Sempre que se fala em agronegócio em SC, aparecem duas facetas da atividade. A primeira que somos referência em eficiência nacional, pela diversificação de culturas em pequenas propriedades e pela excelência de um cooperativismo integrado. A outra face refere-se aos excelentes resultados agregadores de renda através da estrutura agroindustrial. Também está sendo modelo positivo, mas que enfrenta dificuldades atuais e que pode se agravar no futuro, devido à insuficiência de oferta de matéria-prima para produção de ração e, consequentemente, de proteína animal. O milho, principal insumo para ração é pouco, diante de nossa demanda. A importação de outros estados fica cara e compromete a competitividade nos custos de produção das carnes.
Temos alternativas? Sim, pelo menos em parte. Plantar mais cereais de inverno para produzir ração. O assunto não é novo, mas sem resultados práticos por enquanto. Agora a secretaria da Agricultura do Estado apresenta uma proposta prática para estimular essa atividade de inverno. Vai subsidiar parte dos custos da semente, para estimular o agricultor a plantar trigo ou triticale para a fabricação de ração. Há quem questione a intenção dedicar atenção para produzir um grão tão nobre como o trigo para produzir ração. Precisa ficar claro que não existe nenhuma intenção de desviar o trigo de farinha para produção de ração. O que já é tradicional na produção deve continuar.
O que se pretende com o novo programa é estimular a utilização das áreas ociosas com essa cultura para também agregar renda ao agricultor e reduzir nossa dependência de milho procedentes de outros estados, mantendo a competitividade nas nossas agroindústrias. Todos nós sabemos que somos importadores também de trigo, e isso deve continuar em nível nacional. O que precisamos é encontrar saídas para não desestruturarmos a atual cadeia agroindustrial de suínos, aves e gado de leite e corte. Temos muitas áreas ociosas que devem ser mais bem aproveitadas no inverno. Plantar cereais nessa estação é uma boa opção. A iniciativa do secretário Altair Silva deve ser valorizada e não criticada.
O projeto inicial de 20 mil hectares neste ano serve para desenvolver o modus operandi do novo programa. É pouco, mas serve para medir sua eficiência. Portanto, é importante que lideranças dos agricultores estimulem o programa, afinal, ninguém nasce grande. Começar com 10 hectare por agricultor é um bom motivo para um teste e resultados. O incentivo do governo do Estado é de até R$ 250,00 por hectare, valor que não deve ser desprezado por ninguém. Entretanto, precisa ficar claro que se trata de um programa que implica em venda futura dos grãos, isto é, venda antes de plantar, portanto, todas as pontas da cadeia precisam estar ligadas, senão não avançará. Agricultores, cooperativas, agroindústrias e governo precisam estar acordados e atados nesse negócio. Só assim terá sucesso. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro