Assim como os macronutrientes, os micronutrientes são fundamentais no crescimento e desenvolvimento de uma planta, o que os difere são as quantidades requeridas. O Silício (Si) é um dos micronutrientes com papel fundamental no funcionamento da planta, segundo TAIZ et. al, (2017), o elemento é depositado como sílica amorfa nas paredes celulares, contribuindo em propriedades mecânicas das paredes celulares e conferindo maior rigidez e elasticidades à célula.
Conforme observado por MOREIRA et. al, (2010), no trabalho intitulado “Resposta da cultura da soja a aplicação de silício foliar”, a utilização de Silício via foliar pode promover o aumento da produtividade da cultura da soja, além de afetar o acúmulo de massa da parte aérea das plantas. Os autores avaliaram a interferência do Silício sob diferentes estádios de aplicação em soja, sendo que o tratamento 1 (T1), não continha aplicação de Silício, o tratamento 2 (T2) compreendia uma aplicação de Silício em V8, o tratamento 3 (T3) duas aplicação de Silício (V8 e R1) e o tratamento 4 (T4) com três aplicações (V8; R1 e R5.1). Para a pulverização, os autores utilizaram um produto comercial formulado contendo 15% de K2O e 10% de Si, sendo utilizado o volume de produto de 500mL.ha-1 e volume de calda de 400 L.ha-1 em cada aplicação.
Conforme observado pelos autores, quando realizada três aplicações foliares de Silício, (T4) incrementos significativos foram observados na produtividade da soja.
Figura 1. Valores de produtividade de plantas de soja variedade cultivada DB BRS FAVORITA RR nos tratamentos com Silício [T1- sem aplicação; T2- uma aplicação (V8), T3- duas aplicações (V8 e R1), T4- três aplicações (V8; R1 e R5.1)], ao longo do ciclo de desenvolvimento. UNIPAM, Patos de Minas, MG, 2008.
MOREIRA et. al, (2010) destacam que os efeitos fisiológicos trazidos pela utilização do Silício acarretaram no incremento de produtividade de soja na ordem de 19 sc.ha-1, o que demonstra o potencial de contribuição do micronutriente para a produtividade da soja.
Além disso, o incremento de produtividade em decorrência da utilização do Silício também foi observada por BUSSOLARO et. al, (2011) onde os autores avaliando diferentes doses de produto formulado (24,13% de K2O e 9,02% de Si) para a pulverização na soja e observaram que a máxima eficiência técnica é alcançada quando utilizada a dose de 0,96 L.ha-1.
Figura 2. Produtividade da soja em relação às diferentes doses de silício.
Além disso, os autores observaram que a utilização do Silício confere a soja maior resistência ao ataque de percevejos. O silício pode estimular o crescimento e a produção vegetal por uma série de ações como maior rigidez estrutural da planta protegendo-a assim de fatores abióticos diminuindo a incidência de pragas e doenças, fatores estes que contribuíram para o aumento da produtividade da cultura da soja BUSSOLARO et. al, (2011).
Conforme observado por BUSSOLARO et. al, (2011), o aumento da dose de Silício proporcionou a diminuição do número de picadas de percevejo em vagens de soja (figura 3), mostrando-se uma interessante ferramenta para o manejo da praga.
Figura 3. Número de picadas por vagem de soja em relação às doses de silício.
Ao longo do experimento os autores realizaram o monitoramento com panos de batidas na fase vegetativa (V4) e reprodutivas (R2) e (R5), para vrerificar a presença de percevejos, onde identificou se, percevejo marrom (Euchistus heros), barriga verde (Dichelops furcatus), verde pequeno (Piezodorus guildinii) e Edessa (Edessa meditabunda).
Cabe destacar que a utilização de Silício não substitui o uso de inseticidas e nem o manejo integrado das pragas, mas que em alguns casos pode ser utilizado como uma ferramenta complementar para o aumento da produtividade da soja e conferir maior resistência da cultura ao ataque dos percevejos.
Veja também: Quantos dias vive um percevejo?
Referências:
BUSSOLARO, I. et. al. APLICAÇÃO DE SILÍCIO NO CONTROLE DE PERCEVEJOS E PRODUTIVIDADE DA SOJA. Cascavel, v.4, n.3, p.9-19, 2011.
MOREIRA, A. R. et. al. RESPOSTA DA CULTURA DA SOJA A APLICAÇÃO DE SILÍCIO FOLIAR. Biosci. J., Uberlândia, v. 26, n. 3, p. 413-423, 2010. Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/7122>, acesso em: 15/07/2020.
TAIZ, L. et. al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed.6, Porto Alegre, 2017.