Embora não seja o centro das atenções, o Silício (Si) é um nutriente importante para as plantas. Há diversos relatos de respostas produtivas da adição de silício em culturas agrícolas, especialmente no arroz. Contudo, embora não seja o foco do manejo contendo esse nutriente, o Silício traz outras vantagens, atuando beneficamente no manejo fitossanitário das culturas. O nutriente é considerado um indutor de resistência em plantas.  O Silício atua na planta, aumentando a rigidez do tecido, promovendo barreira mecânica, contribuindo significativamente na redução dos danos ocasionados por pragas e doenças (Cavidanes et al., 2013).

O Silício é absorvido pelas raízes das plantas na forma de ácido monosilícico (H4SiO4) e é translocado através da planta, até ser depositado e precipitado em seus espaços intercelulares. Ao formar estruturas sólidas nos tecidos da planta (fitólitos), o Silício confere um reforço importante às paredes celulares. Além desse reforço mecânico, sabe-se que o Silício pode atuar estimulando as defesas da planta, conferindo a ela maior resistência a estresses bióticos (IPNI).

Figura 1. Sintomas de brusone em folha de arroz com (acima) ou sem (abaixo) adição de Silício.
Sintomas de brusone em folha de arroz com (acima) ou sem (abaixo) adição de Silício.
Fonte: APS, apud. IPNI

Avaliando o uso dos indutores de resistência (Fosfito e Silício) para o controle da mancha-alvo (Corynespora cassiicola) na cultura da soja, Monteiro et al. (2019) observaram que esses indutores contribuem para o manejo da doença em soja, reduzindo a incidência da mancha-alvo, principalmente quando associados a fungicidas, demonstrando que o Silício pode ser uma importante ferramenta no manejo fitossanitário da soja.

Figura 2. Parte de baixo das plantas de soja, ambas em estágio R4, tratadas com fosfito e silício (A) e testemunha (B).
Parte de baixo das plantas de soja, ambas em estágio R4, tratadas com fosfito e silício (A) e testemunha (B).
Fonte: Monteiro et al. (2019)

Felizmente, o Silício é um dos nutrientes mais abundantes no solo. O Silício é considerado um dos principais constituintes dos argilo-minerais no processo de formação dos solos. Os solos brasileiros, devido ao alto grau de intemperismo, apresentam em média cerca de 5 a 40% de Silício em suas composições. Contudo, em função do acelerado grau de intemperismo dos solos tropicais, o Silício encontra-se, basicamente, na forma de opala e quartzo. Estudos realizados demonstram que solos mais jovens apresentam maiores teores do elemento; já aqueles mais intemperizados, como os Latossolos, apresentam os teores em menores concentrações (Menegale et al., 2015).



Embora não seja muito comum em função da disponibilidade do nutriente no solo, as plantas podem expressar sintomas de deficiência de Silício. Os principais sintomas incluem efeitos secundários como o aumento de doenças ou danos causados por pragas nas plantas, falta de força no caule e/ou sintomas de estresse abiótico como sardas nas folhas (IPNI).

Figura 3. Sintomas de baixo Silício em cana-de-açúcar.
Sintomas de baixo Silício em cana-de-açúcar.
Foto: M. K. Schon, apud. IPNI

Na adubação, a fonte mais comum de Silício utilizada é o silicato de Cálcio (CaSiO3). Além de atuar como fonte de nutrientes, os silicatos são conhecidos por exercer influência sobre o pH do solo. Tiecher (2016) destaca que, a aplicação de silicatos nos solos também resulta na elevação do pH, tal como ocorre com o calcário. Assim, quando aplicado silicato de Ca e Mg há também a liberação destes cátions que são nutrientes para as plantas. Como amenizantes da toxidez de metais, os silicatos promovem os mesmos efeitos provenientes da elevação do pH, mas também outros resultantes da adição do íon silício (Si) ao solo, logo, a adubação dos solos com silicatos deve seguir alguma cuidados.

Vale destacar que, para as plantas, o Silício é um elemento benéfico que está ligado ao aumento da tolerância a estresses, dentre os quais a toxidez de metais pesados. Sua presença em maiores concentrações influencia a absorção e translocação, tanto de macro como de micronutrientes, podendo limitar o efeito prejudicial do excesso de metais pesados para as plantas (Tiecher et al., 2016).

Sendo assim, pode-se dizer que o Silício traz significativas contribuições para as plantas, atuando de forma benéfica na indução de resistência a fatores bióticos e abióticos, além de promover a melhoria de atributos químicos do solo, beneficiando o crescimento e desenvolvimento vegetal.


Veja mais: Silício como alternativa complementar no aumento da produtividade e manejo de percevejos em soja?


Banner sobre a assinatura Mais Soja, onde aparecem s pesquisadores e a frase "Os melhores cursos do Agro em um único plano"


Referências:

CAVIDANES, T. M. S. et al. SILÍCIO COMO INDUTOR DE RESISTÊNCIA A Diatraea saccharalis (Fabricius) NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR. VII Workshop Agroenergia, 2013. Disponível em: < http://www.infobibos.com.br/Agroenergia/CD_2013/Resumos/ResumoAgroenergia_2013_057.pdf >, acesso em: 23/02/2024.

IPNI. SILÍCIO. Nutri-Fatos: Informação Agronômica Sobre Nutrientes para as Plantas. Disponível em: < https://www.npct.com.br/publication/nutrifacts-brasil.nsf/book/NUTRIFACTS-BRASIL-14/$FILE/NutriFacts-BRASIL-14.pdf >, acesso em: 23/02/2024.

MENEGALE, M. L. C. et al. SILÍCIO: INTERAÇÃO COM O SISTEMA SOLO-PLANTA. Journal of Agronomic Sciences, Umuarama, v.4, n. especial, p.435-454, 2015. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1025188/silicio-interacao-com-o-sistema-solo-planta#:~:text=Apesar%20de%20sua%20elevada%20concentra%C3%A7%C3%A3o,fisiol%C3%B3gicos%20do%20ciclo%20dos%20vegetais. >, acesso em: 23/02/2024.

MONTEIRO, L. F. S. et al. INDUTORES DE RESISTÊNCIA PARA CONTROLE DE MANCHA ALVO NA CULTURA DA SOJA. Science and Technology Innovation in Agronomy, Bebedouro, v.3, n.1, p. 115-133, dez. 2019. Disponível em: < https://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistastia/sumario/59/05022020161758.pdf >, acesso em: 23/02/2024.

TIECHER, T. MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS NO SUL DO BRASIL: PRÁTICAS ALTERNATIVAS DE MANEJO VISANDO A CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA. UFRGS, 2016. Disponível em: < https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/149123/001005239.pdf?sequence=1 >, acesso em: 23/02/2024.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.