mais tradicional, a inoculação via tratamento de sementes apresenta algumas limitações, e/ou desvantagens. As principais delas são a maior necessidade de manipulação das sementes, além do contato direto do inoculante com defensivos agrícolas empregados no tratamento de sementes.
Visando contornar esses efeitos, uma estratégia disponível é a inoculação por pulverização na semeadura (inoculação via sulco), prática cada vez mais difundida em virtude da sua viabilidade e facilidade operacional. Dentre os principais benefícios da inoculação por pulverização na semeadura, podemos destacar o menor contato do inoculante com os defensivos empregados no tratamento de sementes, além da menor necessidade de manipulação das sementes.
Sobretudo, para uma inoculação via pulverização no sulco de semeadura eficiente, alguns cuidados necessitam ser seguidos. Conforme destacado por Hungria & Nogueira (2020), a dose aplicada de inoculante deve ser equivalente a, no mínimo, 2,5 milhões de células por semente.
Em áreas que não são inoculadas há vários anos, particularmente em solos arenosos, ou em áreas novas, deve ser usada, no mínimo, o dobro da dose recomendada. Em geral, o volume de calda usado na inoculação no sulco não deve ser inferior a 50 L ha-1, para permitir a boa distribuição das bactérias no solo, salvo em caso de equipamento que garanta a distribuição homogênea com menor volume (Hungria & Nogueira, 2020).
Além disso, é essencial atentar para as condições ambientais no momento da semeadura. Hungria & Nogueira (2020) destacam que a eficiência da inoculação via pulverização do sulco de semeadura pode ser reduzida sob condições de baixa umidade do solo e do ar, assim como pela alta radiação solar. Sendo assim, se tratando da inoculação via sulco de semeadura, é essencial atentar para as condições ambientais, dando preferência para a realização da prática no final da tarde e/ou realizar a semeadura sob condições adequadas de umidade do solo, bem como aumentar o volume de calda ou realizar irrigações após a semeadura quando possível (em áreas irrigadas).
Para uma FBN eficiente, é essencial que as bactérias do gênero Bradyrhizobiumi alcancem a rizosfera da planta, possibilitando a formação de nódulos da FBN. Logo, o bom contato semente/solo/inoculante é fundamental para garantir a eficácia do processo de fixação biológica de Nitrogênio em soja.
Ainda que alguns cuidados necessitem ser adotados para a inoculação via sulco de semeadura, a prática é uma interessante estratégia de manejo, especialmente visando aumentar a eficiência operacional do processo de semeadura, além de reduzir a necessidade de manipulação das sementes.
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Referências:
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO. Tecnologias de Produção de Soja, Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, cap. 8, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 07/02/2023.