Nitrogênio na soja

O Nitrogênio (N) é o nutriente mais requerido pela soja. Em suma, o N faz parte de moléculas de proteínas, ácidos nucleicos, hormônios (algumas auxinas e citocininas) e clorofila. Muitas das proteínas são enzimas, moléculas imprescindíveis para que ocorram todas as reações químicas do metabolismo primário celular, como fotossíntese, via glicolítica, Ciclo de Krebs. Portanto, a deficiência em nitrogênio é caracterizada pela clorose geral das folhas e baixas taxas de crescimento (Paulilo; Viana, Randi, 2015).

Demanda de N

Indispensável para o metabolismo vegetal, são necessários cerca de 78 kg de Nitrogênio por tonelada de soja produzida, dos quais, 54 kg são exportados nos grãos e 24 kg nos resíduos culturais (Oliveira Junior et al., 2020). Felizmente, via fixação biológica de nitrogênio (FBN), as bactérias do gênero Bradyrhizobium são capazes de fornecer todo o N necessário para produtividades médias de até 3600 kg ha-1 (Gitti, 2016).

Embora essas bactérias sejam originarias do solo, normalmente são encontradas em populações pequenas, o que torna necessário realizar a inoculação das sementes ou sulco de semeadura para promover o aumento populacional de Bradyrhizobium, suficiente para realizar uma FBN que supra as necessidades de N da soja.

Entretanto, em algumas situações, a prática da inoculação da soja é negligenciada, não recebendo a devida atenção seja no processo de inoculação ou na realização da prática propriamente dita. E se não tivéssemos a FBN, já pensou na quantidade de Nitrogênio que teríamos que fornecer para a soja?

Considerando a produtividade de soja de 3600 kg ha-1, a qual tem toda a demanda de N suprida via FBN, caso não tivéssemos a FBN, teríamos que fornecer cerca de 280,8 kg de Nitrogênio por hectare.

Dentre as principais fontes de Nitrogênio utilizadas na agricultura, destacam-se a uréia, com garantia mínima de 45% de N, o sulfato de amônio com 20% de N e o nitrato de amônio com 32% de N (Horowitz; Bley; Correa, 2016).

Convertendo números

Ureia: Utilizando ureia, considerando que esse fertilizante contenha 45% de N, para suprir os 280,8 kg de N para a obtenção de 3600 kg ha-1 de soja, seriam necessários cerca de 624 kg ha-1 de ureia, ou seja, cerca de 12,5 sc ha-1.

Sulfato de amônio: Com menor concentração de N (20% de N), as quantidades necessárias de sulfato de amônio são ainda maiores em comparação a ureia. Para a produtividade média de 3600 kg ha-1 de soja, seriam necessários cerca de 1404 kg ha-1 de sulfato de amônio.

Nitrato de amônio: No caso do nitrato de amônio, cuja concentração de Nitrogênio é de 32%, considerando a necessidade de N da cultura e a produtividade média de 3600 kg ha-1, seriam necessários aproximadamente 877,5 kg ha-1 desse fertilizante para alcançar dada produtividade de soja.

Tendo em vista o impacto econômico que a ausência da FBN pode expressar sobre a produtividade e rentabilidade da soja, adotar estratégias de manejo que permitam otimizar a fixação biológica de Nitrogênio pelas bactérias do gênero Bradyrhizobium  é de suma importância para assegurar a sustentabilidade e rentabilidade da sojicultura, visto que, na ausência da FBN, dificilmente o cultivo da soja seria uma atividade rentável.


Veja mais: Práticas de Inoculação e Coinoculação na Cultura da Soja



Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2025/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-20152016.pdf >, acesso em: 19/04/2024.

HOROWITZ, N.; BLEY, H.; CORREA, J. C. CORRETIVOS E FERTILIZANTES MINERAIS. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional Sul: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC. Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, cap. 8, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 19/04/2024.

OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa. Tecnologias de produção de soja, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 19/04/2024.

PAULILO, M. T. S.; VIANA, A. M.; RANDI, A. M. FISIOLOGIA VEGETAL. Universidade Federal de Santa Catarina, 2015. Disponível em: < https://antigo.uab.ufsc.br/biologia//files/2020/08/Fisiologia-Vegetal.pdf >, acesso em: 19/04/2024.

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