O objetivo foi avaliar os efeitos de diferentes manejos do solo em cobertura do solo e massa residual na superfície após a colheita da soja.
Autores: Vanessa Dias Rezende Trindade1, Élcio Hiroyoshi Yano2, Hermano José Ribeiro Henriques3, Gláucia Luciane Cham Menezes Cândido de Paula4, Fábio Luiz Capel Marques5
Resumo
O manejo do solo por operações convencionais e conservacionistas influenciam no sucesso da lavoura. O objetivo foi avaliar os efeitos de diferentes manejos do solo em cobertura do solo e massa residual na superfície após a colheita da soja. O experimento foi instalado na FEPE, da FE de Ilha Solteira-UNESP, em Selvíria-MS. O delineamento estatístico foi de blocos ao acaso do tipo fatorial com cinco manejos do solo (cultivo mínimo perpendicular à direção de semeadura (ESC Cruzado); CM no sentido da semeadura e perpendicular (ESC Linha/ESC Cruzado); CM no sentido da semeadura (ESC Linha); preparo reduzido (PR) com grade média no sentido da soja e seguida da intersecção com CM no sentido contrário (GM/ESC Cruzado); CM e PR na mesma orientação da cultura (GM/ESC Linha)) e dois mecanismos sulcadores (haste e disco), com 4 repetições. Não houve diferença estatística entre mecanismos para porcentagem de cobertura e quantidade de massa residual, porém, os manejos de solo adotados anteriormente à semeadura por GM/ESC Linha, GM/ESC Cruzado e ESC Linha, apresentaram maior cobertura, sendo que a massa residual presente superfície está diretamente relacionada à porcentagem de cobertura, pela menor ação de corte e revolvimento da massa pelos sulcadores no mesmo sentido da semeadura.
Palavras-chave: colheita, cultivo mínimo, palhada
Introdução
O planejamento das operações agrícolas para instalação de uma lavoura pode ser um diferencial no estabelecimento da cultura em que as operações de preparo do solo e alternância de implementos e sentidos de operação podem ter grande influência nas características produtivas das plantas apresentarão posteriormente, principalmente nas fases fenológicas de maior necessidade hídrica. O sentido das operações de manejo do solo interfere diretamente na qualidade de semeadura Levien et al (2011), o preparo do solo, definido como a manipulação do solo afim de proporcionar condições de germinação, emergência e o estabelecimento das plântulas, afim de minimizar os impactos negativo pelos processos erosivos sendo executadas em nível. Métodos como preparo reduzido do solo, semeadura direta e escarificação esporádica em áreas de lavoura vêm sendo adotados em substituição aos preparos convencionais, no intuito de mitigar problemas de degradação do solo (MAZURANA, et al 2011).
O uso de plantas de cobertura tem sido uma alternativa para aumentar a sustentabilidade dos sistemas integrados de produção agrícolas, principalmente com a adoção do sistema plantio direto em que a manutenção da palhada pelo sistema conservacionista tem proporcionado diversos benefícios nas condições edáficas ao solo e aos microrganismos, uma vez que diminui a amplitude térmica, mantendo temperatura suficiente para o desenvolvimento da biota, além de proteger contra o impacto das gotas de chuva, promover maior retenção de umidade, controlar plantas daninhas e participar da reciclagem de nutrientes por meio da mineralização (AGROSB, 2014), porem o seu período de permanência na superfície do solo vai depender das características da palha, principalmente a relação C/N, em que as condições de umidade e temperaturas elevadas em regiões tropicais resultam numa rápida decomposição desta palha. Este trabalho teve objetivo de avaliar os efeitos que diferentes sentidos operacionais do preparo do solo quanto à cobertura após a colheita da soja.
Material e Métodos
Este experimento foi realizado na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) pertencente à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, em Selvíria- MS. De acordo com as normas de classificação da Embrapa (2013), o solo foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico textura argilosa. O delineamento estatístico foi em blocos ao acaso em esquema fatorial 5×2, sendo cinco manejos do solo e dois mecanismos sulcadores, com 4 repetições, constituído pelos seguintes tratamentos: Escarificação no sentido perpendicular à semeadura da soja (ESC-Cruzado); Escarificação na mesma orientação da soja (ESC-Linha); Escarificação duas passadas sendo uma no sentido perpendicular ao declive seguida de outra passada na orientação oposta (ESC-Linha/ESCCruzado); Preparo reduzido com grade media na mesma orientação da semeadura da cultura, seguida do cruzamento perpendicular com escarificador (GM/ESC-Cruzado) e preparo reduzido com grade media seguida da escarificação na mesma orientação da semeadura da soja (GM/ESC-Linha), semeado uma semeadora-adubadora de precisão pneumática de plantio direto, da marca Marchesan, modelo Suprema Ultra flex de 7 linhas de espaçadas de 0,45 m, regulada para distribuir aproximadamente 150,0 kg/ha do fertilizante 08-28-16 e 355.552 sementes ha-1, cultivar de soja BMX Potencia, contendo dois tipos de mecanismos sulcadores (haste e disco duplo desencontrado e defasado), acoplado na barra de tração do trator John Deere, modelo 6110-J.
A metodologia utilizada quantificada a quantidade de matéria seca (MS) de palha sobre a superfície do solo após a colheita da soja foi a de Chaila (1986), que consiste na retirada da massa presente em um quadro com dimensões de 1,0 x 1,0 m, disposto em três pontos na diagonal de cada parcela. A amostrou-se uma massa de aproximadamente 0,350 kg que foram homogeneizadas e secadas em estufa de circulação forçada, à 65°C, por 72 horas, até obtenção de massa constante. A porcentagem de cobertura do solo foi avaliada pelo método da linha transversal descrito por Laflen et al. (1981). Os resultados foram processados pelo programa computacional SISVAR ® (FERREIRA, 2000), e submetidos às análises de variância pelo teste F e comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
A porcentagem de cobertura do solo e quantidade de resíduo após colheita da soja diferenciaram estatisticamente entre os manejos do solo (Tabela 1), diferindo de NARIMATSU (2008) que não encontrou distinção na quantidade de palhada entre preparo
convencional, cultivo mínimo e plantio direto. Os mecanismos sulcadores não exerceram influência sobre a manutenção da cobertura e massa de resíduo presente superfície do solo, podendo o picador da colhedora automotriz ter distribuído uniformemente a palhada da cultura.
A menor porcentagem de cobertura do solo pelo cultivo mínimo cruzado em duas direções pode estar diretamente relacionada com a reduzida quantidade de massa produzida pela cultura de soja e permanência da massa proveniente de operações anteriores, em que o preparo reduzido apresenta maior revolvimento e incorporação da massa ao solo e consequentemente acelerar a atividade microbiana de decomposição da massa e mineralização palhada. Os cultivos mínimos independentemente das direções da operação apresentaram maiores quantidades de resíduos sobre a superfície sendo em média 29,64% superiores aos preparos reduzidos.
Trindade et al (2017) constataram que independentemente da direção da escarificação ser no mesmo sentido da semeadura e/ou perpendicular a porcentagem de cobertura sobre superfície diferenciaram dos demais manejos do solo em razão do número de trafego e ação dos discos da grade media serem recortados nas duas secções e relação de massa por disco serem superior a 100,0 kg/disco e diâmetro de 26 polegadas promover o corte, elevação e inversão da leiva pela dupla ação dos discos promover o maior destorroamento, ter influenciado nesta redução da quantidade de massa presente na superfície do solo. Apesar de haver pouca diferença estatística entre os mecanismos sulcadores disco manteve maior cobertura em relação à haste, porém a quantidade de resíduo após a colheita da soja foi superior quando semeado com haste.
Ao se realizar o desdobramento da interação significativa entre manejos do solo e mecanismos sulcadores (Tabela 2), em que a semeadura com disco sobre cultivo mínimo na linha de semeadura apresentou maior quantidade de palhada na área comparado a semeadura com haste sulcadora e as demais operações de preparo do solo, em que redução do número de operações contribui para que a palhada permaneça na superfície do solo, beneficie no desenvolvimento das plantas, por meio da maior da retenção de umidade, favorecendo assim a atividade dos microrganismos pela menor amplitude térmica, além de reduzir as ocorrência de erosão provenientes do impacto das gotas de chuva.
Pacheco et al (2017), concluíram que culturas anuais e plantas de cobertura do solo semeadas segunda safra deverão conter maiores proporções de massa de haste do que folha em sua composição de biomassa afim de minimizar a decomposição, em sistema de sucessão de culturas para implantação do sistema plantio direto.
Tabela 1. Valores médios de porcentagem de cobertura do solo e massa residual presente na superfície do solo após a colheita da soja, submetido a cinco manejos de solo e dois mecanismos sulcadores.
Tabela 2. Desdobramento da interação manejos do solo e mecanismos sulcadores para resíduo após a colheita (kg/ha).
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Conclusões
A orientação do sentido operacional dos preparos de solo interferiu na porcentagem de cobertura do solo e a quantidade de resíduo de massa produzida pela cultura de soja em razão da menor mobilização do cultivo mínimo proporcionou efeito acumulativo de massa sobre a superfície do solo.
Referências
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Informações dos autores
1Graduanda em Engenharia Agronômica, Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FE/UNESP-Ilha Solteira;
2Engenheiro Agrônomo, Prof. Assistente Doutor, FE/UNESP-Ilha Solteira;
3Engenheiro agrônomo, Mestrando na FE/UNESP-Ilha Solteira;
4Engenheira agrônoma, Mestranda na FE/UNESP-Ilha Solteira;
5Graduando em Engenharia Agronômica, FE/UNESP-Ilha Solteira.
Disponível em: Anais do XLVII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola,2018. Brasilia, DF.