A sucessão soja/milho (safrinha), assim como o cultivo do milho sucedido pela soja, é uma realidade de muitas propriedades agrícolas, onde as condições climáticas permitem o cultivo dessas culturas, sendo a cultura sucessora popularmente denominado como safrinha. Entretanto, após a colheita do milho, é comum observar plantas remanescentes, oriundas principalmente das perdas de colheita do grão.

Essas plantas, assumem papel de plantas daninhas, atuando como hospedeiras de pragas, doenças, além de matocompetir com a soja na safra seguinte. Popularmente, essas plantas de milho são conhecidas como “milho tiguera”, ou milho espontâneo.

Dentre as principais causas da ocorrência do milho tiguera, podemos destacar as perdas de colheita, causadas principalmente pela má regulagem da colhedora, e/ou má condução da operação. Para reduzir as perdas de colheita, é necessário o ajuste e regulagem adequados da colhedora.

Uma vez que as perdas ocasionadas pela ação a colhedora podem ser minimizadas e mantidas em padrões aceitáveis (em torno de até 1%), basta então que os operadores e os gestores de colheita se atentem para as regulagens necessárias e para o fato de que a maior parte das perdas na colheita advém da velocidade excessiva empregada durante a operação (Silva et al., 2022).

Além do impacto indireto, contribuindo para a manutenção da sobrevivência de pragas e patógenos, o milho tiguera exerce impacto direto sobre a produtividade da soja cultivada em sucessão. Resultados de pesquisas demonstram que a presença de 0,5 plantas de milho m-2 pode resultar em perdas de produtividade de aproximadamente 9,3% em soja, sendo essas perdas, acentuadas e medida em que há o aumento populacional do milho.

Figura 1. Perdas de rendimento de grãos de soja em função da população de plantas de milho.

Fonte: Rizzardi et al. (2012), apud Silva et al. (2022)

Além das perdas produtivas em soja, uma preocupante questão relacionada ao milho tiguera é a sobrevivência da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), praga que vem assolando lavouras de milho, tendo como principais danos, a transmissão dos enfezamentos ao milho. Até então, o milho é tido como a única planta hospedeira da cigarrinha, logo, o controle do milho tiguera compreende uma das principais estratégias de manejo visando o controle das cigarrinhas durante o período entressafra do milho, bem como para a redução dos casos de enfezamento na cultura.



Vale destacar que a praga apresenta ciclo curto e grande capacidade prolífera, sendo que as fêmeas da cigarrinha-do-milho podem depositar cerca de 14 ovos dia-1, podendo colocar até 611 ovos durante seu ciclo de vida (45 dias) (Waquil, 2004).

Figura 1. Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis).

Fonte: Portal Bold System

Com base nos aspectos observados, deve-se atentar para o manejo e controle do milho tiguera, tendo como início, a boa regulagem da colhedora e execução da atividade visando reduzir as perdas de colheita.


Veja mais: Quando controlar e quais os produtos com registro para a cigarrinha-do-milho?



Referências:

SILVA, R. P. et al. O DESAFIO DO MILHO TIGUERA. HRAC-BR, Informe Técnica, n. 2, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/12R39cZdrCmOH83q_Lgwugvv_-msTzO4g/view >, acesso em: 14/03/2023.

WAQUIL, J. M. et al. CIGARRINHA-DO-MILHO: VETOR DE MOLICUTES E VÍRUS.  Embrapa, Circular Técnica, n. 41, 2004. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/cigarrinha-do-milho-vetor-de-molicutes-e-virus.pdf/17d847e1-e4f1-4000-9d4f-7b7a0c720fd0 >, acesso em: 14/03/2023.

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