O trigo, Triticum aestivum, é o cereal mais plantado no sul do país como opção de cultura de inverno e para esse ano, a área cultivada assim como a produtividade esperada é ainda maior. Enquanto que em 2021, a produção a nível de país foi de 7,6 milhões de toneladas, para 2022 o estimado é de 8,4 milhões de toneladas, cerca de 8% a mais que o ano anterior (CONAB, 2022).

Essa tendência, ou seja, o grande investimento por parte dos produtores nessa cultura pode ser explicado com base em diferentes fatores, mas principalmente pela alta demanda internacional e o elevado preço da commodity no mercado. Frente a essas oportunidades, bem como aos altos custos quanto aos investimentos com manejos na lavoura, cabe ao produtor planejar o andamento da safra de forma assertiva, selecionando tecnologias que realmente se adequem a sua área e cultivar.

Entre as diversas ferramentas disponíveis no mercado, o triticultor se depara com os reguladores ou redutores de crescimento, que dividem diferentes opiniões quanto ao seu uso e vantagens. Mas o que são os reguladores de crescimento e quais são seus objetivos para a cultura do trigo? Reguladores de crescimento são substâncias não sintetizadas pelas plantas que influenciam seu crescimento (Taiz & Zeiger, 2004). Ou seja, o objetivo dos reguladores de crescimento é controlar o crescimento em estatura das plantas de trigo, já que tem o efeito de inibir a biossíntese de giberelina, hormônio vegetal que, entre outras funções, é responsável pelo alongamento do colmo.

Dessa forma, a utilização de reguladores de crescimento pode diminuir o impacto ocasionado pelo acamamento em algumas cultivares de trigo e consequentemente reduzir as perdas de produtividade e dificuldades na colheita. O acamamento ou tombamento de plantas pode ocorrer por conta de fatores isolados ou associados na lavoura como: plantas que atingem alto porte, alta densidade de plantas por hectare, chuvas fortes, alta umidade, compactação do solo, adubação nitrogenada e peso de grãos. Para os triticultores que visam trabalhar com altas doses de nitrogênio, a aplicação de redutores de crescimento é uma excelente opção.

Conforme destacado por Chavarria et al. (2015), o uso de reguladores de crescimento não afeta significativamente a qualidade dos grãos e da farinha de trigo. A Embrapa, por exemplo, recomenda a aplicação de redutor de crescimento para o manejo do acamamento nas cultivares BRS Pardela e BRS Gralha-Azul.

Dentre os principais produtos utilizados na agricultura podemos destacar o  cloreto de 2-cloro etil trimetilamônia, conhecido como “CCC”, o Cycocel (CCC), e o mais utilizado, o Trinexapac-etil (Moddus). (Rodrigues et al., 2003).

O trinexapac-ethyl é um regulador de crescimento que pode ser utilizado em trigo e cevada, que atua na síntese de giberelinas e promove redução no comprimento do colmo com diminuição da altura da planta, evitando o acamamento (Amrein et al., 1989). A máxima inibição do crescimento ocorre até duas ou três semanas após sua aplicação (Fagerness; Penner, 1998). Por se tratar de um indutor hormonal, trinexapac-etil  deve ser utilizado com muito cuidado, para se evitar efeitos tóxicos na lavoura (Embrapa, 2014).

Segundo Rodrigues et al. (2003), quanto a fase da graminea para o uso desses produtos se recomenda que ao usar CCC (Cycocel), deve-se realizar a aplicação do regulador de crescimento no estádio de primeiro nó visível conforme escala fenológica de Feeks-Large. Já quando o regulador utilizado for o Moddus (Trinexapac-etil), os autores recomendam a aplicação entre os estádios de primeiro nó de crescimento visível no colmo e o segundo nó perceptível, sendo que nesses estádios, tanto o colmo é encurtado como sua base é engrossada, conferindo, assim, maior resistência ao acamamento.

Segundo um estudo de Chavarria et al. (2015), sobre o regulador de crescimento Moddus (trinexapac-etil), comprovou que houve aumento no teor de clorofila e na relação entre raiz e parte aérea do cultivar Mirante e a produtividade dos cultivares de trigo Quartzo e Mirante. Porém, não interferiu na qualidade de grãos desses cultivares. Mostrando assim a importância dessas ferramentas de manejo para a cultura do trigo.

Sobre as autoras: Fernanda Trentin e Katiane A. Sartori acadêmicas do curso de Agronomia da UFSM, campus de Frederico Westphalen- RS, membras do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.

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