As cotações do trigo, em Chicago, chegaram a US$ 9,38/bushel durante a semana, refletindo o recrudescimento da guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, no dia 12, provocou um recuo nos valores, embora o mesmo tenha reduzido a safra mundial e a dos EUA. Mesmo assim, a cotação, para o primeiro mês, ficou mais elevada do que há uma semana. O fechamento desta quinta-feira (13) ficou em US$ 8,92/bushel, contra US$ 8,79 uma semana antes.

O relatório do USDA trouxe uma correção para baixo na produção de trigo estadunidense, neste ano, com a mesma ficando, agora, em 44,9 milhões de toneladas, ou seja, quase 4 milhões de toneladas a menos do que o anunciado em setembro. Já os estoques finais dos EUA, para 2022/23, recuaram para 15,7 milhões de toneladas. Com isso, o preço médio ao produtor estadunidense de trigo, em 2022/23, ficaria em US$ 9,20/bushel, ganhando 20 centavos em relação a setembro. Em termos mundiais, a produção global do cereal seria de 781,7 milhões de toneladas, com estoques finais em 267,5 milhões. A produção da Argentina ficaria em 17,5 milhões de toneladas e a do Brasil em 8,7 milhões. Mesmo assim, projeta-se uma importação brasileira de trigo em 6,4 milhões de toneladas neste novo ano comercial. Já a exportação de trigo, por parte da Argentina, foi reduzida para 12 milhões de toneladas.

Dito isso, o plantio do trigo de inverno, nos EUA, até o dia 09/10, atingia a 55% da área esperada, contra 58% na média histórica para o período. Deste total, 26% da área possuía trigo emergido, contra 32% na média histórica.

Por outro lado, na semana encerrada em 06/10, os EUA haviam embarcado 614.371 toneladas de trigo, ficando o volume dentro do esperado pelo mercado. No total do ano comercial atual, o volume exportado chegava a 9,13 milhões de toneladas, ou seja, 1% a menos do que o registrado em igual período do ano anterior.

Ao mesmo tempo, as exportações de trigo macio (conhecido também como trigo mole) da União Europeia, na temporada 2022/23 iniciada em julho, totalizaram 9,81 milhões de toneladas até o dia 09/10, contra 10 milhões na mesma semana do ano anterior. A França continua sendo o principal exportador deste trigo, com 3,61 milhões de toneladas, seguida da Romênia, com 1,44 milhão de toneladas, Alemanha com 1,1 milhão, Polônia com 905.000 e Bulgária com 881.000 toneladas. A produção francesa deste tipo de trigo chegaria a 33,7 milhões de toneladas, com um recuo de 3,6% sobre a média histórica. (Comissão Europeia)

E no Brasil, os preços do trigo melhoraram um pouco, na esteira das altas em Chicago e do encarecimento nas importações devido ao câmbio. Além disso, problemas na safra paranaense, devido ao excesso de chuvas na colheita, vem preocupando o mercado nacional. Estas chuvas estão provocando queda na qualidade do cereal colhido. Neste sentido, é provável que os moinhos paranaenses, mais uma vez, venham se abastecer com o trigo gaúcho que, por enquanto, pouco vem sofrendo com problemas climáticos, apesar das últimas chuvas.

A média gaúcha, no balcão, fechou a semana em R$ 91,28/saco, enquanto no Paraná os preços se mantiveram entre R$ 92,00 e R$ 95,00/saco.

Neste sentido, segundo a Conab, a colheita do trigo no Brasil chegava a 22,4% da área total até o dia 1º de outubro, ficando praticamente idêntica ao ocorrido na mesma época do ano passado.

Dito isso, no Paraná, conforme o Deral, a colheita chegava a 50% da área no início da presente semana, com uma área total de 1,18 milhão de hectares, ou seja, em recuo de 4% sobre o ano anterior. Cerca de 73% das lavouras a serem ainda colhidas estavam em boas condições naquele Estado. O volume total paranaense está projetado, agora, em 3,79 milhões de toneladas, ou seja, 18% acima da safra relativamente frustrada do ano passado. A produtividade média esperada é de 3.309 quilos/hectare, contra 2.632 quilos no ano anterior.

Já no Rio Grande do Sul, até o dia 06/10, cerca de 3% da área havia sido colhida, ficando a mesma dentro da média histórica para a data. Para uma área que aumentou 18,6% sobre o ano passado, atingindo a 1,46 milhão de hectares, espera-se uma produção total de 4,68 milhões de toneladas (32% acima da parcialmente frustrada safra passada) a partir de uma produtividade média revista para 3.210 quilos/hectare (53,5 sacos/hectare).

Em tal contexto, o Rio Grande do Sul irá ultrapassar o Paraná, se tornando momentaneamente o maior produtor de trigo do país. Por outro lado, a safra total brasileira será recorde, porém, menor do que os mais otimistas esperavam (chegavam a indicar 11 milhões de toneladas), devendo atingir a 9,5 milhões de toneladas, sendo que em algumas regiões haverá problemas de qualidade no produto.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



 

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