O Nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela soja, são necessários aproximadamente 80 kg de N para cada tonelada de grãos produzidos Oliveira Junior et al. (2020). Felizmente, por meio da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), todo esse Nitrogênio é fornecido para a soja, sem a necessidade da utilização de fertilizantes nitrogenados para a obtenção da boas produtividades (Gitti, 2016).
No entanto, para uma FBN capaz de suprir toda a demanda de N da soja, é necessário um adequado número de nódulos viáveis por planta. No geral, o ideal é que se tenha de 15 a 20 nódulos sadios na raiz pivotante por planta de soja. Para tanto, é necessária uma adequada população de bactérias fixadoras de N, (Bradyrhizobium spp.) para uma nodulação eficiente.
Embora encontradas naturalmente no solo, nem sempre essas bactérias estão presentes em populações suficientes para uma adequada FBN, sendo necessário realizar a inoculação dessas bactérias via semente, solo e ou pulverização em casos mais específicos.
Essa inoculação é extremamente importante, principalmente em áreas de primeiro cultivo, em que a fauna microbiana do solo, ainda apresenta baixas concentrações de Bradyrhizobium. No entanto, mesmo com a multiplicação natural e colonização desses microrganismos no solo, a inoculação com Bradyrhizobium ainda é necessária mesmo em áreas onde tradicionalmente se cultiva a soja, passando a assumir papel de “reinoculação”.
Resultados da reinoculação em soja
Resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa evidenciam ganhos médias de produtividade de 4,5% da soja reinoculada em comparação a soja não reinoculada, havendo incrementos ainda maiores dependendo da região de cultivo e condições ambientais.
Além disso, conforme observado por Hungria et al. (2005), avaliando os efeitos da reinoculação e da complementação com fertilizantes nitrogenadas em parâmetros da FBN e no rendimento da soja, quando comparada à população estabelecida de Bradyrhizobium, a reinoculação aumenta significativamente a contribuição da fixação biológica do N2, de 79 % para 84 %.
Com relação a produtividade da cultura, os autores demonstram que, mesmo em áreas tradicionalmente cultivadas com soja, a reinoculação proporciona um incremento médio no rendimento de 127 kg/ha, correspondente a 4,7 % bem como no teor de N total nos grãos, em média, de 6,6 %.
Os resultados obtidos por Hungria et al. (2005) reforçaram os benefícios econômicos e ambientais que resultam da substituição dos fertilizantes nitrogenados pela inoculação, e ainda demonstram que, para a cultura da soja, a aplicação de fertilizantes nitrogenados inclusive reduz a nodulação e a contribuição da fixação biológica de N na produtividade da cultura (figura 1).
Figura 1. Rendimento de soja (kg/ha) não-inoculada (NI), sem e com fertilizante nitrogenado (200 kg de N/ha, metade na semeadura e metade em R2), ou inoculada (inoculação padrão, IP), sem ou com suplementação com fertilizante nitrogenado (30 kg de N/ha na semeadura, ou 50 kg de N/ha em R2, ou 50 kg de N/ha em R4).
Nesse sentido, são nítidos os benefícios resultantes da prática da reinoculação, mesmo em solos com populações estabelecidas elevadas de Bradyrhizobium, contribuindo para incrementos médios, na produtividade de grãos, de até 4,7 %.
Veja mais: Práticas de Inoculação e Coinoculação na Cultura da Soja
Referências:
GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja, 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-20152016.pdf >, acesso em: 19/06/2024.
HUNGRIA, M. et al. REINOCULAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, Documentos, n. 296, 2005. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/471039/1/Reinoculacaoeadubacaonitrogenadanaculturadasoja.pdf >, acesso em: 19/06/2024.
OLIVEIRA, JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Sistemas de Produção, n. 17, Tecnologias de produção de soja, cap 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 19/06/2024.