Em algumas regiões de cultivo e modelos de produção, o trigo (Triticum aestivum), pode ser considerado uma importante cultura de inverno, exercendo importância econômica e sustentável, principalmente se tratando do sistema plantio direto (SPD). Contudo, por apresentar importância econômica, além da obtenção de altas produtividades, é desejável que o trigo apresente boa qualidade, isso, porque a precificação do grão leva em consideração algumas características qualitativas do trigo e exigências da indústria.

Para embasar e padronizar a forma de avaliação do trigo, em 1994 a Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) nº 167, de 29 de julho de 1994, estabeleceu a criação de três tipos e quatro classes de trigo (atualmente cinco classes). Para a caracterização física de lotes comerciais, foram estabelecidos limites de tolerância para enquadramento nos Tipos 1, 2 e 3, baseados no percentual máximo de umidade, de matérias estranhas e impurezas, de grãos danificados e no valor mínimo de peso do hectolitro. Já para a caracterização qualitativa de lotes comerciais, foram estabelecidas as classes melhorador, superior, intermediário e comum, baseadas nos valores de força geral de glúten (W), de estabilidade e no índice de queda (Oliveira Neto & Santos, 2017).

Segundo Instrução Normativa nº 7, de 15/08/01, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, publicada no Diário Oficial da União de 21/08/2001, o trigo é classificado seguindo cinco classes de trigo, sendo elas: Trigo Brando, Trigo Pão, Trigo Melhorador, Trigo para Outros Usos e Trigo Durum (Embrapa).

Tabela 1. Classificação do trigo quando ao Tipo.

Fonte: Embrapa

Tabela 2. Classificação do trigo quanto a classe.

Fonte: Embrapa

Embora os avanços do melhoramento genético tenham contribuído para a melhoria da qualidade e produtividade de cultivares de trigo, cabe destacar que a qualidade do trigo depende não só da genética, mas também das condições climáticas durante o ciclo de cultivo; dos recursos do solo onde será cultivado; dos recursos tecnológicos aplicados no cultivo; do manejo pós-colheita da produção no campo; e do processo industrial de transformação de farinhas (Miranda; De Mori; Lorini, 2009).

Os avanços em processos de mecanização e automatização de manufatura nas indústrias de moagem e de panificação resultaram em padrões mais exigentes de trigo, envolvendo análises mais minuciosas e um grande número de características de qualidade para avaliação de trigo (Miranda; De Mori; Lorini, 2009). Uma das análises mais utilizadas para avaliar características qualitativas da farinha é a alveografia.



Os principais parâmetros avaliados pela alveografia são a força de glúten (W), a tenacidade (P) e a extensibilidade (L). Considera-se adequado para a fabricação de pão francês (Tipo Pão) uma farinha que apresente W em torno de 250 e P/L entre 0,6 e 1,2. Valores de W abaixo de 200 e P/L abaixo de 0,6, caracterizam um trigo Brando, com a farinha servindo para o fabrico de bolachas e biscoitos. Valores de W acima de 300 caracterizam um trigo Melhorador, farinha muito utilizada para efetuar mesclas e fabrico de massas (Bassoi et al., 2008).

Tendo em vista que a qualidade do trigo é um dos parâmetros avaliados pela indústria, havendo certa exigência quando a características qualitativas desse cereal, deve-se atentar para estratégias de manejo que possam beneficiar atributos qualitativos do trigo, utilizando de boas práticas agrícolas para manutenção da qualidade do grão produzido.


Veja mais: Adubação nitrogenada no trigo – Quando fazer? Parcelar ou não parcelar?


Referências:

BASSOI, M. C. et al. CULTIVARES DE TRIGO EMBRAPA. Embrapa, Documentos, n. 307, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/470771/1/Documentos307.pdf >, acesso em: 06/06/2022.

EMBRAPA. QUALIDADE INDUSTRIAL. Embrapa Trigo: Sistemas de Produção. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/publicacoes/sist-prod/trigo-central02/trigo4.htm#:~:text=O%20trigo%20ser%C3%A1%20classificado%20em%205%20(cinco)%20classes%3A%20Trigo,Queda%2C%20conforme%20a%20Tabela%20I.&text=5.2. >, acesso em: 06/06/2022.

MIRANDA, M. Z.; DE MORI, C.; LORINI, I. QUALIDADE COMERCIAL DO TRIGO BRASILEIRO: SAFRA 2006. Embrapa, Documentos, n. 112, 2009. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do112.pdf >, acesso em: 06/06/2022.

OLIVEIRA NETO, A. A.; SANTOS, C. M. R. A CULTURA DO TRIGO. Companhia Nacional de Abastecimento, 2017. Disponível em: < https://www.conab.gov.br/uploads/arquivos/17_04_25_11_40_00_a_cultura_do_trigo_versao_digital_final.pdf >, acesso em: 06/06/2022.

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