Um dos sistemas de cultivo mais utilizados na produção de grãos baseia-se na sucessão entre soja e milho segunda safra (milho safrinha), ambas culturas anuais de verão. Esse modelo de cultivo permite o maior aproveitamento da terra, possibilitando cultivar mais de uma cultura no período do verão, em regiões onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento do milho segunda safra.

Com a advento do sistema plantio direto (SPD), e da ampla aceitação desse sistema de produção pelos benefícios proporcionados, o cultivo de plantas que possibilitem a boa cobertura do solo com palhada residual tem sido essencial para a manutenção da qualidade do sistema plantio direto. Tendo em vista a necessidade de cultivar o solo, tanto nos período de safra quando entressafra das principais culturas agrícolas, o planejamento do sistema de produção e das culturas que o compõem é fundamental para assegurar a sustentabilidade do sistema de produção.

Além de contribuir com a palhada residual para a redução das erosões superficiais, algumas culturas quando inseridas no sistema de cultivo, na modalidade de rotação de culturas, possibilitam inclusive a melhoria de atribuídos biológicos, químicos e físicos do solo.  Embora em muitas regiões de cultivo, a sucessão soja e milho segunda safra seja um dos modelos de produção mais seguidos, resultados de pesquisa demonstram que não necessariamente esse é o modelo de produção mais produtivo, com relação a produtividade da soja (cultura carro chefe de muitas propriedades agrícolas).



Com o objetivo de apresentar e discutir o desempenho agronômico e econômico de diferentes modelos de produção de grãos no norte do Paraná, Debiesi et al. (2017), observaram que dentre os modelos de produção analisados, o modelo de cultivo tendo como base o cultivo do milho segunda safra (MS) e a soja, foi o modelo que apresentou menor produtividade da soja, na maioria dos anos avaliados, ficando ainda, com o menor valor acumulado de produtividade da soja durante as 3 safras avaliadas pelos autores.

Durante o período analisado por Debisi et al. (2017), nota-se que os modelos de cultivo contendo braquiária (Ruz) (Urochloa ruziziensis), seguida pela soja, assim como o consórcio entre o milho segunda safra (MS) e a braquiária (Ruz), seguido pela soja, demonstraram produtividades superiores á tradicional sucessão soja/milho segunda safra.

Com exceção da primeira safra avaliada (2012/13), cuja produtividade do sistema de produção soja/milho foi similar ao consórcio MS+Ruz/Soja, nas demais safras analisadas (2013/14; 2014/15), a produtividade observada em soja foi inferior aos demais modelos de produção no sistema MS/Soja, demonstrando que do ponto de vista da produtividade, esse pode não ser o melhor modelo de produção empregado.

Figura 1. Produtividade da soja em diferentes modelos de produção, safra 2013/14 (2ª safra do 1º ciclo de rotação no outono/inverno). Embrapa Soja/Cocamar, Floresta, PR, 2014.

*Valores de produtividade apresentados em sacas por alqueire Fonte: Debiasi et al. (2017)

Figura 2. Produtividade da soja em diferentes modelos de produção, safra 2014/15 (3ª safra do 1º ciclo de rotação no outono/inverno). Embrapa Soja/Cocamar, Floresta, PR, 2015.

*Valores de produtividade apresentados em sacas por alqueire Fonte: Debiasi et al. (2017)

Embora a definição das culturas que irão compor o sistema de produção possa variar em função da disponibilidade de insumos, sementes e aptidão agrícola variando de região para região, com base nos resultados obtidos no estudo desenvolvimento por Debiasi e colaboradores (2017), fica evidente que o sistema soja/milho segunda safra pode não ser a modalidade de cultivo mais atrativa visando boas produtividades de soja.

Em geral, os resultados obtidos nas três primeiras safras de condução do experimento, correspondentes ao 1º ciclo das rotações no outono/inverno, mostraram que a produtividade da soja respondeu de forma positiva e consistente à inclusão da braquiária solteira ou consorciada ao milho no outono/inverno (Debiasi et al., 2017). Logo, definir o esquema de rotação de culturas que irão compor o sistema de produção, pode ser uma das ferramentas para aumentar a produtividade da soja.


Veja mais: Plantas de cobertura como aliadas no manejo de plantas daninhas



Referências:

DEBIASI, H. et al. ALTERNATIVAS PARA DIVERSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO ENVOLVENDO SOJA NO NORTE DO PARANÁ. Embrapa, Documentos, n. 398, 2017. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1086382/alternativas-para-diversificacao-de-sistemas-de-producao-envolvendo-a-soja-no-norte-do-parana >, acesso em: 13/03/2023.

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