A rotação de culturas com o emprego de plantas de cobertura no sistema de produção é fundamental para assegurar a qualidade física, química e biológica do solo, contribuindo para o aumento da sustentabilidade da lavoura e sistema de produção. Como uma das características mais analisadas, o teor de matéria orgânica é frequentemente relacionado com a qualidade do solo.
Embora seja uma variável de aumento significativamente lendo, estando condicionado a uma série de fatores bióticos e abióticos, bem como interações entre processor físico-químicos, o aumento dos teores de matéria orgânica do solo é frequentemente pauta de discussões e muito almejado em lavouras agrícolas.
A adição de matéria orgânica (MO) ao solo ocorre pela deposição de resíduos orgânicos, principalmente de origem vegetal (Pillon; Mielniczuk; Martin Neto, 2002). Dentre as principais estratégias utilizadas com o intuito de elevar a MO do solo, destacam-se o cultivo de plantas de cobertura com abundante produção de palhada residual. Contudo, muitas vezes a escolha da planta de cobertura é embasada na produção de matéria seca da parte aérea da planta, e não das raízes.
Assim como a parte aérea da cultura, a matéria seca produzida pelas raízes das plantas contribui significativamente para o aumento dos teores de matéria orgânica no solo. Segundo Bordin et al. (2008), a contribuição das raízes ao aporte orgânico das culturas no solo é de 23% a 45% da matéria seca da parte aérea, conforme a cultura e o manejo utilizado.
Conforme destacado por Tiecher (2016) a quantidade de nutrientes presentes nas raízes, em especial de Nitrogênio, é frequentemente ignorada nos sistemas de cultivo porque se pensa que elas contêm pequenas quantidades desse nutriente, cerca de 10-15% do Nitrogênio total da planta, contudo, resultados de pesquisas demonstram que para a ervilhaca as raízes representam 26% do Nitrogênio total da planta e dependendo da espécie, o teor de Nitrogênio nas raízes pode chegar a 40%.
Logo, avaliar a produção de matéria seca pelas raízes da planta pode ser interessante para o posicionamento de culturas de cobertura no sistema de produção de grãos, visando não só o aumento dos teores de matéria orgânica do solo, como também da disponibilidade de nutrientes, em especial do Nitrogênio para culturas responsivas a ele.
Tabela 1. Produção de matéria seca (MS) e acúmulo de carbono (C) e nitrogênio (N) de raízes das principais espécies de plantas de cobertura de solo utilizadas em sistemas de culturas na Região Sul do Brasil.
Veja mais: Tecnologias aumentam eficiência do uso de nutrientes no campo
Referências:
BORDIN, I. et al. MATÉRIA SECA, CARBONO E NITROGÊNIO DE RAÍZES DE SOJA E MILHO EM PLANTIO DIRETO E CONVENCIONAL. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.43, n.12, p.1785-1792, dez. 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pab/a/jSkKdJ4Vp6DFXx8BXpnr6zz/?lang=pt >, acesso em: 18/11/2022.
PILLON, C. N. MIELNICZUK, J.; MARTIN NETO, L. DINÂMICA DA MATÉRIA ORGÂNICA NO AMBIENTE. Embrapa, Documentos, n. 105, 2002. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/32409/1/documento-105.pdf >, acesso em: 18/11/2022.
TIECHER, T. MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL: PRÁTICAS ALTERNATIVAS DE MANEJO VISANDO A CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA. Porto Alegre, UFRGS, 2016. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/handle/10183/149123 >, acesso em: 18/11/2022.