O controle de plantas daninhas é essencial para reduzir a matocompetição e interferência negativa gerada por plantas daninhas em culturas cultivadas. Tratando-se do controle de plantas daninhas dicotiledôneas em pastagens, gramíneas de inverno e demais gramíneas (Poaceae), herbicidas auxínicos são frequentemente empregados, possibilitando o controle seletivo dessas plantas daninhas, sem comprometer o desenvolvimento e/ou produtividade da cultura cultivada.

No entanto, alguns herbicidas auxínicos apresentam algumas particularidades, tais como efeito residual, que pode influenciar a cultura sucessora prejudicando seu crescimento e desenvolvimento. Ainda que conhecida essa característica, há certo receio no uso desses produtos, sendo necessário maior conhecimento técnico/científico, e planejamento do sistema de produção para que perdas econômicas não sejam desencadeadas.

O efeito residual de herbicidas auxínicos em soja foi avaliado por Timossi et al. (2020), onde os autores submeteram a soja a semeadura após a aplicação de herbicidas auxínicos. O Trabalho foi composto por diferentes fatores, onde o primeiro fator foi composto pelas porcentagens decrescentes das doses recomendadas de herbicidas (100%, 50%, 25%, 12,5%, 6,25%, 3,12% e 0,00%) sendo a maior dose (100%) equivalente a 2 L.ha-1. O segundo fator foi composto pelos herbicidas: 2,4-D, sal dimetilamina; Picloram, sal de trietanolamina + 2,4-D, sal de trietanolamina e Picloram, sal de trietanolamina. As doses de Picloram e 2,4-D foram baseadas na mistura comercial do herbicida Tordon, adequando-a para o produto DMA (2,4-D) e Padron (Picloram) no intuito de manter a mesma proporção de dosagem em g i.a.ha-1 (Timossi et al., 2020).

Dez dias após a aplicação dos herbicidas em suas respectivas doses, os autores simularam uma precipitação acumulada de 70mm visando melhor distribuição dos herbicidas no solo. Aos 11 dias após a aplicação foi realizada a semeadura da soja cultivar NS 7300 IPRO, nas densidades de 10 sementes por vaso (Timossi et al., 2020).



Conforme destacado por Timossi et al. (2020), aos 10 dias após a semeadura, os autores realizaram a avaliação do número de plantas emergidas por vaso. Variáveis com altura de planta, matéria fresca e seca também foram avaliadas ao longo do estudo.

Tabela 1. Número de plantas de soja determinadas aos 10 dias após a semeadura sob influência da aplicação de diferentes herbicidas auxínicos antecedendo a semeadura.

Fonte: Timossi et al. (2020)

Com base nos resultados obtidos pelos autores, é possível visualizar que os herbicidas Picloram + 2,4-D apresentam considerável interferência na emergência de plântulas de soja, sendo que nas doses de 6,25% de Picloram + 2,4-D já foi possível observar a maior redução na emergência das plântulas.

A combinação Picloram + 2,4-D, da menor dose até a maior dose apresentou efeito residual para a cultura. Nas doses 3,12%, 6,25%, 12,5% e 25% este herbicida afetou o desenvolvimento inicial das plantas de soja, culminando em uma densidade média entre 5,5 e 4,0 plantas por unidade experimental (vaso), enquanto nas doses 50% e 100%, limitou as plantas de soja a emergirem (Timossi et al., 2020).

Com relação aos demais herbicidas avaliados pelos autores, os resultados obtidos por Timossi et al. (2020) apontam uma elevada capacidade do herbicida Picloram em reduzir a germinação de plântulas de soja, sendo que doses iguais ou superiores a 50% da dose recomendada impedem a germinação da soja, e que a dose de 25% de Picloram já proporciona drástica redução da germinação das plântulas.

 Já com relação ao 2,4-D, os autores destacam não haver encontrado diferenças estatísticas que comprovem efeito residual do produto, fato que eles alegam poder ser resultado da simulação de precipitação realizada no experimento, uma vez que o 2,4-D possui um tempo de meia-vida considerado relativamente baixo (Timossi et al., 2020).

Tendo em vista os aspectos observados, fica o alerta quanto a utilização de Picloram e Picloram + 2,4-D em sistemas de produção onde a cultura sucessora seja uma dicotiledônea, especialmente a soja. Sendo assim, deve-se atentar para o planejamento do sistema de produção, visando não submeter a cultura da soja ao efeito residual de herbicidas auxínicos.

Confira o trabalho completo de Timossi et al. (2020) clicando aqui!


Veja também: Alelopatia do azevém – uma ferramenta interessante no manejo integrado de plantas daninhas


Referências:

TIMOSSI, P. C. et al. EFEITO RESIDUAL DE HERBICIDAS AUXÍNICOS EM SOJA. Revista Brasileira de Herbicidas vol. 19, n. 03, p. 1-7, jul.-set, 2020. Disponível em: < https://www.rbherbicidas.com.br/index.php/rbh/article/view/699 >, acesso em: 09/03/2021.

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