O Glifosato no manejo de plantas daninhas
Um dos avanços da transgenia na cultura da soja foi o advento da tecnologia RR (Roundup Ready), que proveu tolerância da soja com essa biotecnologia, ao herbicida inibidora da EPSPs, glifosato. Com a soja RR, o glifosato passou a ser o herbicida mais utilizado no manejo e controle de plantas daninhas na pós emergência da cultura.
O glifosato é um herbicida de amplo espectro, usado apenas em pós-emergência devido a sua alta adsorção ao solo, não apresentando ação residual. Esse herbicida é translocado principalmente pelo floema. Pela absorção ativa, além da difusão passiva (transporte passivo), carregadores de fosfato conseguem reconhecer a molécula de glifosato, o qual compete com o íon para ser absorvido pela célula (Carvalho 2013).
Considerado um herbicida não seletivo, de amplo espectro e seletivo à soja RR, o glifosato passou a ser amplamente utilizado no pré-plantio (dessecação) e pós-plantio, para o controle de plantas daninhas em culturas RR, e no pré-plantio (dessecação) de cultura não tolerantes a ele. O Glifosato é degradado biologicamente, apresenta alta adsorção no solo e não possui ação residual.
Absorção e translocação do glifosato
Para que ocorra um controle efetivo em plantas sensíveis, é necessário que ocorra uma boa absorção do herbicida pela planta. O glifosato é absorvido pelas folhas e outras partes aéreas das plantas. Uma vez absorvido, transloca-se rápida e intensivamente pelo simplasto. Depois de atingir o floema, geralmente segue o fluxo de movimento de fotoassimilados fonte-dreno e acumula-se em áreas de crescimento ativo (meristemas). Após, ocorre a paralisação do crescimento, e muitos tecidos das plantas se degradam lentamente em função da falta de proteínas (Barroso & Murata, 2021).
Para ser absorvido pela planta, o glifosato precisa ultrapassar a cutícula da folha, que serve como barreira para a absorção do produto. A cutícula é composta de uma matriz insolúvel de cutina, pectina, ceras cuticulares e ceras epicuticulares. Em sua camada mais externa, existe a presença de uma cera (cera epicuticular) que é composta da mistura de compostos tais como: hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, triterpenos, flavonoides e ácidos graxos de cadeia muito longa. Em suma, plantas mais jovens com menor espessura de cutícula tendem a absorção mais facilmente o glifosato (Barroso & Murata, 2021).
Chuva após aplicação
Vale destacar que a absorção do glifosato é dificultada se as plantas estiverem cobertas de poeira, pois ocorrerá alta adsorção das moléculas do herbicida às partículas, dificultando o contato das moléculas do herbicida com a cutícula. Além disso, o glifosato é absorvido lentamente pela folhagem das plantas, sendo necessário um período para as formulações tradicionais de 4 a 6 horas sem chuvas após a aplicação do herbicida, para o controle adequado das plantas daninhas (Marchi; Marchi; Guimarães, 2008). Formulações mais modernas podem ter um período de absorção reduzido, mas a informação deve ser conferida com o fabricante.
Veja mais: Uso de herbicidas pré-emergentes na cultura do trigo
Referências:
BARROSO, A. A. M.; MURATA, A.T. MATOLOGIA: ESTUDOS SOBRE PLANTAS DANINHAS. Fabrica da Palavra, 2021. Disponível em: < https://www.matologia.com/_files/ugd/1a54d2_6bdc1f90aa6b47f6bb787706b381084e.pdf?index=true >, acesso em: 24/04/2024.
CARVALHO, L. B. HERBICIDAS. Lages, 2013. Disponível em: < https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/fitossanidade/leonardobiancodecarvalho/livro_herbicidas.pdf >, acesso em: 24/04/2024.
MARCHI, G.; MARCHI, E. C. S.; GUIMARÃES, T. G. HERBICIDAS: MECANISMOS DE AÇÃO E USO. Embrapa, Documentos, n. 227, 2008. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2010/30295/1/doc-227.pdf >, acesso em: 24/04/2024.