O oídio (Erysiphe diffusa) é uma das doenças fúngicas mais comuns em soja. A doença é caracterizada por seus sintomas que incluem a cobertura das folhas por uma fina camada esbranquiçada constituída por micélios e esporos do fungo (figura 1).
O Oídio é favorecido por condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas, variando entre 18°C a 24°C. Embora possa ocorrer em qualquer estádio do desenvolvimento da soja, por ocasião o oídio é mais frequente no início da floração da soja (Soares et al., 2023).
Figura 1. Sintomas de oídio (Erysiphe diffusa) em soja.
Quando o oídio causa os maiores danos em soja?
Avaliando os danos causados por infecção do oídio em diferentes estádios do desenvolvimento da soja (R1 – R2; R3 – R4; R5.1 – R5.2 e R5.3 – R5.4), Igarashi et al. (2010), observaram que as maiores perdas de produtividade em soja foram observadas quando a infecção do oídio ocorreu no início do período reprodutivo da soja, nos estádios de R1 – R2 (T3) e R3 – R4 (T4).
Nesses tratamentos, a infecção por oídio nas plantas em início do florescimento e formação das vagens, reduziu a área foliar fotossintéticamente ativa da planta, provocando redução na quantidade e na qualidade de grãos e, consequentemente, na produtividade (Igarashi et al., 2010).
Tabela 1. Produtividade (kg ha-1), peso de 1.000 sementes (g), número de vagens por plantas e altura da planta (cm) obtido no experimento.
Conforme observado por Igarashi et al. (2010), estatisticamente, a incidência do oídio no início do período reprodutivo, tem o mesmo impacto negativo gerado pela ausência de controle da doença (testemunha sem controle), mesmo realizando, uma aplicação de epoxiconazole + pyraclostrobin no estádio V3 para o tratamento T3 e duas aplicações nos estádios Vn e R1 para o tratamento T4.
Nesse sentido, fica evidente a necessidade de intensificar o monitoramento e controle do oídio no início do florescimento da soja, para mitigar os prejuízos causados pela doença na cultura.
Estratégias de controle do oídio
Sob condições favoráveis ao desenvolvimento do oídio, recomenda-se agir no aparecimento dos primeiros sintomas da doença, que normalmente começam a surgir no estágio fenológico de V5/V6. Devido à elevada taxa de evolução da doença em condições favoráveis, o controle se torna mais difícil, especialmente após o fechamento das entrelinhas (Prestes et al., 2022).
As aplicações de fungicidas para o controle do oídio são realizadas após observação dos sintomas iniciais, com limiar de ação de 20% de severidade no terço inferior da planta (Oliveira; Rosa, 2014), embora não existam dados que suportem essa recomendação e também não seja uma recomendação baseada em limiar de dano ou grupo químico de fungicida (mencionado em Godoy et al., 2022), o controle anterior a esse momento pode resultar na necessidade de realizar aplicações adicionais de fungicidas (Castro, 2016).
Referências:
CASTRO, R. L. A. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS CAUSADAS POR FUNGICIDAS EM SOJA INFECTADA NATURALMENTE POR OÍDIO. Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, 105p, 2016. Disponível em: < https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/17802/1/AlteracoesFisiologicasCausadas.pdf >, acesso em: 25/09/2024.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DO OÍDIO, NA SAFRA 2021/2022: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 184, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145700/1/Circ-Tec-184.pdf >, acesso em: 25/09/2024.
IGARASHI, S. et al. DANOS CAUSADOS PELA INFECÇÃO DE OÍDIO EM DIFERENTES ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA SOJA. Arq. Inst. Biol., 2010. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/aib/a/wVGKLGVN9mt3t47xWYhQGjc/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 25/09/2024.
OLIVEIRA, A. C. B. de; ROSA, A. P. S. A. da. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SANTA CATARINA, SAFRAS 2014/2015 E 2015/2016. Embrapa Clima Temperado, Documento n. 382, 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1011192/1/IndicacoesTecnicasEmbrapa003.pdf >, acesso em: 25/09/2024.
PRESTES, S. et al. OÍDIO E MOFO-BRANCO EM SOJA: LA NIÑA FAVORECE O DESENVOLVIMENTO DESSAS DOENÇAS. Fundação ABC, Fitopatologia2022. Disponível em: < https://fundacaoabc.org/wp-content/uploads/2022/11/202211revista-pdf.pdf >, acesso em: 25/09/2024.
SOARES, R. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. Embrapa, Documentos, n. 256, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1158639/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja >, acesso em: 25/09/2024.