A calagem é a principal e mais utilizada prática de manejo com o intuito de corrigir o pH do solo, neutralizando a acidez ativa, representada pela atividade do H+ na solução do solo. Essa acides afeta relações químicas do solo, interferindo na disponibilidade de nutrientes do solo para as plantas, e consequentemente no crescimento, desenvolvimento e produtividade da cultura.

Com isso em vista, trabalhar com níveis adequados de pH do solo, é essencial para assegurar adequadas condições químicas do solo, para o bom crescimento e desenvolvimento vegetal. Para a maioria das culturas agrícolas produtoras de grãos, é consenso que a faixa de pH variando entre 5,5 e 6,5 é a mais adequada por possibilitar maior disponibilidade dos nutrientes para as plantas.

Figura 1. Disponibilidade de nutrientes em função do pH do solo.

Visando corrigir o pH do solo, o emprego do calcário por meio da calagem do solo é a ferramenta mais utilizada em lavouras comerciais. Dependendo da necessidade da lavoura em corrigir também níveis de Cálcio ou Magnésio no solo, pode-se optar pelo uso do calcário calcítio (rico em Ca) ou do calcário dolomítico (rico em Ca e Mg). A quantidade de calcário utilizada irá depender da necessidade para corrigir o pH ao nível desejado, bem como do Poder Relativo de Neutralização Total do calcário (PRNT).

Cabe destacar que o calcário apresenta baixa mobilidade no solo, sendo considerado praticamente imóvel, o que afeta sua capacidade em corrigir o pH do solo nas camadas mais profundas. Em casos onde há acidez ativa em profundidade, recomenda-se a incorporação do calcário para a correção do solo. Já no sistema plantio direto (SPD), onde uma das premissas consiste no não revolvimento do solo, a correção da acidez do solo deve ser realizada no momento de implantação do sistema, de forma eficiente e segura, a fim de assegurar boa correção do solo em profundidade. Em sistemas já consolidados onde há presença de acidez ativa e a necessidade de se corrigir o pH em profundidade, pode ser necessário reinicializar o sistema.



Quanto tempo o efeito do calcário dura no solo?

A frequência com que a necessidade de calagem ocorre, varia com a dose e o residual do calcário aplicado anteriormente, bem como com o tipo de solo, de planta cultivada e do sistema de manejo empregado (Santos et al., 2016). Contudo, de maneira geral, pode-se dizer que o efeito da calagem persiste de 3 a 5 anos, dependendo da quantidade e do tipo de corretivo utilizado, do manejo do solo e da cultura (Martin, 2022).

Conforme destacado por Martin (2022), em áreas com monocultivo de soja, o efeito residual da calagem é mais prolongado, que em áreas com cultivo de soja e gramíneas com adubação nitrogenada. Após o período residual, indica-se realizar nova análise de solo para quantificar a dose de corretivo a ser aplicada.

Embora existam diferentes recomendações de calagem em função da diversidade de solos e ambientes de cultivo, realizar a calagem é essencial para otimizar o uso dos fertilizantes, reduzir os danos ocasionado pela acidez do solo e obter boas produtividades. Logo, é essencial realizar a análise química do solo para avaliar a necessidade de calagem, bem como de correção dos teores nutricionais do solo, com base nas recomendações locais pré-estabelecidas nos manuais de adubação e calagem para sua região.


Veja mais: Qual o intervalo entre calagem e semeadura?



Referências:

MARTIN, T. N. INDICAÇÕES TÉCNICAS PARA A CULTURA DA SOJA NO RIO GRANDE DO SUL E EM SNATA CATARINA, SAFRAS 2022/2023 E 2023/2024. Editora GR, Santa Maria, 2022. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1lKQ3TVyZpKwIuWd9VbFHAyhDRKn0itT0/view >, acesso em: 11/01/2023.

SANTOS, D. R. et al. DIAGNÓSTICO DA ACIDEZ E RECOMENDAÇÃO DA CALAGEM. MANUAL DE CALAGEM E ADUBAÇÃO: PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO SUL E DE SANTA CARTARINA, cap. 5, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional Sul. Comissão de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 11/01/2023.

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