Este trabalho teve o objetivo de realizar um levantamento e
identificação de patógenos presentes nos silos metálicos de duas empresas
armazenadoras de grãos do município de Nova Andradina.
Autores: Gabriel Ferreira Paiva¹; Maycon Dias de Lima¹; Bruno Hideki Sugimoto¹; Paula
Karina Lima de Jesus¹; Richard Santos¹; Francisco José Teixeira Gonçalves²;
Márcio Lustosa dos Santos².
Introdução
A soja é uma das culturas mais importantes atualmente no Brasil. O Brasil tem o potencial para ser o maior produtor de soja do mundo na safra de 2018/2019, segundo estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Devido a este fato, o Brasil tem por necessidade priorizar a produtividade e armazenagem dessa produção, buscando sempre um aperfeiçoamento das técnicas empregadas e a qualidade de seus produtos garantindo uma constante capacidade de movimentação da sua produção. (Teixeira, 2001). Com essa alta produção a qualidade sanitária de grãos e sementes é um dos principais aspectos a ser observados, podendo acarretar diversos problemas posteriores (Pereira; Muniz; Nascimento, 2005). As espécies de patógenos mais incidentes em grãos armazenados são Penicillium e Aspergillus pois são capazes completar o seu ciclo em matéria orgânica, desde de que as condições do ambiente sejam favoráveis para o seu desenvolvimento (Henning, 2005). Diante disso, este trabalho teve o objetivo de realizar um levantamento e identificação de patógenos presentes nos silos metálicos de duas empresas armazenadoras de grãos do município de Nova Andradina.
Material e Métodos
Este estudo foi desenvolvido no Laboratório de Biologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Câmpus Nova Andradina, localizado na Fazenda Santa Bárbara, Rodovia MS 473, Km 23. As amostras foram coletadas no interior dos silos metálicos, sendo o material coletado de cada silo homogeneizado. Para realizar a determinação da sanidade dos grãos, foi utilizado o método do blotter test descrita no manual de Regras para Análise de Sementes RAS (2009), utilizando quarenta repetições de dez grãos de cada silo, totalizando 400 grãos/silo.
Os grãos de uma das subamostras foram submetidos ao processo de desinfestação, sendo colocadas em álcool 70° por 30 segundos e depois em hipoclorito de sódio por 2 minutos e 2x em água destilada (autoclavada) por 1 minuto. Na outra subamostra o teste foi feito com as sementes sem desinfestação. Os grãos foram distribuídos em placas de Petri (10 sementes/placa), contendo no fundo três folhas de papel de filtro esterilizadas e umedecidas com água destilada estéril.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC). Após a montagem, as placas com os grãos foram incubadas em BOD a 26±2 ºC e fotoperíodo de 12 horas, durante 7 dias. Após o período de incubação os fungos foram identificados através de montagens microscópicas, calculando-se a porcentagem de infestação de cada gênero fúngico.
Resultados e Discussão
Nos grãos avaliados observou-se a presença dos seguintes gêneros: Fusarium, Aspergillus, Penicillium, Rhizopus, Cladosporium e Trichoderma, sendo que para Fusarium e Aspergillus foram constatadas maiores incidências (Figura 1). Guterres et al. (2017), constaram em suas análises nas safras de 2015, 2016 e 2017 no Rio Grande do Sul a presença de Aspergillus (10,3%), Fusarium (8%), Penicillium (8%). Segundo os autores, a alta incidência desses fungos pode estar relacionada com altas precipitações ocorridas nesse período. Vários trabalhos demonstram que a incidência de Aspergillus tem sido maior que a de Cladosporium nos grãos provenientes de armazenamento (Araújo et al., 2004; Gomes et al., 2006; Silva et al., 2007). Sendo este comportamento observado nas duas cooperativas e nas sementes desinfestadas e sem desinfestação.
Figura 1. Representação gráfica comparando a incidência dos patógenos presentes nos grãos de soja em ambas as cooperativas. Sendo: SD: Sementes Desinfestadas; SND: Sementes Não Desinfestadas.
Conclusão
Os grãos analisados apresentaram alta incidência de fungos que são comumente associados a podridões nestes órgãos com destaque para Fusarium, Aspergillus e Rhizopus.
Referências
ARAÚJO, A.E.S.; CASTRO, A.P.G.; ROSETTO, C.A.V. Avaliação de metodologia para detecção de fungos em sementes de amendoim. Revista Brasileira de Sementes, Londrina, v.26, n.2, p.45-54, 2004.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de Análise Sanitária de Sementes / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília: Mapa/ACS, 2009. 200 p. ISBN 978-85-99851-64-7
GOMES, D.P.; BRINGEL, J.M.M.; MORAES, M.F.H.; GOMES, J.J.A.; LEITE, R.M.V.B.C. Qualidade fisiológica e sanitária de sementes de girassol produzidas na região de Timon, Maranhão. Summa Phytopathologica, Botucatu, v.32, n.3, p.291-292, 2006.
GUTERRES, C.W.; SEIDEL, G.; GUBIANI, D.; MOREIRA, J.; BASTOS, P. F. B. Levantamento de fungos associados às sementes de soja e trigo nas safras agrícolas 2015, 2016 e 2017 no Rio Grande do Sul. 2017. Disponível em: https://maissoja.com.br/levantamento-de-fungos-associados-as-sementes-de-soja-etrigo-nas-safras-agricolas-2015-2016-e-2017-no-rio-grande-do-sul/. Acesso em: 08/06/2019.
HENNING, A. A. Patologia de Sementes: Noções gerais. Londrina: EMBRAPA Soja, 2005. 52p.
PEREIRA, R.S.; MUNIZ, M.F.B.; NASCIMENTO, W.M. Aspectos relacionados à qualidade de sementes de coentro. Horticultura Brasileira, v.23, p. 703-706, 2005.
SILVA, P.V.; BARROSO, R.V.; MACHADO, A.K.S.; PASIN, L.A.A.P. Fungos associados às sementes de girassol (Helianthus annuus L.) e capuchinha (Tropaeolum majus L.) em diferentes condições de armazenamento. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.74, p.39-42, 2007.
TEIXEIRA, G. V. Avaliação das perdas qualitativas no armazenamento da soja. 2001. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Universidade Estadual de Campinas. São Paulo.
Informações dos autores
¹ Acadêmicos do Curso de Agronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), Nova Andradina/MS.
² Professores, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), Nova Andradina/MS.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.