O trigo desempenha importante papel econômico e sustentável na produção agrícola, especialmente na região Sul do Brasil onde o clima favorece o crescimento e desenvolvimento da cultura. Entretanto, visando altas produtividades desse cereal, a alta resposta do trigo a mudança de densidade populacional e à adubação, dificulta o cultivo desse cereal em virtude da alta suscetibilidade de algumas cultivares ao acamamento.
Embora a genética tenha trabalhado para reduzir essa suscetibilidade das cultivares ao acamamento, é visível que algumas práticas de manejo e implantação da lavoura podem influenciar essa característica. Assim como elevadas doses de fertilizantes, Chagas et al. (2020) destacam que elevadas densidades de semeadura podem implicar em maior estatura de plantas, levando ao acamamento e perdas de rendimento de grãos.
Figura 1. Diferença no desenvolvimento das plantas de trigo BRS 264, na fase de surgimento do primeiro nó visível, oriundas de semeadura com densidade adequada e plantas oriundas de densidade de semeadura elevada.
Visando contornar esse problema, em lavoras de alto teto produtivo uma das alternativas para não abrir mão do elevado aporte nutricional é o uso de reguladores de crescimento, sendo o trinexapac-etil o mais conhecido e usual para a cultura do trigo. O trinexapac-etil inibe a biossíntese de ácido giberélico, e assim suprime o crescimento vegetativo das plantas (Azevedo; Fiorin; Wyzykowski, 2012).
Cabe destacar que as respostas da planta de trigo ao uso de reguladores de crescimento podem variar em função da cultivar, dose de fertilizantes utilizada, adubação nitrogenada de cobertura, entre outros fatores. Contudo, de maneira geral, conforme observado por Trevisan; Gregoleti; Hoffmann (2015), o uso do regulador de crescimento trinexapac-etil reduz a estatura de plantas, o acamamento, e eleva o índice de colheita e a produtividade da cultivar de trigo.
Corroborando essa afirmação, Chavarria et al. (2015) observaram incremento de produtividade do trigo com o uso do regulador de crescimento trinexapac-etil. Note que, com base nos resultados apresentados na tabela 1, as respostas produtivas do trigo em função da aplicação do regulador de crescimento em diferentes estádios do desenvolvimento do trigo podem variar de cultivar para cultivar.
Tabela 1. Componentes do rendimento, produtividade e qualidade de trigo dos cultivares Quartzo e Mirante, submetidos à aplicação de regulador de crescimento trinexapac-etil a campo.
Qual o melhor estádio para aplicação do regulador de crescimento no trigo?
Embora alguns trabalhos a exemplo dos conduzidos por Chavarria et al. (2015) e Trevisan; Gregoleti; Hoffmann (2015), tenham encontrado diferentes respostas produtivas em função da cultivar e época de aplicação do regulador de crescimento; de modo geral, recomenda-se que a aplicação do regulador de crescimento seja realizada preferencialmente no surgimento do 1° (primeiro) nó visível (logo após o perfilhamento).
Figura 2. Escala modificada da Feeks-Large, para caracterização dos estádios de desenvolvimento do trigo.
Pires et al. (2005) avaliando cultivares de trigo em sistema de manejo tradicional e otimizado, enfatizam que o melhor momento para a aplicação de reguladores de crescimento na cultura é durante o primeiro nó visível, onde sempre que aplicado o regulador de crescimento, as plantas de trigo apresentaram crescimento igual ou inferior ao da testemunha.
Figura 3. Momento de aplicação do redutor de crescimento nas cultivares de trigo do tratamento otimizado. Traço vermelho indica a posição do primeiro nó.
Tendo em vista os aspectos observados, pode-se dizer que os reguladores de crescimento são interessantes ferramentas de manejo para a cultura do trigo, possibilitando além da redução do acamamento, o aumento da produtividade da cultura.
Veja mais: Inoculação em trigo – Qual método pode resultar em melhores produtividades?
Referências:
AZEVEDO, W. T. R.; FIORIN, J. E.; WYZYKOWSKI, T. EFEITO DE DIFERENTES DOSES DE REGULADOR DE CRESCIMENTO MODDUS NA CULTURA DO TRIGO. XVII Seminário Interinstitucional De Ensino Pesquisa E Extensão Unicruz, 2012. Disponível em: < https://home.unicruz.edu.br/seminario/downloads/anais/ccaet/efeito%20de%20diferentes%20doses%20de%20regulador%20de%20crescimento%20moddus%20na%20cultura%20do%20trigo.pdf >, acesso em: 18/05/2022.
CHAGAS, J. H. et al. INFORMAÇÕES FITOTÉCNICAS DAS CULTIVARES DE TRIGO BRS 254, BRS 264 E BRS 394 PARA O SISTEMA IRRIGADO DO CERRADO DO BRASIL CENTRAL. Embrapa, Circular Técnica, n. 54, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/216292/1/CirTec-54.pdf >, acesso em: 18/05/2022.
CHAVARRIA, G. et al. REGULADOR DE CRESCIMENTO EM PLANTAS DE TRIGO: REFLEXOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO, RENDIMENTO E QUALIDADE DE GRÃOS. Rev. Ceres, Viçosa, v. 62, n.6, p. 583-588, nov-dez, 2015. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rceres/a/d8mhQWkjLGcbGWFvHFsLNcJ/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 18/05/2022.
PIRES, J. L. F. et al. AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE TRIGO EM SISTEMA DE MANEJO TRADICIONAL E OTIMIZADO, PASSO FUNDO, 2004. Embrapa, documentos online, n. 54, 2005. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do54.pdf >, acesso em: 18/05/2022.
TREVISAN. K; GREGOLETI, E.; HOFFMANN, A. F. TRINEXAPAC-ETIL DIMINUI O ACAMAMENTO E AUMENTA PRODUTIVIDADE DO CULTIVAR DE TRIGO TBIO PIONEIRO. RAMVI, Getúlio Vargas, v. 02, n. 03, jan./ jul. 2015. Disponível em: < https://www.getulio.ideau.com.br/wp-content/files_mf/4c6d23b80172d7a939bc7f99b6b20c00256_1.pdf >, acesso em: 18/05/2022.