As cotações do milho, em Chicago, para o primeiro mês cotado, se mantiveram estáveis nesta semana, com leve viés de alta. O fechamento desta quinta-feira (16) ficou em US$ 5,91/bushel, contra US$ 5,88 uma semana antes.
Nos EUA, os embarques de milho, na semana encerrada em 09/12, atingiram a 810.395 toneladas, ficando um pouco acima do patamar inferior esperado pelo mercado. No total do atual ano comercial os EUA exportaram 12,1 milhões de toneladas do cereal, sendo este volume 16% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
Ao mesmo tempo, na Argentina, conforme o Ministério da Agricultura local, o plantio da nova safra de milho chegou a 62% da área total esperada, no início da presente semana. Apesar de problemas com a estiagem, os argentinos ainda esperam semear 10,1 milhões de hectares, ou seja, 4,1% acima do plantado no ano anterior. Por enquanto, a estiagem atinge bolsões específicos no vizinho país, porém, os produtores locais se prepararam para isso, atrasando boa parte do plantio para dezembro.
Com isso, espera-se uma produção normal, com exportações recordes em 2021/22. A Argentina exporta cerca de 70% de sua produção anual de milho. O cereal semeado prematuro na Argentina é colhido de março a abril, enquanto a colheita das safras de plantio tardio vai até julho. Por sua vez, até novembro os exportadores compraram 10,8 milhões de toneladas de milho, da nova safra, dos agricultores argentinos no mercado a termo. Os principais importadores de milho argentino incluem Vietnã, Egito e Argélia.
E no Brasil, os preços ficaram estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana em R$ 81,66/saco. Na mesma época do ano passado o saco de milho, ao produtor gaúcho, registrava a média de R$ 73,82/saco. Enquanto isso, nas demais praças os preços oscilaram entre R$ 65,00 e R$ 85,00/saco, contra R$ 62,00 e R$ 74,00/saco um ano antes. Já na B3, o vencimento janeiro/22 iniciou a quint-feira (16) em R$ 91,39/saco, março em R$ 93,74, maio em R$ 89,80, e julho em R$ 85,40/saco.
Neste momento, o viés é de alta no mercado nacional do milho diante da seca que se abate no sul do país, com o Rio Grande do Sul já registrando perdas entre 70% e 100% de sua safra, dependendo da região. Este problema já avança para Santa Catarina e Paraná, incluindo sul do Mato Grosso do Sul e partes de São Paulo.
Neste contexto, dificilmente a produção nacional de milho de verão atinja a 28 milhões de toneladas, causando um novo aperto na oferta do produto, com aumento nos preços das rações.
Quanto às exportações, nos primeiros oito dias úteis de dezembro o Brasil exportou 1,2 milhão de toneladas de milho. Com isso, o volume acumulado no mês representa 23,8% do total exportado em todo o mês de dezembro de 2020. A média diária de embarques ficou em 144.581 toneladas, representando uma redução de 34,5% emrelação ao mês de dezembro do ano passado. O preço da tonelada registra elevação de 26,4% sobre o mesmo período do ano passado, evoluindo de US$ 190,90 para os atuais US$ 241,20. De janeiro a novembro o Brasil exportou 17 milhões de toneladas, ou seja, 42,5% abaixo do exportado no mesmo período do ano passado.
Enquanto isso, em termos de importação o Brasil comprou no exterior um total de 147.618 toneladas do cereal nos oito primeiros dias úteis de dezembro. Isso representa 60% de tudo o que foi importado em dezembro de 2020. A média diária de importação ficou em 18.452 toneladas, contra 11.201 do mesmo mês do ano passado, com aumento de 64,7%. Em termos de preços, a tonelada importada de milho custa, hoje, 53,9% mais caro do que um ano atrás.
Está entrando bastante milho da Argentina e do Paraguai, além de outras origens, sendo que neste último caso graças as isenções de taxas que o governo brasileiro vem praticando. Neste momento, desde janeiro do corrente ano, o Brasil já importou quase 3 milhões de toneladas do cereal, ou seja, 145% acima do importado no ano passado na mesma época.
Enfim, vale ainda destacar que o Mato Grosso estima uma produção total de milho perto de 40 milhões de toneladas, o que seria um recorde histórico. O consumo será de 12,1 milhões de toneladas dentro do Estado, 3,4 milhões de toneladas destinadas para o consumo interestadual e outras 24,2 milhões de toneladas projetadas para as exportações, volume que seria o maior já registrado no Mato Grosso. (cf. Imea) Já no Paraná, a safra de milho verão registrava 43% da área em floração e 30% em frutificação. Climaticamente as mesmas estão em seu período crítico neste momento. No início da presente semana, 77% das lavouras ainda estavam em boas condições, 20% regulares e 3% ruins.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).