O magnésio (Mg) é considerado um macronutriente secundário utilizado pelas plantas em grande quantidade, porém menores que o nitrogênio (N) e potássio (K), sendo absorvido em quantidades semelhantes ao fósforo (IPNI). O magnésio possui grande importância na fisiologia vegetal, sendo componente essencial da porfirina da molécula de clorofila, um estabilizador da estrutura dos ribossomos. Esse mineral também é ativador de diversas enzimas envolvidas na fotossíntese, como a ribulose-1,5-bifosfato carboxilase / oxigenase (RuBisCO) e a fosfoenolpiruvato carboxilase (PEPCase), além de realizar ligações de moléculas de ATP a sítios ativos das enzimas, promovendo reações bioquímicas essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas (Paulilo et al., 2015).
As plantas obtêm magnésio da solução do solo, e de várias fontes externas para suprir a demanda desse nutriente, incluindo o magnésio importado de diversas fontes, como a água de irrigação, fertilizantes comerciais, esterco, biossólidos e deposição de sedimentos. Além disso, a disponibilidade de magnésio é influenciada pelo intemperismo de minerais primários e secundários que contêm magnésio. Esses minerais incluem anfibólios, biotita, cloritas, dolomitas, granadas, olivina, magnesita, flogopita, certos tipos de piroxênios, serpentinas, talco e turmalina.
A liberação de magnésio ocorre a partir das camadas internas dos filossilicatos, como clorita, esmectita e vermiculita. Além disso, o magnésio pode ser disponibilizado (dessorvido) das superfícies e arestas dos filossilicatos, o que é denominado como magnésio trocável. O magnésio trocável e o magnésio da solução do solo são as formas desse nutriente que são medidas pelas análises de solo e são consideradas prontamente disponíveis para as plantas (IPNI). O magnésio é um elemento crucial para o crescimento e desenvolvimento das plantas, e sua disponibilidade é influenciada por diversas fontes e processos geológicos e químicos.
Conforme destacam Castro et al. (2020), o magnésio, assim como outros nutrientes, pode ser perdido através da lixiviação, exportação pela cultura, bem como pelo processo de erosão do solo. As perdas por erosão são influenciadas pela textura e topografia do solo, quantidade de chuvas, sistema de cultivo e teor de nutrientes no solo. Embora a fração não trocável de magnésio não seja uma fonte importante de nutrientes para as culturas anuais, em certas condições, dependendo da origem do solo e dos processos de intemperismo, essa fração pode desempenhar um papel significativo na manutenção da disponibilidade de magnésio no solo.
Figura 1. Representação esquemática do ciclo biogeoquímico do magnésio em um sistema de produção agrícola.
A deficiência de magnésio nas plantas se manifesta com um sintoma característico, a clorose, que se desenvolve entre as nervuras foliares, afetando principalmente as folhas mais velhas devido à baixa mobilidade desse elemento. Em casos de deficiência severa, as folhas podem passar a apresentar uma coloração amarelada ou branca. Além disso, outro sintoma possível da deficiência de magnésio é a senescência e a queda prematura das folhas (Taiz & Zeiger, 2017).
Além disso, de acordo com o IPNI, a deficiência de magnésio pode afetar o crescimento de outros órgãos da planta, como as raízes e estruturas reprodutivas. A redução no crescimento das raízes, por sua vez, pode comprometer a capacidade da planta na absorção de outros nutrientes necessário para seu desenvolvimento, desencadeando uma série de problemas nutricionais que impactam o crescimento e desenvolvimento das plantas. Estes sintomas também podem evoluir para necrose entre as nervuras principais e provocar a curvatura do limbo foliar para baixo (Castro et al., 2020).
Figura 2. Folhas de soja com sintomas de deficiência de magnésio nas folhas mais velhas, na base das plantas.
Em casos de deficiência de magnésio nas plantas, a suplementação desse nutriente resulta no aumento das concentrações de magnésio nos tecidos vegetais, e, consequentemente, pode promover um aumento no crescimento e na produtividade das plantas.
Conforme Castro et al. (2020), a principal forma de adicionar Mg no solo é através da prática da calagem, contudo, em casos de desequilíbrio nutricional mais grave, essa prática pode não ser suficiente. Nesse sentido, existem alternativas para suprir a carência de magnésio no solo. Abaixo, podemos observar algumas fontes de Magnésio que são utilizadas para ajustar os níveis desse nutriente no solo, essas fontes também contêm cálcio, devendo-se ter atenção entre a relação Ca/Mg ao utilizá-las. É importante destacar que tanto a correção do solo quanto a adubação devem ser conduzidas com base em critérios técnicos. Para isso, a análise química de solo e dos tecidos vegetais, bem como a extração e exportação pela cultura, representam ferramentas eficientes para avaliar a necessidade dessa prática.
Figura 3. Fontes comerciais de magnésio utilizadas no Brasil.
De acordo com Oliveira Junior et al. (2020), a absorção de nutrientes pelas plantas geralmente é proporcional ao acúmulo de matéria seca total, por outro lado, as quantidades de nutrientes exportadas estão diretamente relacionadas à produtividade e à concentração dos nutrientes nos grãos, Nesse sentido, a reposição dos nutrientes exportados, torna-se essencial para a formulação de recomendações de adubação na cultura da soja, garantindo a manutenção da dos níveis adequados dos nutrientes no solo.
Figura 4. Quantidade de nutrientes ACUMULADA e EXPORTADA pela cultura da soja.
Apesar da possiblidade de identificar a deficiência nutricional através da análise visual, é fundamental a realização de uma análise de solo, complementada pela análise de tecido. De acordo com Oliveira Junior (2020), a diagnose foliar realizada por meio da análise química das folhas é um método de interpretação baseado na correlação positiva entre a concentração dos nutrientes nas plantas e soja e seu potencial de produção.
A época ideal para amostragem das folhas varia de acordo com o tipo de crescimento da soja, onde deve-se considerar o estádio de desenvolvimento de aproximadamente 50% das plantas do talhão. Para cultivares com hábito de crescimento determinado, a amostragem deve ser feita no início do florescimento R1 ou em florescimento pleno R2. Já para cultivares de crescimento indeterminado, a amostragem deve ocorrer de R2 até o estádio R3, contanto que as plantas estejam no estádio vegetativo V8 a V10.
Figura 5. Classes e teores de nutrientes utilizados na interpretação dos resultados das análises de folhas, sem pecíolo, de soja de tipos de crescimento determinado e indeterminado.
Veja mais: Exigências Nutricionais da Soja
CASTRO, C. et al. MAGNÉSIO: MANEJO PARA O EQUILÍBRIO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa Soja, Documentos 430. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224430/1/DOCUMENTO-430-online.pdf >, acesso em: 26/10/2023.
IPNI. MAGNÉSIO. Nutri-Fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as plantas. International Plant Nutrition Institute. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/nutrifacts-brasil.nsf/0/4EFEE30E1B302B318325818600449744/$FILE/NutriFacts-BRASIL-6.pdf >, acesso em: 26/10/2023.
OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa Soja, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 26/10/2023.
PAULILO, M. T. S. et al. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis – SC, 2015.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Artmed, ed. 6. Porto Alegre – RS, 2017.