Enfezamentos do milho
Os enfezamentos do milho têm causado grande impacto na produtividade das lavouras do cereal. Os enfezamentos são causados pela infecção da planta por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt), que causam respectivamente o enfezamento-pálido e o enfezamento-vermelho (Embrapa).
Oliveira & Sabato (2018), destacam que os enfezamentos são doenças sistêmicas que afetam a fisiologia, a nutrição, o desenvolvimento e a produção das plantas de milho, podendo reduzir de forma expressiva a produção de grãos/sementes. O complexo de enfezamentos do milho resulta em sintomas como folhas amareladas e/ou avermelhadas, estrias cloróticas nas folhas, perfilhamento, encurtamento dos entrenós, redução do porte das plantas, proliferação de espigas, espigas com menor desenvolvimento ou deformadas, grãos chochos, acamamento e morte prematura das plantas (Alves et al., 2020).
Figura 1. Redução do tamanho de espigas e problemas de polinização/granação em plantas afetadas por enfezamentos.

A cigarrinha-do-milho
Os enfezamentos são transmitidos por vetores, conhecidos popularmente como cigarrinhas-do-milho, sendo a mais comum e conhecida a Dalbulus maidis e recentemente descoberta, a cigarrinha Leptodelphax maculigera. Quanto mais cedo ocorre a infecção da planta, maiores são os danos em milho. Sendo assim, o controle no período inicial do desenvolvimento do milho é indispensável para reduzir as perdas produtivas.
Figura 2. Adultos de Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera.

Período crítico
Considerando que, quando mais cedo ocorre a infecção da planta, maiores são os danos à produtividade do milho, há um período crítico em que o controle da cigarrinha deve ser priorizado. O período crítico para o controle da praga varia de VE a V5. Conforme recomendações de manejo, o controle da cigarrinha-do-milho deve ocorrer até os 40 dias após a emergência, após esse período, não são observadas vantagens em função do controle do vetor (Cota et al., 2021).
Figura 3. Período Crítico de controle da cigarrinha-do-milho.
Nível de controle da cigarrinha-do-milho
Uma das medidas de manejo para o controle da cigarrinha-do-milho e transmissão dos enfezamentos consiste no tratamento de sementes com inseticidas, entretanto, normalmente o efeito residual do tratamento de sementes é limitado em 10 a 15 dias. Sendo assim, o controle químico com o uso de inseticidas via pulverização é necessário após esse período.
Até então, não há nível de controle pré-estabelecido para o manejo da cigarrinha-do-milho, uma vez que, a capacidade da praga em transmitir os enfezamentos está relacionada a quantidade de indivíduos infectados com os molicutes e não com a densidade populacional da praga. No entanto, considerando a gravidade dos danos causados pelos enfezamentos, recomenda-se realizar o controle da cigarrinha-do-milho quando constatada sua presença durante o período crítico da cultura (VE a V5), especialmente em áreas com histórico de ocorrência dos enfezamentos.
Veja mais: Nova espécie de cigarrinha do milho capaz de transmitir enfezamentos é observada em Goiás
Referências:
ALVES, A. P. et al. GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA O MANEJO DOS ENFEZAMENTOS E DA CIGARRINHA-DO-MILHO. Embrapa, Croplife Brasil, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220559/1/Charles-Guia-Boas-Praticas-Cigarinha-do-Milho.pdf >, acesso em: 28/03/2024.
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1130346/manejo-da-cigarrinha-e-enfezamentos-na-cultura-do-milho >, acesso em: 28/03/2024.
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICUTES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa, Controle da Cigarrinha do Milho. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho >, acesso em: 28/03/2024.
FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 28/03/2024.
OLIVEIRA, C. M.; SÁBATO, E. O. ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE Dalbulus maidis, PARA CONTROLE DE ENFEZAMENTOS E VIROSE NA CULTURA DO MILHO. XXXII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/183260/1/Cap-25-Estrategias-manejo-apagar.pdf >, acesso em: 28/03/2024.